Diante de Temer, seus ataques e ao racismo o povo negro resiste!

O dia 20 de novembro marca na memória do país o importante legado de luta e resistência que Zumbi dos Palmares, Dandara e outras importantes lideranças do movimento negro deixaram nas páginas da história. Legado esse fundamental para encarar a realidade atual a qual se encontra a classe trabalhadora brasileira, assim como milhões de negros e negras oprimidos pelo racismo institucional vigente no regime democrático burguês que já dura mais de 500 anos. Racismo esse que todos os regimes políticos mantiveram e aprofundaram, e agora, sobretudo desde 2013, ao compasso do aprofundamento da crise econômica.

Os dados são reais e não deixam mentir: negras e negros são a parcela da população mais marginalizada, desfavorecida, em praticamente todos os cenários; do ponto de vista econômico aos índices de violência, protagonizamos de maneira negativa as estatísticas sociais. A nível internacional, em meio a crise econômica capitalista, a política dos governos tem sido a de querer esmagar os povos e setores oprimidos. Porém, a luta dos refugiados em todo o mundo, contra a xenofobia e as fronteiras que impõem os governos, demonstra que a vida dos de cima não segue nada fácil.

Brasil: as faces do racismo institucional

No campo da violência o Atlas da Violência de 2017, lançado pelo IPEA, aponta que nos últimos vinte anos as taxas de homicídio entre negros não param de crescer, deixando a absurda marca de 71 negros mortos a cada 100 no Brasil, de acordo com estudo da Anistia Internacional. Sendo que entre os jovens os números se equiparam a países em situação de guerra, já que no período que vai de 2005 a 2015 foram registrados 60,9 mortes a cada 100 mil, totalizando 318 mil jovens (de 15 a 29 anos) assassinados neste tempo. No caso das mulheres, que sofrem com a violência doméstica e sexual quotidianamente, o homicídio aumentou em 22% de 2005 a 2015, enquanto que, no mesmo período, a taxa entre não-negras decresceu em pouco mais de 7%. É uma realidade escancarada: negros têm 23% maiores chances de morrer, pelo único e simples fato de serem negros.

Ainda nessa questão social, dentre os mais de 600 mil encarcerados brasileiros 61% são negros, muitos dos quais sequer foram julgados para assumir tal condição, ou cometeram pequenos crimes, como furtos, e poderiam perfeitamente cumprir penas alternativas perante a sociedade. O grande fator para tamanha elevação do número de presos se dá pela nova Lei de Drogas (11.343/2006), sancionada por Lula/PT e que trata como bandido qualquer um que esteja portando drogas ilícitas, ainda que em quantidades pequenas e mesmo que seja apenas usuário, deixando como parâmetro para se julgar se deve ser condenado ou não estereótipos de cor e condição social. Evidentemente que no dia-a-dia das favelas e periferias os carros da PM e caveirões abordam, na maioria das vezes, os jovens negros e pobres. Este fato demonstra que a polícia e a justiça perseguem pessoas de uma cor e classe social, a preta e pobre, e favorecem outra classe social, a dos ricos e poderosos. Basta lembrarmos de Aécio Neves/PSDB e o seu envolvimento com cocaína que a grande mídia deixou passar “despercebido”, Eike Batista sonegador de impostos e o próprio presidente Michel Temer/PMDB, investigados e mais do que comprovadamente corruptos mas que seguem soltos, ou vivendo em prisão domiciliar sob os maiores privilégios.

No aspecto socioeconômico, comprovadamente negros e negras são superexplorados pelos patrões diante de sua condição de oprimidos, isto é, além de terem explorada a sua força de trabalho pelo grande capital, como qualquer trabalhador, são também oprimidos pelo racismo vigente no país e impulsionado pela classe burguesa, o que lhes rebaixa salários e direitos. De acordo com o IBGE, apenas 17% dos negros brasileiros se encontram na condição de ricos, enquanto que por outro lado, ocupamos a taxa de mais de 75% dos mais pobres. Sem contar que negras e negros ocupamos, majoritariamente, os postos de trabalho mais precários, recebemos menos pela mesma função em relação a alguém não-negro. Somos também os menos escolarizados e os que vivemos em mais áreas de risco à saúde, sem saneamento básico etc.

