Carta ao Espaço de Unidade de Ação

Esta foi a carta que escrevemos às organizações que compõe o Espaço de Unidade de Ação após o ato do dia 1 de maio e a reunião do Espaço no dia 2 deste mês.

Carta ao Espaço de Unidade de Ação

Camaradas, como parte que somos do Espaço de Unidade de Ação, queremos pontuar algumas diferenças que temos com a proposta de texto apresentada. Ressaltamos que temos também importantes acordos que seguem vigentes plenamente e que nos permitiram construir importantes ações que mostraram a possibilidade e potencialidade da construção de um terceiro campo no Brasil.

Primeiro ponto, sobre o balanço: acreditamos que o balanço do Espaço de Unidade de Ação colocado no início do texto é insuficiente. Já colocamos isso em alguns espaços, e reafirmamos que entre 18 de setembro e 1 de abril o Espaço ficou praticamente paralisado do ponto de vista das ações frente à conjuntura nacional. Enquanto isso, por parte dos campos burgueses em disputa, vimos diversas ações e a situação se agudizava a cada dia. Não queremos no momento nos colocar com as mesmas condições de mobilização que tem os campos burgueses, porém é inegável que em seis meses e meio, teríamos condições de fazer fortes ações que reafirmassem nossa alternativa. Poderíamos ter aproveitado a forte polarização no país, onde fizéssemos manifestações com eixo claro, colocando a necessidade de derrubar o governo e toda a linha sucessória da república, junto com a oposição tucana. A possibilidade que existiu naquele momento continuará existindo no próximo período, por isso, fazer uma leitura mais critica daqueles meses nós achamos que nos ajuda a tirar conclusões para o futuro.

Segundo ponto. Nos parágrafos finais os companheiros colocam: “Em nossa reunião do Espaço de Unidade de Ação diversas formulações que expressam consignas ou saídas políticas para o momento de crise (“Fora todos”, “contra Temer e Cunha”, “eleições gerais com novas regras”, “assembleia constituinte”, “governo dos trabalhadores”, construção de “conselhos populares” etc.) foram discutidas.” “Tendo em vista a diversidade das propostas, o momento político de transição em curso, a necessidade de elaboração e discussão interna de vários setores e organizações presentes, decidimos encaminhar esse debate no próximo período, tanto no âmbito das entidades e organizações, quanto em plenárias amplas, convocadas nos estados e regiões durante o mês de maio.”

Temos uma diferença com esse encaminhamento. Pois em nome do debate que temos entre nós, deixaremos de apontar uma política clara. Isso na nossa opinião é um obstáculo na construção de um terceiro campo. Em meio à polarização e intenso debate político na classe, o Espaço em nossa opinião teria que dar uma resposta clara que é preciso tirar fora todos que estão aí, confluindo centralmente com o massivo sentimento que existe no seio da classe trabalhadora de repúdio ao atual governo, à oposição tucana e aos corruptos em geral. Apontar somente que vamos continuar debatendo diferenças de fundo não ajuda a construir isso.

Queremos também entrar em outro debate que decorre do ponto anterior, pois nos parece que o que prima nestes dois parágrafos que citamos é a lógica permanente de “ampliação”, de não nos “isolar”, o que impede que o Espaço tire uma posição clara. Partimos da caracterização que a ampla maioria da super estrutura de esquerda se tornou linha auxiliar do PT. Como por exemplo a majoritária do PSOL e o MTST. Portanto, o debate central é se temos unidade para confluir com a ruptura de massas que existe na classe com o PT ou se ficaremos sem uma política clara tentando contemplar ou ir atrás de ações com correntes e organizações políticas que já escolheram o seu lado e não passaram a prova da história. Por exemplo, vemos que é preciso uma exigência permanente para que as organizações rompam com a Frente Povo sem Medo e venham construir uma alternativa, combinando isso com uma denúncia global do caráter dessa Frente, completamente subserviente ao governo e ao lulismo. Dizemos isso pois nessa conjuntura não há meio do caminho. A necessidade colocada é firmar o Espaço como um polo claro, não apenas de unidade de ação, mas uma frente que aponte uma alternativa, e que denuncie implacavelmente os dois campos burgueses, e também aqueles que fizeram a opção de ser linha auxiliar do governo petista bem no auge de sua crise e de seus ataques contra nossa classe.

Colocamos nossa crítica à proposta apresentada de forma clara e fraternal, acreditando que estamos entre setores que em sua maioria são e serão fundamentais para a construção de uma alternativa da classe trabalhadora no Brasil. Essas divergências que colocamos são as principais que temos com a carta apresentada, e reafirmamos que esperamos ter a oportunidade de continuar o debate.

Seguiremos participando ativamente do Espaço de Unidade de Ação, porém, esta declaração, especificamente, temos desacordos importantes e não assinaremos.

Saudações Classistas!

Executivo Nacional da CST-PSOL

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