Transformar a greve dos servidores em polo de lutas e enfrentamento ao Governo Dilma

Unificar, massificar e radicalizar a greve | CST-PSOL

Passados dois meses e meio da greve dos servidores públicos federais, o governo piorou a proposta que antes já era indecente: 21% divididos em 4 vezes. Agora, propõe 10% divididos em duas vezes. Além disso, nas reuniões setoriais, como da Fasubra, o governo retirou as promessas da primeira reunião. Assim, Dilma que está caindo pelas tabelas, está jogando gasolina no fogo da greve.

E preciso fazer uma profunda discussão política do momento da greve, pois ao entrar agosto, algumas correntes (incluindo da esquerda) avaliam que estamos na reta final da greve, que é necessário preparar a retirada. Os argumentos são a intransigência do governo, as dificuldades de negociação, a greve esvaziada e até a alegação burocrática de que o dia 31/08 encerra o prazo legal para a votação do orçamento no Congresso Nacional. Em nossa opinião, essa analise derrotista não corresponde à realidade.

Vejamos: a greve de docentes atinge 45 instituições. Com as novas adesões nesta semana da UFJF, UNIRIO, UFPR, UFG e a da Fasubra, o movimento segue forte com 100%. A greve se estende por diversos órgãos: judiciário federal, INSS, saúde federal, FIOCRUZ e até os estudantes estão em greve em nove universidades federais (UFRJ, UFF, UNIRIO, UFMS, UFGD, UFMT, UFG, UFPB, UFBA). A base da Condsef também começa a se organizar, muitos à revelia da direção da federação, tem greves e paralisações em diversos órgãos. Ou seja, não estamos num momento de refluxo, ao contrário, a greve segue crescendo.

É um fato que a greve não está igual à de 2012, onde havia uma forte greve radicalizada do conjunto dos servidores públicos federais. Mas, sem dúvida, o quadro de greves até hoje mostra que existe um forte potencial e que é possível ampliar, massificar, ganhar a opinião pública, transformando-a em um polo de luta e enfrentamento ao ajuste de Dilma/Levy.

A crise econômica e social é combustível para a Greve

A brutal crise econômica tem levado milhões de brasileiros ao desemprego e a miséria. Enquanto os juros estratosféricos de 14,25% estrangulam nossa economia, os banqueiros seguem lucrando, o Itaú aumentou seu lucro em 25%. A piora do nível de vida dos trabalhadores, a alta do desemprego, da inflação e o consequente aumento do custo de vida têm levado a que milhões de brasileiros rompam com o governo Dilma, que junto com os governadores e prefeitos, fez a escolha em descarregar a crise econômica em nossas costas. E enquanto a população vê todos os dias bilhões sendo roubados por políticos e empreiteiros, como a Operação lava Jato, o orçamento social sofreu um corte de 80 bilhões. Somente da educação foi tirado mais de 1 bilhão, depois do último corte de 9,4 bilhões, tudo para garantir o superávit primário para pagar juros da dívida aos banqueiros.

O papel da esquerda.

Há condições para ampliar, massificar a greve. Transformá-la em um polo de enfrentamento ao governo Dilma (PT/PMDB) e seu ajuste. Com a greve podemos construir uma alternativa nas ruas aos atos dos dias 16 e 20/08 que expressam a falsa polarização entre a oposição de direita e o governo. Nem PT e nem PSDB são alternativas, pois estão juntos aplicando o ajuste e só brigam para saber com quem vai ficar a chave do cofre.

Porém, é necessária uma mudança profunda na política das direções e a esquerda tem uma enorme responsabilidade. A Conlutas e a Intersindical dirigem o Andes, Fenasps, Fasubra, Sinasefe e não pode haver vacilações. Pois a conjuntura política é extremamente favorável e há muita disposição na base das categorias. Mas, é necessário mudar os rumos. Por exemplo: nos calendários tem que haver atos unitários e bem convocados; as reuniões nacionais do fórum das entidades federais têm que servir para unificar a luta. Vejam só, em um mês tivemos 3 atos em Brasília. Cada federação puxava uma Marcha e as demais “aderiam” formalmente, assim perdemos a oportunidade de fazer uma grande Marcha com 30 mil pessoas, bem preparada, de forma centralizada. As vacilações, como o recuou em relação aos atos do dia 11, não podem continuar, esse dia tínhamos tudo para fazer fortes passeatas contra os cortes de verbas e o ajuste, mas os setores governistas e até mesmo setores da esquerda querem transformá-lo em um ato contra o Eduardo Cunha.

São necessários novos calendários de atos de ruas, centralizados dessa vez nos estados, com fortes passeatas. É preciso aproveitar o aprofundamento da crise política e converter a greve numa referencia de luta, chamando a unificar com demais categorias em lutas, como os servidores públicos do RS que estão com salários parcelados. Chamar as entidades, os movimentos sociais e partidos de esquerda a prestarem total solidariedade a greve. Construir um novo dia de atos nos estados no dia18, data apontada pelo Comando Estadual do Rio e pelos servidores estaduais do RS como um dia de luta.

09/08/2015
CST/PSOL