Organizar a luta contra os ataques de Bolsonaro aos trabalhadores

Contribuição da Corrente Sindical Combate à Coordenação Nacional da CSP-Conlutas

Esta reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas acontece em meio a um dos maiores desa­fios já enfrentados pela nossa central: organizar a luta dos trabalhadores contra um governo de extrema–direita que acaba de vencer a eleição.

Bolsonaro ainda nem assumiu, mas seu gabinete “de transição” já discute aprofundar os ataques que Temer não conseguiu concluir. A Reforma da Previdência é o primeiro grande embate que a equipe de Bolsonaro, em conluio com Temer, quer fazer contra a classe trabalhadora. Querem ainda aprofundar a implantação da Reforma Trabalhista, rasgando de uma vez por todas a CLT e privatizar diversas empresas estatais. Os educadores também são duramente atacados e a luta política e ideológica contra o projeto “Escola sem Partido”, que busca acabar com a liberdade dos professores em sala de aula, está na ordem do dia. Ou seja, mesmo antes de assumir, Bolsonaro já mostra a que veio: aplicar e aprofundar as reformas e ataques que os governos anteriores não conseguiram aplicar.

Construir a unidade para lutar

Contra esta onda de ataques que Bolsonaro prepara contra a classe trabalhadora vamos precisar de muita unidade na luta. Em cima de pontos concretos, como derrotar a Reforma da Previdência, lutar contra as privatizações e a implantação da Reforma Trabalhista, defender as liberdades democráticas dos movimentos sociais e do conjunto de nossa classe, entre outros pontos, devemos construir a máxima unidade de ação. Para tanto, vamos exigir que as maiores centrais do país (CUT, Força, CTB, UGT) construam desde já uma agenda de plenárias e assembleias na base das categorias para que possamos preparar a classe trabalhadora para esse grande enfrentamento.

Fortalecer a CONLUTAS como um polo classista

Em meio à crise do país e à deterioração do nível de vida, mais que nunca é preciso fortalecer ferramentas de independência de classe para que possamos enfrentar o governo e a patronal. A CSP-Conlutas, a única central sindical do país que se manteve independente frente a todos os governos, pode se fortalecer muito nas lutas que virão. Para tanto, além de se colocar à cabeça da mobilização, deve atuar com a maior democracia, para permitir a integração e participação de todos os que querem lutar. Essa deve ser uma das principais tarefas dos sindicalistas combativos e anti-burocráticos de todo país que construímos a CSP-Conlutas.

Nesse processo de lutas vamos apostar no surgimento de novos dirigentes sindicais que nos permitam organizar e enraizar a nossa central cada vez mais pela base. Precisamos construir a mais ampla unidade de ação com as demais centrais, que organizam milhões de trabalhadores, mas sabendo de nossas diferenças. Infelizmente, os enfrentamentos contra os governos petistas e do PMDB demonstraram que o projeto de conciliação das principais centrais foi um verdadeiro empecilho para o avanço de nossa classe.

Somos otimistas. Nossa classe não está derrotada e cada vez que foi convocada demonstrou sua vontade de lutar. O mesmo demonstraram as mulheres nas jornadas do #ELENÃO e a juventude

enfrentando a truculência dos TSEs nas universidades. Teremos pela frente um governo de viés autoritário que tentará aplicar o plano de ajuste que o mercado exige para sair da crise. Não vamos pagar pela crise! Vamos organizar a luta contra os ataques do governo Bolsonaro.

A começar pela Reforma da previdência, as contrarreformas, o sucateamento dos serviços públicos e o arrocho salarial. Nenhum direito a menos! Em defesa da educação, por mais verbas, qualidade e contra o autoritarismo! Justiça pra Marielle, ­m dos ataques às minorias, da intervenção federal e contra a alteração da lei antiterrorismo! Há dinheiro suficiente para resolver esses problemas sem atacar os trabalhadores: basta retirar dos agiotas do sistema ­financeiro que sugam as riquezas geradas por nosso trabalho mediante o imoral mecanismo do pagamento da dívida pública.

Como chegamos até aqui ?

Há um debate colocado na esquerda brasileira e nas organizações da classe trabalhadora de como chegamos a esta situação onde Bolsonaro vence a eleição com o voto de milhões de trabalhadores. Responder a essa questão é fundamental para armar à classe trabalhadora para o enfrentamento ao governo Bolsonaro e também para a luta pela construção de uma nova direção política e sindical para a nossa classe.

O fato que vimos em 2018 foi que muitos trabalhadores votaram em Bolsonaro centralmente para derrotar o PT. Acreditamos que foi um erro esse voto, mas é preciso buscar sua explicação. O PT, durante seus 13 anos de governo, cometeu enormes traições contra a classe trabalhadora. Não à toa entregaram o país com mais de 12 milhões de desempregados, atacaram direitos trabalhistas, reprimiram mobilizações, governaram com o PMDB, e seus dirigentes entraram nos esquemas de corrupção se apropriando de dinheiro público, ao invés de denunciá-los como o PT prometia antes de chegar ao poder.

Essas inúmeras traições levaram os trabalhadores a um voto castigo contra o PT. Infelizmente, grande parte da esquerda brasileira, no auge da crise petista em 2015/16, ao invés de militar para construir um polo, uma alternativa de esquerda ao PT, optou por correr para salvar o partido de Lula, deixando o caminho aberto a Bolsonaro, que conseguiu capitalizar a crise petista. Não fazer esse balanço hoje, não ajuda à classe trabalhadora na urgente necessidade de superar o projeto de conciliação de classes do PT.

23,24 e 25 de novembro de 2018

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