Sapucaí será palco dos povos do Xingu X Agronegócio

Tailson Silva – Professor e torcedor da Imperatriz

Contribuição: Silaedson Silva (Juninho) – Coordenação da CST – PSOL

“NA FLORESTA…HARMONIA,

A VIDA A BROTAR

SINFONIA DE CORES E CANTOS NO AR”

Quando o enredo da Imperatriz foi definido em 19 de Abril de 2016 (Dia do índio), pelo carnavalesco Cahê Rodrigues, muitos torcedores da escola ficaram felizes por saber que o enredo: “A mística xinguana: O clamor que vem da floresta”, seria uma oportunidade dupla, ganhar o carnaval e ser porta voz de um tema que a sociedade brasileira não dá muita importância: A luta dos povos indígenas brasileiros! No que tange questão dos povos do Xingu, sua história vem de longa data. Os povos do Xingu são formados por 15 tribos de 4 grupos linguísticos diferentes, que se desenvolveram na região do Alto-Xingu entre 1200 e 1600. Em 1750, ano do contato com os europeus, dezenas de milhares de índios habitavam a região, vivendo em harmonia com a natureza e desenvolvendo suas diferentes tradições e culturas.

JARDIM SAGRADO

O CARAÍBA DESCOBRIU

SANGRA O CORAÇÃO DO MEU BRASIL”

O contato com os caraíbas (brancos), foi um duro golpe para os povos do Xingu. A partir deste contato, a população indígena foi reduzida drasticamente, por conta de doenças trazidas pelos colonizadores e pela escravidão imposta por estes aos povos do Xingu. De dezenas de milhares em 1750, passam a ser 3.000 no fim do século XIX, chegando a 500 em 1950. Somente após a criação do Parque Indígena do Xingu em 1961, que o número de indígenas volta a crescer, chegando a cerca de 3.000 atualmente.

O BELO MONSTRO

ROUBA AS TERRAS DOS SEUS FILHOS

DEVORA AS MATAS E SECA OS RIOS

TANTA RIQUEZA QUE A COBIÇA DESTRUIU”

O estabelecimento do Parque não foi capaz de impedir a cobiça e a ação de novos atores. A partir da década de 1970, os arredores do Parque sofrem com queimadas, com extração de madeira, poluição de nascentes de rios, pecuária extensiva e agricultura de larga escala, principalmente a Soja. Ou seja, o Parque vem sendo cercado, ficando como uma ilha de floresta em meio ao pasto e a monocultura. Em 1975, os militares iniciam a idéia de construir a usina hidrelétrica de Kararaô no rio Xingu. Os governos subsequentes avançam na idéia da usina, que só foi implementado, já com o nome de Belo Monte (Monstro), nos governos do PT/PMDB, nos mandatos de Dilma/Temer, enriquecendo empreiteiras como Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Queiroz Galvão entre outras. Em detrimento dos povos do Xingu, que sofrerão com alterações no regime de escoamento dos rios, redução do fluxo de água e impactos ambientais e sociais sobre a fauna, flora e sobre a população local, com mais impacto sobre os povos do Xingu. Em 2017 os ruralistas percebem um fato: Uma escola de samba carioca, fazer um grande desfile, com perspectivas de título, falando sobre a defesa dos povos indígenas! Isso é inadmissível, pela repercussão que geraria, e por isso passam ao contra-ataque contra o enredo. A Associação Brasileira de Criadores de Zebu lança nota contra o enredo e em defesa do agronegócio, logo em seguida uma apresentadora da TV Record em Goiás, Fabélia Oliveira, diz que os índios não tem direitos a terras e destila outros ataques aos povos indígenas brasileiros. O senador Ronaldo Caiado (DEM), representante maior dos ruralistas brasileiros, defender que o senado abra uma CPI sobre o enredo da Imperatriz. Por trás da ação destes, está a defesa de um suposto setor produtivo e imprescindível ao país, chamado agronegócio, quando sabemos que a história não é bem assim, visto o fator de destruição ambiental, social e cultural que o agronegócio provoca a natureza, aos indígenas, aos quilombolas e aos pequenos produtores rurais. Se apoiam na ideologia de que o agronegócio é o celeiro produtivo do país, quando na verdade, o nosso alimento de cada dia, vem da produção dos pequenos agricultores.

“JAMAIS SE CURVAR,

LUTAR E APRENDER ESCUTA MENINO,

RAONI ENSINOU”

Apesar dos ataques sofridos, a história dos povos do Xingu é marcada por inúmeras lutas em defesa do seu território, tradições, cultura e história. E essa defesa precisa ser potencializada por todos os lutadores deste país, pois a perseguição e os ataques aos indígenas nunca saiu das pautas dos governos e é parte vital da pauta do governo Temer, visto as pretensões do governo sobre a FUNAI e sua tentativa de derrotar os indígenas, para fortalecer os ruralistas. Da mesma forma como, o agronegócio seguirá atacando o enredo da Imperatriz, como forma de desgastar o enredo e a escola, para criar opinião pública contrária e tentar evitar que os povos indígenas, representados pelos povos do Xingu, sambem na cara do agronegócio, em plena Marquês de Sapucaí, no Domingo de carnaval. Muitos na escola ficaram ressabiados quanto ao enredo, mas o tempo passou e veio a compreensão quanto a importância deste, ao passo que o enredo autoral de Cahê rendeu um belo samba e também a perspectiva do título se tornara real, a comunidade comprou esta causa, sendo sua aguerrida defensora!

“KARARAÔ… KARARAÔ…

O ÍNDIO LUTA PELA SUA TERRA

DA IMPERATRIZ VEM O SEU GRITO DE GUERRA!

SALVE O VERDE DO XINGU…

A ESPERANÇA A SEMENTE DO AMANHÃ… HERANÇA”

Numa ponta estão os ruralistas, que sonham com uma “segurança jurídica” que garanta o avanço do agronegócio, a alteração das regras de demarcação de áreas indígenas, a autorização para a compra de terras brasileiras por estrangeiros e a mudança nas regras de licenciamento ambiental. Na outra ponta estão os bravos indígenas, que lutam por seus territórios, pela preservação de sua cultura e história. Lutam contra o poder da agroindústria, das madeireiras, da pecuária extensiva, das mineradoras e das hidrelétricas que colocam em risco os territórios de etnias indígenas, quilombolas, povos tradicionais e pequenos agricultores. Lutemos pelo reconhecimento, preservação, demarcação e titulação dos territórios dos quilombolas, dos indígenas e dos povos tradicionais, assim como, pela reforma agrária, sob o controle dos trabalhadores rurais sem-terra e dos pequenos produtores rurais. Nesse sentido fazemos um chamado a todos os lutadores do país, para que nesse carnaval se vista de Imperatriz e se some ao clamor dos povos do Xingu, dos povos da floresta!

Somente a Unidade nas lutas dos índios, povos quilombolas, dos trabalhadores, da juventude e camponeses que conseguiremos derrotar a política de Temer e do agronegócio para obter nossas reivindicações.

Alô imperatriz: Vai ser na raça, no amor e no talento! Salve o Verde do Xingu!

Viva os povos do Xingu!

Viva os povos indígenas brasileiros!

Viva os povos da floresta!

Viva a Imperatriz Leopoldinense! Fechados com Cahê Rodrigues!

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