Maia não quer julgamento de Temer com mesmas regras de impeachment

Do site do PSOL:

Em reunião com deputados do PSOL e outros partidos da oposição, na noite desta terça-feira (27/06), o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ), afirmou que não quer que a sessão que vai decidir se autoriza ou não o início de investigação formal contra Michel Temer aconteça em um fim de semana, conforme proposto pela bancada do PSOL.

O debate do encontro girou em torno da denúncia enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, na noite de segunda-feira (26), apontando que Temer praticou crime de corrupção passiva no esquema delatado pelo empresário Joesley Batista, do grupo J&S, controlador da JBS. Na denúncia, Janot quer o presidente ilegítimo seja investigado. Para o PGR, o peemedebista foi o destinatário final de uma mala contendo propina de R$ 500 mil e de uma promessa de outros R$ 38 milhões em vantagem indevida, ambas da empresa JBS. Rocha Loures, preso desde o dia 3 de junho, é apontado como o intermediário da ação. O ex-assessor especial foi filmado pela polícia correndo com a mala contendo os R$ 500 mil.

Na reunião com Maia, o deputado Glauber Braga (RJ), líder da bancada, solicitou que a sessão no plenário da Câmara seja realizada em um domingo, com transmissão ao vivo para todo o país, chamada nominal de deputados e tempo de justificativa para cada voto. Segundo o deputado Ivan Valente (SP), presente à reunião, o presidente da Câmara afirmou que “uma terça ou quarta-feira” bastaria para a votação. O pedido do PSOL é para que a votação guarde simetria e igualdade com a que foi a da abertura do impeachment contra Dilma Rousseff, em 2016.

Além disso, existe o risco de Maia atrasar o processo, para que sua apreciação não ocorra antes do início do recesso parlamentar de julho. O PSOL quer que os deputados votem antes de qualquer coisa a abertura formal de investigação contra Temer. “Rodrigo Maia não pode acumular a função e a tarefa de líder do governo e presidente da Câmara”, afirmou Glauber Braga.

Para que o STF prossiga com as investigações contra Temer, são necessários ao menos 342 votos dos 513 deputados. No entanto, antes da votação no plenário, o processo tem que passar pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Nesta, a defesa de Temer terá 10 sessões para apresentar suas justificativas, o relator terá cinco sessões para emitir parecer – podendo ser prorrogado prazo por mais duas sessões, caso haja pedido de vista.

A base aliada de Temer no Legislativo pode tentar barrar o andamento do processo. Matéria publicada ontem pelo jornal Estadão afirma que líderes governistas pressionam o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), para influenciar na escolha do deputado que vai relatar a denúncia da PGR. Os governistas esperam a indicação de um parlamentar alinhado com o Palácio do Planalto.

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