O PSOL não precisava escolher entre os dois bandos de delinqüentes da base governista

Votação da presidência da Câmara e do Senado | CST

Mais uma vez, em Brasília, o novo ano começou com o deplorável espetáculo dos conchavos para a eleição dos presidentes e das mesas da Câmara e do Senado.

Nada mais afastado das necessidades do povo brasileiro! Longas negociações, parlamentares "trabalhando" até aos domingos. Não para discutir propostas frente ao desemprego que se alastra pelo país, ou sobre os cortes nos orçamentos da saúde e da educação, ou outras das tantas tragédias que se agravam em meio à crise econômica.

Os "nobres" parlamentares se reuniram para articular, mais uma vez, o que tão bem sabem fazer: disputar entre eles pela distribuição do butim. Desta feita, está em jogo a pilhagem por meio da distribuição dos cargos e mordomias das presidências da Câmara (segundo cargo na linha de sucessão presidencial depois do vice, José Alencar) e do Senado (terceiro cargo, nesta linha). Fundamentalmente, significam dinheiro e poder, dois objetivos pelo qual a absoluta maioria dos políticos vai com farta sede ao pote.

Numa completa farsa, simulando serem opositores, se "confrontaram" no processo eleitoral do Congresso Nacional cinco candidaturas governistas. Duas no Senado: Tião Viana do partido do Presidente Lula e José Sarney, do PMDB, aliado fundamental do governo. Na Câmara, as falsas alternativas foram entre Michel Temer, do mesmo partido de Sarney; Aldo Rebelo, do governista PCdoB e Ciro Nogueira, do PP, também parte da base aliada. Procurando muito, talvez a única diferença encontrada, entre todos eles, seja o calibre das armas que utilizam no assalto sistemático aos cofres públicos.

Com o triunfo de Sarney ou de Tião Viana, Lula ganharia. Se, na Câmara, fosse vencedor Aldo Rebelo, no lugar de Michel Temer, ou Ciro Nogueira, Lula não perderia. Em que pese a ter preferências, Lula não perderia com o triunfo de nenhum deles, pois, todos têm sido fiéis militantes da base aliada, apoiadores dos ataques ao povo brasileiro e cúmplices na entrega da nação aos interesses das multinacionais e ao sistema financeiro internacional. Isso é o que conta.

Infelizmente, para os parlamentares do PSOL não foi isso o que contou. E buscando talvez serem "realistas" ou achando que estavam realizando uma genial manobra "tática" decidiram não esclarecer ao povo brasileiro sobre a farsa montada no Congresso Nacional.

Nosso partido, infelizmente, votou em candidatos alinhados a Lula. Na Câmara, ficou com Aldo Rebelo, do PCdoB; no Senado, votou em Tião Viana. Tais votações contradizem as ações do PSOL no parlamento e nos movimentos sociais. Contradizem até mesmo a nota da Câmara intitulada "Sobre a posição da bancada do PSOL na eleição da Câmara dos Deputados".

Com essa votação, como é possivel manter a independência e combatividade? Como é possivel apoiar aos lacaios de Lula e seguir na oposição programática a seu Governo? A direção majoritária do PSOL encaminhou o contrário do que diz em sua posição pública. A atual direção jogou fora o capital político que a militância psolista acumula a duras penas. Misturou o PSOL nas candidaturas do sujo balcão de negócios dos mensaleiros e sanguessugas.

A votação dos parlamentares do PSOL causa indignação nos militantes, pois dilui a radicalidade do Partido. Possivelmente, surjam vozes no Partido defendendo que isso é "fazer política concreta", que não votar neles é "propagandismo". Respondemos que, de fato, a bancada fez a política concreta, mas a dos partidos da burguesia e do governo. O melhor expoente da tal "política concreta" é o PCdoB, excrescência estalinista, que sobrevive se acomodando com "políticas concretas" a todo tipo de governo com o único objetivo de ocupar cargos, seja com Lula, Sarney, Collor, com Sergio Cabral, com os Tucanos, etc.

Nem Aldo, nem Tião se aproximam das "expectativas" do PSOL! Nem Aldo, nem Tião representam qualquer mínimo vestígio de oposição às movimentações do Palácio do Planalto e o oportunismo da velha direita!. Aldo e Tião são representantes ativos do governo Lula! São a nova direita que governa o país! São irmãos siameses dos tucanos e democratas! São membros de partidos vendidos ao capital! Pertencem a partidos que traem os trabalhadores e a luta da juventude na CUT, na CTB e na UNE! Eles não merecem o voto do PSOL! Não merecem a confiança da abnegada militância psolista! São nossos inimigos de classe! Devem ser combatidos implacavelmente!

Lula não tem oposição nas candidaturas que se apresentaram no Congresso. O PSOL, por sua história e programa é o ÚNICO partido capaz de ser uma real oposição, pois tem nas suas bases fundacionais um projeto alternativo, tanto no terreno econômico, quanto no terreno político. Infelizmente, a bancada, sem nenhuma consulta ao partido, desperdiçou uma oportunidade para se apresentar como o que deve ser: uma força independente, capaz de se apresentar com face própria, como a única alternativa, e não como coadjuvante nessa casa de bandidos, delinqüentes, fraudadores e exploradores, que, sem vergonha, habitam os podres poderes do país.

Fevereiro de 2009

Babá – Silvia Santos (Executiva Nacional do PSOL – CST Corrente Socialista dos Trabalhadores/Corrente Interna do PSOL)