Manter a greve geral do dia 30!

Na quarta-feira, dia 14/06, as centrais sindicais divulgaram um panfleto onde não constava o chamado à greve geral de 30 de junho. A informação circulou pelas redes sociais, nas vésperas do feriadão, causando confusão na esquerda e entre os trabalhadores. Para tentar confundir, falam em um “junho de lutas”, enquanto que desapareceu a greve geral. Rapidamente apareceu um vídeo e uma nota da CSP-CONLUTAS com esclarecimentos. Atenagoras Lopes, da Secretaria Executiva da Central, declara: “circula pelas redes sociais um material supostamente com assinatura de todas as centrais, que, na pratica, desmarca a convocatória da greve geral unitariamente chamada para o dia 30. Queremos deixar explícito que a CSP-Conlutas não participou de nenhuma reunião que autorizasse a utilização de sua logo num material que, na pratica, suspende a principal ferramenta que nós convocamos juntos com todas as centrais. Finalmente, queríamos fazer um chamado a que os dirigentes mantenham a postura necessária de fortalecer o caminho das lutas”. Ao mesmo tempo, no congresso da Força Sindical, o deputado Paulinho (SD), declarou que “Precisamos esperar um pouco… No dia 30/06 não tem deputado em Brasília” e defendeu o desgaste de Temer para barganhar pelo imposto sindical. Rapidamente a greve geral do dia 30/06 desapareceu dos sites da CUT e CTB. Ao mesmo tempo em que construímos os calendários e os Fóruns unificados, continuamos denunciando as manobras da burocracia, seja o setor Lulista ou ligada a Força Sindical já que eles jamais poderiam levar nossa luta até o final.

O que explica o movimento para abortar a greve geral?

Diante do protagonismo da classe trabalhadora, após a poderosa greve geral de abril, a situação avançava para uma possível queda de Temer. Em meio à crise política, a divisão da burguesia e denúncias como a JBS na Lava Jato, o governo PMDB/PSDB poderia cair fruto de uma nova greve geral ou fortes passeatas. A queda abrupta de Temer, nunca esteve nos planos da burguesia, nem da burocracia sindical. Pressentindo um perigo real, a burguesia tenta evitar o pior. O PMDB tenta um acordão, retomando uma linha expressa por Romero Jucá no ano passado e por Temer na visita a Lula durante a enfermidade de Dona Marisa Leticia (onde também estiveram FHC e Serra). Temer depende do acordão com os Lulistas, que arrasta consigo uma ala de esquerda que, com mais ou menos críticas, integra a Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo e agora a Frente Ampla das Diretas (ver matéria nas páginas 6 e 7). Já o PT quer um acordão para salvar sua própria pele e garantir direitos políticos para Lula e por isso sempre buscou essas negociações. Não por acaso o PT esteve presente ao jantar de Temer após a decisão do TSE. Por outro lado, a burocracia sindical ao ver que não controlava totalmente os protestos, vide o exemplo da marcha dos 100 mil, também aderiu ao acordão. Essa unidade acelerou as negociações, que se materializaram na absolvição da chapa Dilma/Temer. A burocracia, durante o julgamento do TSE, não mobilizou pela queda de Temer e tentou desmontar a greve geral por meio de uma reunião informal. O acordão, cujas negociações são antigas, tem o objetivo de absolver os corruptos e tentar uma saída nos marcos da institucionalidade: manter Temer até 2018 ou indiretas no congresso (embora o PT e FHC falem das eleições presidenciais ou até gerais).

As bases resistem à tentativa de recuo das cúpulas!

