30/06: Apesar do desmonte, ocorreu um importante dia de luta e paralisações

O dia 30 de junho foi uma importante jornada de protesto nacional, momento em  que inúmeras categorias da classe trabalhadora fizeram greves ou paralisações, cuja intensidade variou em cada Estado. A maior força das greves se concentrou em bancários, servidores públicos, petroleiros e incluiu setores dos transportes. Ocorreram passeatas ao longo do dia, a exemplo do protesto unificado do Rio de Janeiro, contra Temer e as reformas, com 30 mil pessoas. As bases, em grande medida, mostraram disposição de luta e onde ocorreram atividades de rua, houve apoio popular. Nesse dia, retomamos a luta após o Ocupa Brasília, mostrando que o ascenso visto na greve geral de abril segue vigente.

A luta se manteve apesar do desmonte da greve geral.

No dia 14 de junho, numa reunião “informal”, CUT e CTB transformaram a greve num genérico “junho de lutas”. O mesmo fez a Força Sindical ao iniciar negociações para garantir o imposto sindical. Na reunião do dia 23/6 a cúpula das Centrais desmontou a greve geral e abandonou a defesa do Fora Temer. Essa política foi vista na ausência de assembleias, e na falta de divulgação da data e da greve em categorias estratégicas. Isso prejudicou a greve até em setores combativos como os metroviários de SP, onde a base rejeitou a paralisação, já que nenhum outro sindicato dos transportes da cidade iria parar e era visível que não havia uma ação unificada.

O desmonte é parte do acordão que salva Temer, Lula, Aécio e os demais corruptos!

O desmonte está ligado ao acordão que envolve PMDB, PT, PSDB, que visa salvar os corruptos, deixá-los impunes (Temer, Aécio, Lula e Paulinho) e manter Temer até 2018. Lula acaba de defender Temer em recente declaração: “Se o procurador-geral da República tem uma denúncia contra o presidente da República, ele primeiro precisa provar” (jovempan.uol.com.br). Está evidente que o PT e a direção da CUT/CTB preparam-se para 2018 e aceitam a permanência de Temer, mostrando que o discurso do “golpe” ou das Diretas “já” é apenas para se vitimizar e recuperar folêgo enquanto se pavimenta uma frente eleitoral liderada por Lula. Por isso foi preciso incorporar a burocracia sindical no acordão para abortar a greve geral, pois a mobilização ameaçava a permanência de Temer. O fato é que, apesar das divergências, Lula, Temer e FHC tem dois pontos em comum: evitar que a classe trabalhadora, através da greve geral, derrube o governo Temer e derrote as reformas; e garantir a impunidade aos corruptos que governaram o país nos últimos 30 anos. Esse acordão foi visto na unidade do PMDB, PT e PSDB no julgamento do TSE que absolveu a chapa Dilma/Temer, nas decisões que tiram o deputado Loures da prisão e que devolvem o mandato de Aécio Neves. O Senador Jader Barbalho, do PMDB, discursou em defesa de Lula, pregando união dos três maiores partidos contra a Lava Jato.

Há disposição de luta e é preciso que as bases decidam os próximos passos

Há disposição de luta nas bases. As desigualdades e limitações do dia 30/6 foram impostas pela cúpula das Centrais. Não se pode jogar a culpa nas categorias, como se o problema fosse a ausência de adesão por um suposto “medo de demissão”. Esses argumentos eram utilizados ano passado para bloquear a convocação da greve geral e não se sustentam. A disposição de luta que existe é fruto da constatação de que não se pode tolerar mais o governo corrupto de Temer e suas reformas.  E já está evidente que o Congresso Nacional da Odebrecht, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o STF (Supremo Tribunal Federal) estão absolvendo os corruptos e buscando estabilizar o país para aplicação de mais reformas.  Não há dúvidas de que o melhor método para derrubar Temer, derrotar as reformas e punir os corruptos seria uma nova greve geral, porém a cúpula das Centrais Sindicais está contra. Para garantir a continuidade da luta, os trabalhadores dos sindicatos da Força Sindical e UGT devem exigir que seus dirigentes abandonem as negociações com o Ministro do Trabalho. Do mesmo modo, os trabalhadores dos sindicatos da CUT e CTB devem exigir que a cúpula abandone o acordão que salva os corruptos. É preciso exigir assembleias democráticas em cada local de trabalho.