As contrarreformas de Temer nos atingem mais

O governo de Michel Temer, juntamente com o Congresso Nacional corrupto, aplicam uma maldosa agenda reformas e ajustes contra os serviços públicos, o salário e os direitos da classe trabalhadora. As reformas Trabalhista, já em vigor, e a da Previdência, em tramitação, são os exemplos categóricos de que eles precisam atacar a nós e nossos direitos para seguir pagando os juros e amortizações da Dívida Pública aos banqueiros e demais agentes do Mercado Financeiro, enquanto morremos nas filas dos hospitais e parcelam salários e 13º nos estados.

Negros e negras compõem a massa de trabalhadores mais desqualificada do mercado de trabalho. É como diz o verso: “a carne mais barata do mercado é a carne negra”. Portanto, tais reformas e demais medidas de ajuste fiscal abalam duplamente os setores mais oprimidos, pois tenderão a serem os primeiros demitidos se considerarmos a sua não-qualificação.

Por uma nova GREVE GERAL para derrubar Temer, suas reformas e seu racismo!

Diante do cenário de tantos ataques, é nosso dever estar atento e forte. Assim, é responsabilidade fundamental das centrais sindicais a organização de novos calendários de lutas em todo o país, como foi feito de forma intensa no primeiro semestre de 2017. A CUT e a CTB, que são as maiores centrais do país e dirigem milhares de sindicatos, devem impulsionar o chamado e a organização de uma nova GREVE GERAL, tal qual foi a de abril, e não ficar pensando nas eleições de 2018 e negociando benesses com Temer e Rodrigo Maia/DEM em seus gabinetes.

Contudo, não podemos confiar as nossas forças nas mãos dos tantos dirigentes traidores e burocratas que estão a frente destas centrais, isso porque são os mesmos que na votação da Reforma Trabalhista em julho no Senado e nas duas denúncias contra Temer na Câmara não moveram uma palha para levar às ruas os milhões de indignados com o governo e suas medidas.

Portanto, é papel da CSP-Conlutas, do PSOL, PSTU e PCB, e todas as organizações que não têm ilusões nas velhas direções petistas, e não apostam as suas fichas para as eleições de 2018, já antecipadas por Lula, Bolsonaro e outros farsantes, a impulsionar um polo alternativo, uma Frente de Esquerda que organize a indignação, hoje pulverizada, e unifique as lutas para termos mais força contra Temer e seus aliados.

Essa tarefa é central também ao Movimento Negro e aos setores oprimidos, pois a luta pelas pautas democráticas e suas conquistas só serão possíveis se derrotarmos o projeto neoliberal de Temer, dos governos e patrões, garantindo, portanto, a suspensão do pagamento da Dívida Pública, transferindo verbas para a educação, saúde, emprego, igualdade dos direitos e salários, saneamento básico e moradia digna às periferias e favelas, para levar arte e esporte às comunidades carentes, bem como descriminalizar e legalizar as drogas como forma de por fim ao tráfico e assim combater o genocídio que assola o povo negro e a nossa juventude. Só a mobilização permanente, somado com a auto-organização de nossa classe nos locais de trabalho, estudo e nos bairros e a construção de uma nova direção ao movimento de massas é que poderá deter os planos do mau aplicados por nossos inimigos de classe.

Marcha da Periferia 2017: Abaixo o genocídio ao povo negro, Temer e suas reformas

É diante da necessidade de combater o racismo e os ataques em curso que devemos fortalecer as diversas ações que estão sendo construídas no Novembro Negro, impulsionado pela CSP-Conlutas, como a Marcha da Periferia, em que diversos movimentos sociais sairão às ruas do país para denunciar e combater o racismo e os ataques em curso, que ocorrerá nesta semana em diversas cidades brasileiras e até em outros países, e que em 2017 terá o seguinte tema: “Abaixo o genocídio ao povo negro, Temer e suas reformas”. Serão organizadas panfletagens, exposições e debates em diversas praças de bairros periféricos de todo o país. Ajudar a fortalecer tais ações é necessário.

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