Veio das bases a maior resistência a qualquer movimento de suspensão da greve geral e de acordão. A absolvição de Temer gerou mais indignação popular, e a divisão da burguesia produz novos fatos contra o presidente e seus esquemas ilegais. Na base das categorias o clima de continuidade da luta existe e a classe trabalhadora incorporou o método da greve geral. A crise econômica e social continua e nenhum trabalhador/a aceita perder direitos trabalhistas e previdenciários. Esse contexto dificulta o movimento pela suspensão da greve geral. Nos sindicatos, os dirigentes, inclusive cutistas, que nem sequer foram comunicados dessa manobra, em geral concordam com a proposta de manutenção da greve no dia 30. Há um espaço para se contrapor às pelegadas da cúpula das centrais. Alguns exemplos são destacados. O SEPE, um dos mais importantes sindicatos do RJ, aprovou em sua coordenação geral, por unanimidade – incluindo as chapas da CUT – a convocação de uma “Plenária em defesa da Greve geral do dia 30/06”. Plenária que foi construída pela CSP-CONLUTAS, SINDPETRO-RJ, SINTUFF, a FES (MAIS, NOS, Comunismo e Liberdade, PCB, Subverta, MRT, CST), COMBATE, Sindsprev/Niterói e destaca-se a incorporação dos Sindicato dos Bancários de Niterói que é ligado à CUT. O outro exemplo é da plenária e ato das juventudes pela manutenção da greve geral realizada durante o Congresso da UNE por Juntos (MES), UJC (PCB), Mutirão (PPL), Enfrente (1º de Maio), Liberdade e Luta (Esquerda Marxista) e Vamos à Luta (CST). A pressão da juventude sobre a cúpula das centrais foi tamanha que a CUT-MG teve que defender o dia 30 nos espaços do Congresso e a CTB teve que voltar a divulgar o dia 30 como greve geral. No Rio Grande do Sul, o Fórum Gaúcho em defesa da previdência deliberou realizar a plenária “nenhum passo atrás, greve geral dia 30”, agrupando sindicatos do judiciário, do Ministério Público, previdência, Fasubra, metro, saúde, oposição Cpergs, setores da CSP-CONLUTAS e da INTERSINDICAL. Em nível nacional, a própria reunião nacional do setor de transportes, apesar dos desníveis de desigualdade de mobilização, bem como a má vontade de algumas federações, terminou encaminhando manter a dia 30 como data unitária para greve geral, o que foi muito positivo.

Construir um polo classista e combativo

Já vimos que se depender da cúpula das centrais nossa luta vai ser abortada, visto que eles priorizam um acordão em nome da estabilização do regime político, as eleições de 2018 e barganhas de imposto sindical, utilizando nossa luta para negociar em melhores condições. Temos que dialogar nas bases sobre a necessidade de fortalecer uma outra estratégia: fortalecer as lutas pelo Fora Temer e contra as reformas por meio da greve geral. Temos, portanto, o desafio de desenvolver a disposição de luta das bases, pois é a insatisfação das bases que está impedindo que a cúpula suspenda definitivamente a greve geral do dia 30. Mesmo mantendo o calendário eles vão fazer corpo mole e boicotar nossa luta de inúmeras outras formas já que não querem a derrubada de Temer pelas mãos dos trabalhadores e do povo. Por isso temos o dever de unificar um polo ou bloco combativo e classista para defender nossa luta das manobras dos pelegos. Um polo ou bloco que pode ser encabeçado pela CSP-CONLUTAS. É preciso que a Central faça o que fez na Marcha e ocupe o espaço deixado pelas direções tradicionais. Defender a mais ampla unidade de todas as centrais para derrotar as contrarreformas, não significa que devemos fechar os olhos diante da traição das direções da CUT, CTB e Força Sindical, que estão desmontando a greve geral do dia 30. Muitos sindicalistas dessas centrais estão revoltados e não aceitam esse desmonte. No entanto, é necessário canalizar e organizar essa insatisfação da base, por isso é fundamental construir um polo. As corretas iniciativas como a plenária do SEPE, o Fórum Gaúcho e ato da Oposição de Esquerda durante o Congresso da UNE, poderiam ter sido muito melhor aproveitados se a CSP-CONLUTAS tivesse buscando organizar amplamente a luta pela manutenção da greve do dia 30. Agora é hora de recuperar o tempo perdido e organizar esse polo ou bloco na construção da greve e nos desdobramentos dela, realizando uma plenária nacional urgentemente de todos e todas que se opõem aos vacilos da cúpula das centrais após o dia 30.

21 de junho de 2017 – Secretariado da CST-PSOL

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