A maioria da esquerda não pode se manter atrelada ao Lulismo

Mesmo com a traição das direções Lulistas, a direção majoritária do PSOL e a direção do MTST insistem em construir Frentes Políticas comuns com o PT e PCdoB. Um erro que os impede de construir uma alternativa. Ao mesmo tempo, tem como eixo a “Frente Ampla pelas Diretas já” que é integrada por partidos burgueses e visa “estabilizar” o regime, através de eleições. Por isso essas direções não combateram o desmonte da greve geral. É preciso que o PSOL, MTST e INTERSINDICAL rompam com o Lulismo e abandonem a Frente Ampla com partidos burgueses! Para construir uma alternativa junto com PSTU, PCB, CSP-CONLUTAS e batalhar pela continuidade da luta.

Pra luta continuar é preciso construir um bloco combativo e classista

Contra a linha da cúpula das centrais, inúmeros sindicatos e organizações se posicionaram pela manutenção da greve geral no dia 30/6, como as organizações que se reuniram no SEPE (Sindicato da Educação do RJ) no dia 19 de junho, a plenária do Fórum Gaúcho em Defesa da Previdência, a FENAMETRO, a Frente de Esquerda Socialista e a CSP-CONLUTAS. Nos parece que a expressão com mais força foi a plenária realizada no SEPE, construindo um manifesto unificado, realizando plenárias semanais e um panfleto unitário. Foi um polo amplo que ajudou a unificar o protesto da candelária no dia 30/6. Um bloco que atuou em unidade de ação com sindicatos e ativistas de várias centrais sindicais, que discordaram do desmonte da greve geral. Entendemos que a CSP-CONLUTAS poderia tentar nacionalizar o que está ocorrendo no RJ, ajudando a construir esse espaço que surgiu da plenária do SEPE ou desenvolvendo outras experiências.  Se existisse um bloco assim em SP estaríamos em melhores condições para lutar contra o desmonte e melhorar nossa batalha na base metroviária. A Central deve se colocar à disposição para agrupar amplamente os descontentes com o desmonte, visto que atualmente nenhuma central é por si só um “polo”. Esta tarefa é de todos os que estiveram na plenária do SEPE. Por isso, para construir esse bloco e dar continuidade à luta, propomos:

1- Barrar o desmonte da luta! Seguir a mobilização até derrubar Temer e derrotar as Reformas! Propor que a próxima reunião das centrais sindicais convoque uma Plenária Nacional de Sindicatos para discutir a continuidade da luta, realizando assembleias de base;

2- Construir um bloco combativo nacional! Que o SEPE, Petroleiros, SINTUFF, FASUBRA, FENASPS e a CSP-CONLUTAS batalhem por uma reunião unificada das organizações que foram contra o desmonte e querem seguir a luta. Lutar junto ao ANDES-SN pela construção de um Encontro da Classe Trabalhadora;

 3- Não ao acordão que salva os corruptos! Defendemos Prisão e confisco de bens dos políticos e empresários corruptos! Estatização, sem indenização, das empresas denunciadas na Lava jato, colocando-as sob controle dos trabalhadores. Revogação de todas as votações contra os trabalhadores e contra o patrimônio estatal durante a vigência desse esquema mafioso;

4- Por um plano econômico alternativo, operário e popular, para sair da crise! Defendemos o não pagamento da dívida interna e externa para investir em salário, saúde, educação e um plano de geração de empregos! Estatizar o sistema financeiro, baixar os juros, taxar as grandes fortunas e acabar com as isenções fiscais para investir em moradia popular e transporte público! Por reposição das perdas salariais semestralmente, redução da jornada de trabalho para 40h, congelamento dos preços da cesta básica e tarifas públicas. Por trabalho igual, salário igual.

02/07/17

Corrente Socialista dos Trabalhadores – PSOL

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