Rumo ao 6º congresso do PSOL: É NECESSÁRIO CONSTRUIR UMA ALTERNATIVA AO LULISMO

Por Rosi Messias (Executiva Estadual PSOL/RJ)

 A reunião do Diretório Nacional de maio refletiu o debate que está em curso no partido: frente à brutal crise econômica, social e política, o acirramento da luta de classes e a necessidade de unidade para derrotar o governo Temer, qual deve ser a política do PSOL para se afirmar como uma alternativa independente.  Destacamos a importância da votação unânime de jogar peso na marcha a Brasília do dia 24/05 e reafirmar a candidatura própria em 2018. No entanto, a resolução política aprovada, da US e Rosa Zumbi, pouco se diferencia do PT. O que ocorreu no DN não é por acaso:  ao longo dos anos, o PSOL, que foi fundado como alternativa à política de conciliação de classes do PT, vem tendo esse perfil de independência comprometido, fundamentalmente pela política da Unidade Socialista e aliados. Por isso, a resolução aprovada na reunião da Executiva Nacional, em meio à divulgação da lista do Fachin, apenas exigia a investigação do Temer e dos tucanos, poupando o PT.

 A política da US a não diferenciação do PT desarma o partido.

 Outro debate importante foi se o PSOL devia se posicionar ou não frente ao ato em apoio ao Lula em Curitiba. Os companheiros do MES e da CST apresentamos uma proposta contrária ao Ato de Curitiba. Infelizmente, a US e aliados, votaram que o PSOL não tivesse posição sobre o ato de Curitiba. Nesse caso a “omissão” foi uma posição política, pois deu margem para que dirigentes, como Gilberto Maringoni, declarasse nas redes sociais “Em Curitiba hoje se condensa a luta de classes no Brasil. Não há como ficar neutro”, jogando na lata do lixo o significado da luta de classes. E para que o Índio, dirigente da Intersindical, fosse um dos oradores do Ato em apoio a Lula. A política seletiva da direção majoritária do PSOL desarma o partido frente à corrupção petista e leva à vanguarda uma enorme confusão política. O PT e Lula deixaram de ser de esquerda! Eles traíram a nossa classe, se mudaram de mala e cuia para o lado dos banqueiros e do grande capital. Por isso, hoje vem à tona as relações espúrias do Lula com a Odebrecht. Em Curitiba não se “condensava” a luta de classes, pois Lula e Moro fazem parte de interesses burgueses que hoje possuem divergências.

 A unidade da esquerda no DN um importante passo que precisa continuar.

 Na reunião do DN foi fundamental que diversas correntes da esquerda tenham se unificado em torno de um texto político alternativo. A resolução obteve 23 votos, contra 31 da US, e teve como signatários a COMUNA, MES, TLS, APS, Subverta, Comunismo e Liberdade, LRP, LS, LSR, 1 de Maio e CST. Os companheiros da Esquerda Marxista também se somaram ao apoio da resolução. O texto colocava que a tarefa imediata do PSOL devia ser se somar às centrais sindicais no chamamento do Ocupa Brasília, e ajudar a construir uma nova Greve Geral, “mais forte e mais expressiva do que a de 28 de abril de 2017. E para isso dizia que o PSOL necessita se constituir um partido militante. A resolução colocava claramente a necessidade de nos construirmos como alternativa: “Mas essa crise também se expressa no revelado pelas delações da Odebrecht, que mostrou que todos os partidos, diretamente ligados à classe dominante ou que serviram de suporte para a realização de grandes negócios das empresas quando no governo, igualam-se na participação profunda em esquemas de corrupção. Sejam eles do PMDB, do PSDB, do PT e de outros, todos devem receber a mais alta rejeição do PSOL e de seus militantes. Nesse sentido, o PSOL é frontalmente contrário a qualquer iniciativa que vise estabelecer um acordo que não leve às ultimas consequência a apuração da corrupção, em nome de uma pretensa governabilidade ou de salvamento das instituições do regime: o chamado “Acordão”.

Essa importante unidade do BE (Bloco de Esquerda) teve a contribuição de um texto apresentado pela CST e pelos companheiros da LRP, que defendia: “a capitulação ao lulismo não pode ser a opção do PSOLPara mudar os rumos do PSOL precisamos reagrupar a esquerda anticapitalista dentro do partido para realizar um contraponto à linha majoritária”.  É importante destacar que os companheiros da Insurgência, infelizmente, optaram por não assinar a resolução do BE, se limitando a apresentar uma resolução, que nosso entender não faz demarcação ao campo petista.  É necessário que a Insurgência reveja essa postura e volte a construir o Bloco de Esquerda.

 O PSOL foi fundado para se colocar como alternativa à velha direção traidora. É verdade que o impeachment, de certa forma, estancou conjunturalmente a experiência que o movimento de massas vinha fazendo com a direção traidora do PT. No entanto, o PT que hoje se encontra em estado terminal, só tem essa sobrevida graças à catástrofe do governo Temer e o apoio que, lamentavelmente, importantes dirigentes de esquerda e do partido dão ao lulismo.  Cabe à militância derrotar a política da US. Derrotar a estratégia de vincular o PSOL ao petismo e batalhar por construir uma Frente de Esquerda, que tenha como eixo as lutas e que batalhe por um programa anticapitalista, é a tarefa do Bloco de Esquerda e do próximo Congresso Nacional do partido que ocorrerá em dezembro de 2017.

(publicado no jornal Combate Socialista, de maio de 2017)

 

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