EDITORIAL – Combate Socialista, nº66

Dilma continua na defensiva: É possível derrotar os ataques! |

Enquanto essa edição do Combate Socialista estava sendo escrita, o inferno astral do governo Dilma/Temer continuava. Como diz o ditado popular, “agosto é o mês do desgosto” para os políticos de plantão. Sem dúvida foi um mês terrível para a cúpula do PT. No dia 21/08 o Ministro Gilmar Mendes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) detectou indícios de que a campanha de Dilma foi abastecida com dinheiro desviado da Petrobras. Por isso recomendou à Procuradoria Geral e à Policia Federal a abertura de uma investigação criminal contra a presidenta. No dia 22/08 confirmam-se os rumores de que Michel Temer decidiu sair da Coordenação Política do governo. Algo que, se vier a se concretizar, significará um aumento da instabilidade do governo. E Isso para não falar na revelação das conversas de Lula com a cúpula da Odebrecht, que colocam a necessidade de investigação profunda do ex-presidente e sua responsabilidade nos crimes cometidos nos últimos anos, algo que o juiz Sergio Moro se negou a fazer até agora.

As fortes manifestações contra Dilma no dia 16, atos organizados pelo PSDB e organizações de direita, foram determinantes para que os tucanos mantivessem uma linha opositora, tanto com Aécio (com o impeachment e novas eleições), com Serra (que propõe um governo Temer) e agora com FHC que defende que Dilma renuncie de seu mandato. No entanto, é interessante observar que as manifestações do dia 16, por juntar muita gente, não contaram com participantes apenas “reacionários”, identificados integralmente com a ideologia dos organizadores. Ao contrário. Pesquisas de opinião realizadas em São Paulo mostraram que a maior parte dos manifestantes também critica o governo Alckmin e defendem recursos públicos estatais na saúde e educação, duas pautas longe de serem da “direita”.

Barrar a Agenda Brasil – acordo conservador contra o povo!

No início do mês Dilma e Temer mostraram incapacidade para aplicar o ajuste fiscal e entraram em desespero. Aluízio Mercadante propôs a conciliação PT/PSDB e Michel Temer fez um apelo à Unidade Nacional propondo que “alguém” unificasse o país. Diante desse caos, a Federação da Indústria de São Paulo (FIESP), a Rede Globo, o BRADESCO e a Confederação Nacional da Indústria defenderam a “governabilidade do Planalto” e a aplicação de medidas conservadoras. No mesmo sentido se posicionaram o New York Times e Financial Times. O centro é seguir com Dilma preparando a mudança de governo apenas em 2018. Foi assim que surgiu o acordo entre Dilma e o presidente do Senado Renan Calheiros, chamado de Agenda Brasil.Um acordo que prevê mais ataques contra os trabalhadores, como a ampliação das privatizações, o avanço das terceirizações, ampliação dos cortes de verbas nas áreas sociais, o arrocho salarial e o aumento da idade para aposentadoria. Além disso, poderíamos agregar a lei antiterrorismo para tentar evitar novas manifestações de massa e politicamente a lei da mordaça contra os partidos de esquerda. Com esse acordão Dilma ganhou tempo no julgamento de suas contas no TCU e Renan não integrou a lista dos políticos denunciados pelo Procurador Geral da República junto com Cunha. Porém, isso não encerrou a crise política nem estabilizou as instituições da República. Eduardo Cunha se aproxima ainda mais dos setores mais intransigentes da oposição de direita como Paulinho da Força e o DEM e não pretende cair sozinho, mantendo a crise do Congresso em aberto. E não se sabe como Collor, o segundo político denunciado, vai agir.

Aproveitar a crise nas alturas e organizar a luta contra os ataques

Os trabalhadores e o povo precisam aproveitar o momento. Enquanto os nossos inimigos estão tentando se rearticular e continuam divididos podemos lutar em condições altamente favoráveis. Para isso, temos que unificar e massificar as greves e lutas que estão acontecendo e coordenar os esforços dos setores de esquerda que desejam construir um polo alternativo contra o PT e o PSDB, sem cair em blocos orgânicos com os governistas como o dia 20 (ver matéria na página 3 e 4). Tudo isso para barrar novos ataques como a Agenda Brasil e ao mesmo tempo reverter as medidas do ajuste fiscal que foram aplicadas nos últimos meses. Por outro lado, como militantes do PSOL, temos o desafio de rearmar nosso partido em meio às plenárias municipais do V Congresso Nacional. Tarefas que nós da CST-PSOL estamos empenhados em realizar. Nossa proposta é que as organizações do espaço de Unidade e Ação juntamente com as organizações e parlamentares que compõem o campo “Manifesto ao PSOL” conformem um terceiro campo político e social, nas greves como dos servidores federais, nas rebeliões estaduais como a que ocorre no Rio Grande do Sul. Para isso é necessário uma plenária nacional unificando CSP-CONLUTAS, INTERSINDICAL, Metalúrgicos de Campinas, Unidade Classista, SEPE, SINTEPP, Oposição de Esquerda da UNE, ANEL, Partidos de esquerda como PSOL, PSTU, PCB e PCR dentre outros grupos e correntes, para barrar o ajuste fiscal do governo Dilma/Temer e dos governadores Tucanos, contra os ataques implementados por PT, PSDB e PMDB, para impedir a aplicação da Agenda Brasil.