Israel: uma história de teocracia, racismo e colonização da Palestina
Por Tailson Silva – Professor (CST – PA)
Na semana passada, por 62 votos a favor e 55 contra, o Parlamento israelense aprovou uma lei que define Israel como um Estado exclusivamente judeu. A proposta define “Jerusalém unificada”, como capital de Israel e o Hebraico como a única língua oficial do país.
Esta votação não ocorre apenas por questões conjunturais, pelo fato do governo atual de Benjamin Netanyahu ser parte da ala mais a direita da política israelense ou pelo apoio quase incondicional de Trump a Netanyahu, para que este siga atacando o povo palestino. O que ocorre na Palestina é uma colonização, onde os sionistas, que defendem a criação de um Estado exclusivamente judeu na Palestina, imprimem uma violenta e paulatina conquista dos territórios palestinos.
A proposta dos sionistas sempre foi a conquista total do território histórico da Palestina. Se não conseguiram dominar tudo até agora, se deve pela resistência heróica dos palestinos. De guerras, bombardeios, operações militares, limpezas étnicas, legislações e outras ações dos sionistas, desde 1947, as terras palestinas foram dando lugar ao Estado de Israel e as centenas de colônias sionistas em territórios palestinos. Tudo isso, com apoio das principais potências mundiais desde 1948, sobretudo do imperialismo norte-americano, dos organismos internacionais, como a ONU e da imprensa mundial.
As mudanças votadas no parlamento israelense vão de encontro com a proposta de país, elaboradas pelos primeiros sionistas, no fim do século XIX. Quando definem Israel como o Estado do povo judeu, estão propondo um país exclusivo, teocrático e racista, onde minorias não são toleradas, neste caso os palestinos. Por isso o Hebraico como única língua oficial de Israel, reduzindo a língua árabe a uma categoria “especial”, uma língua dos sub-cidadãos palestinos, ou seja, dos 20% de árabes-palestinos, que conseguiram resistir e ficar dentro das fronteiras de Israel.
Esta lei também define que todos os judeus do mundo têm o direito de migrar para Israel e obter a cidadania. Esta proposta se baseia numa disputa ideológica e demográfica. A primeira é convencer os judeus do mundo a embarcar no projeto de colonização sionista da Palestina, algo que não é fácil, uma coisa é apoiar Israel, a outra é arriscar sua vida como instrumento desta colonização. A segunda é que mesmo com todas os avanços dos sionistas, até hoje na Palestina existe um equilíbrio demográfico, entre israelenses e palestinos e isso sempre atrapalhou os planos sionistas, pois sem uma maioria esmagadora de habitantes, Israel não conseguirá colonizar toda a Palestina.
Não a toa que o Estado de Israel irá dispor de recursos especiais para a construção e expansão das colônias sionistas em territórios palestinos, que abrigam cerca de 700 mil colonos israelenses, numa grande ofensiva sobre os territórios palestinos em Jerusalém oriental e Cisjordânia, buscando garantir a posse total da cidade de Jerusalém, para dar lugar a capital de Israel. Enquanto a cobiça pela Cisjordânia e Jerusalém oriental vai no sentido de uma desejada anexação destas áreas ao Estado de Israel, na Faixa de Gaza a ideia é outra.
A Faixa de Gaza vive sob um criminoso bloqueio econômico desde 2007. O Enclave palestino, onde moram cerca de 2 milhões de pessoas está sitiado e é bombardeado sistematicamente pelas forças de segurança de Israel. A entrada de combustíveis, gás, alimentos, remédios ou outros mantimentos humanitários são controlados por Israel. O uso de energia elétrica é de apenas 6 horas diárias, a áerea de pesca é reduzida a 6 milhas náuticas. As duas saídas de Gaza são bloqueadas e controladas, por Israel e pelo governo do Egito na fronteira de Rafah. Além disso, atualmente 80% das fábricas da Faixa de Gaza estão fechadas, ampliando o já elevado desemprego dos moradores do enclave palestino. Hospitais, casas e escolas vivem destruídos por bombardeios, ou seja, a vida em Gaza está se tornando quase impossível, uma forma de aprisionar os palestinos em um enclave de morte e desesperança, onde o êxodo seja a única solução.
Este ano, Israel completa 70 anos de fundação e os sionistas contam com o apoio de Trump e Putin, que reuniram recentemente pra debater a segurança de Israel, e também pra dar sinal verde para o prosseguimento da colonização de todo o território da Palestina, seguindo a histórica política de expulsão dos palestinos de suas casas e terras e ampliando o regime de Apartheid, onde as leis são baseadas no racismo e no uso de metralhadoras, mas também, por dezenas de muros e milhares de prisões arbitrárias, inclusive de crianças.
Israel, desde sua fundação, se efetivou como um Estado teocrático, muito distante do que seria um Estado laico e democrático. Ou seja, um Estado onde as instituições não previlegiam religiões ou povos, onde não exista distinções entre cidadãos privilegiados e detentores de direitos civis, na contramão de sub-cidadãos oprimidos, como no caso dos palestinos em Israel e nos seus territórios ocupadoa e da África do Sul nos anos do Apartheid. Israel é um exemplo de como um Estado teocrático, baseado em leis racistas e religiosas, deve ser combatido por todos os lutadores do mundo. Algo semelhante ao que Marcelo Crivella (PRB) vem tentando fazer no Rio de Janeiro ao usar a máquina pública carioca em favor dos membros da sua Igreja (Universal do Reino de Deus) e que outros políticos conservadores e da bancada religiosa pensam em fazer no Brasil.
Repudiamos os bombardeios sobre Gaza, os muros do apartheid por toda a Palestina e os assassinatos e prisões sumárias dos palestinos. Defendemos o direito de retorno a todos os refugiados palestinos expulsos de suas terras e casas. Nos colocamos em defesa a luta Palestina, contra todas as agressões de Netanyahu, Trump, Putin e dos sionistas contra o povo palestino.
Reafirmamos que nossa luta não contra os judeus e sim contra os sionistas que querem colonizar a Palestina. Todos os lutadores pró-Palestina, incluindo os judeus não sionistas são parte desta batalha pelo fim do Estado sionista de Israel e pela Palestina livre, laica, democrática e não racista, onde judeus, muçulmanos e cristãos vivam em harmonia, sem leis racistas e colonialistas.