Porque a CST-PSOL não vai ao ato do dia 31/07

No domingo 31/07, a Frente Povo Sem Medo, a Frente Brasil Popular, a maioria das correntes do PSOL e outras organizações da esquerda participarão dos atos, convocados em diversas capitais do país, sob as palavras de ordem de FORA TEMER! QUE O POVO DECIDA!

Não temos dúvidas, e assim estamos fazendo, que é necessário lutar e procurar a mais ampla unidade para lutar contra o governo ilegítimo de Michel Temer e seus ajustes estruturais, que visam retirar direitos previdenciários e trabalhistas e desmontar os serviços públicos, além de avançar nas privatizações, medidas que em grande parte foram elaboradas pelos governos Lula e Dilma.

No entanto, não confundimos a ilegitimidade de Michel Temer com um suposto golpe. A CST foi e continua estando contra o impeachment, pois esse congresso recheado de delinquentes e mafiosos não possui nenhuma legitimidade para afastar a presidente.

Assim como não chamamos de golpista o impeachment que colocou Collor para fora, nem questionamos, pelo contrário, defendemos o fora FHC levantado pelo PT e a CUT, quando os tucanos nos acusavam de golpistas, o impeachment é uma medida prevista pela constituição e não quebra a ordem constitucional nem provoca uma quebra no regime político.

Se hoje os partidos da velha direita querem acabar com o governo Dilma e o PT, responde a uma razão essencial: o PT é incapaz de controlar o movimento de massas, que rompeu massivamente com sua antiga direção, e por este motivo já não lhes é útil para aplicar o plano de ajuste e preferem alguém que não seja “intermediário”, mas agente direto.

Este é o desafio central que a esquerda tem que responder: como fazemos para construir uma nova direção, como fazemos para conformar um terceiro campo alternativo, longe de ajustadores, corruptos, petistas traidores e da velha direita?

De nossa parte, queremos que Dilma saia definitivamente pela mobilização popular, (igualmente Temer) pois não podemos esquecer que foi no seu governo que começaram a discutir e aplicar as medidas neoliberais que Temer retoma e reforça, como a Reforma da Previdência (sendo que Lula votou ela pela primeira vez contra os servidores públicos em 2003, comprando os votos através do mensalão). Além de Dilma ter sido eleita através de um estelionato eleitoral, afirmando por ex. que não iria mexer com direitos dos trabalhadores nem que “a vaca tussa” e acusando os tucanos de querer aplicar uma política econômica que foi a que ela tentou aplicar assim que assumiu.

O fato de que o PCdoB, CUT e UNE, organizações que defenderam o conjunto de políticas anti operárias de Dilma e Lula, estejam convocando estes atos, e que, no facebook da Frente Povo sem Medo, os parlamentares petistas Lindbergh Farias e Paulo Pimenta façam uma chamada para eles, demonstra claramente que serão, mais uma vez, convertidos em atos pelo “volta Dilma” e de defesa de Lula e do PT. Por isso, insistem mais de uma vez na tese do golpe. Não podemos esquecer que o próprio Lula, hoje réu no Lava Jato, foi a principal estrela do último desses atos.

Pois, se estas organizações quisessem de verdade expulsar Temer e seu plano de miséria, porque não convocam uma greve geral para valer, com assembleias nos locais de trabalho, preparada de forma democrática? Isso teria um efeito muitíssimo maior que 10 ou 100 atos pelo “volta Dilma”, já que isto não unifica o povo trabalhador, que fez sua experiência com os governos do PT e que precisa de uma direção que esteja à altura para defender de verdade os direitos dos trabalhadores, o trabalho e o salário, dos ataques que vem sofrendo.

Por sua vez, está ainda em fase inicial o dia 16/08 como um dia nacional de lutas unificado, convocado pelas maiores centrais sindicais do país, manifestação que, se confirmada, pode ganhar uma centralidade extraordinária por possibilitar a batalha por uma ação conjunta da classe trabalhadora e dos setores explorados.  O presidente da CUT voltou a declarar que articula junto às demais centrais uma possível greve geral para resistir contra a retirada de direitos dos trabalhadores. Sendo preciso transformar essas palavras em ação.

Portanto, consideramos que a unificação das lutas, das campanhas salarias rumo à greve geral é o melhor método para derrotar o governo burguês, conservador e pró-imperialista de Temer e os ataques que foram anunciados.

Impulsionar, apoiar e participar da convocação do dia 16/08, propondo a continuidade das manifestações com novo dia nacional de lutas em setembro através da unidade das campanhas salariais dos correios, bancários, petroleiros, metalúrgicos e das manifestações dos demais setores em luta, como a campanha dos SPF’s contra o PL 257 e dos trabalhadores em educação contra o projeto de escola sem partido, contra a Reforma da Previdência e as privatizações rumo à greve geral. É o caminho que a esquerda e os setores combativos devem tomar. Esse é nosso compromisso.

30/07/2016
Executivo Nacional da CST /PSOL

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