Cristiane Brasil: Igualdade de gênero entre os ajustadores do povo?

No dia 3 de Janeiro, Temer indicou o nome da Deputada Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson (PTB) para o Ministério do Trabalho, em mais uma negociata para aprovar os ajustes contra a classe e garantir aliados para a votação da Reforma da Previdência. A indicação é um escândalo! Cristiane já foi condenada na Justiça do Trabalho por não assinar a carteira e nem pagar os direitos trabalhistas de um ex-funcionário que trabalhava para ela.

Desde que a notícia se tornou pública uma ação popular foi movida por um grupo de advogados que pedia que Cristiane não assuma o cargo. Posteriormente uma liminar impediu a posse de Cristiane, e a Advocacia Geral da União (AGU) entrou com recurso para tentar derrubar a liminar, até agora sem sucesso. 

O caso Cristiane Brasil reacende o debate: representatividade é um fim em si mesmo? Quando Temer assumiu após o Impeachment de Dilma, umas das principais defesas na linha do combate a opressão era o “time” de Ministros do Temer: homens e brancos. Em comparação com o “time” de Dilma que contava com muito mais “variedade”, com mulheres, negros e negras.

Representatividade não é o suficiente. Cristiane é mulher, isso não faz de seu mandato um pólo de luta e resistência para as mulheres trabalhadoras, ao contrário pois transforma a luta contra a opressão em uma grife instrumentalizada pelos Governos Burgueses, para aplicar o mesmo ajuste, mas com um verniz mais democrático, com “igualdade de gênero” entre os ajustadores!

Temer empossou outra mulher há alguns meses atrás, Luislinda Valois, que além de mulher é negra. Ela solicitou acumular o salário de Ministra com o de Desembargadora aposentada, o que garantiria um salário de mais de R$60 mil. Ela declarou que ao não acumular os salários estaríamos voltando a escravidão: “Sem sombra de dúvidas, se assemelha ao trabalho escravo, o que também é rejeitado, peremptoriamente, pela legislação brasileira desde os idos de 1888 com a Lei da Abolição da Escravatura”, uma chacota com o sofrido povo brasileiro que têm que se virar com menos de R$1000 por mês! Além do salário Luislinda tinha direito a carro com motorista, jatinhos da FAB, cartão corporativo, imóvel funcional e a salário de R$ 30,9 mil.

Quando era Presidente, Dilma também tinha Ministras mulheres, e isso não garantia a defesa das trabalhadoras, como por exemplo Kátia Abreu, a mulher de confiança dos ruralistas, assassina de indígenas e trabalhadores rurais! A própria Dilma cortou sistematicamente verbas do combate a Violência Contra Mulher, não entregou sequer 1/3 das creches necessárias para abarcar a necessidade das mães e não garantiu delegacias para as mulheres agredidas.

Para ser coerente com a pauta das mulheres é necessário ter um programa que defenda os direitos das trabalhadoras!Um ataque aplicado por um oprimido (seja de gênero, raça ou orientação/identidade sexual) continua sendo um ataque para as/os trabalhadoras/es, cujas mais afetadas são as negras e pobres! Se empossada, Cristiane Brasil com toda certeza ajudará a aprovar a Reforma da Previdência. Suas posições até aqui, já demonstraram que ela é mulher, mas não é uma de nós, pois não está do nosso lado. Sendo uma ajustadora, merece o mesmo fim de todos inimigos do povo: cadeia, além de um lugar reservado na lata de lixo da história!

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