México: Qual é o futuro da classe trabalhadora diante do governo de AMLO (Andrés Manuel Lopez Obrador)?

Editorial do jornal “El Socialista” 412, Movimento ao Socialismo (UIT-QI no México)

Milhões de trabalhadores e trabalhadoras votaram em AMLO (Andrés Manuel Lopez Obrador), na esperança de que se acabaria com o neoliberalismo, que impôs salários de miséria, perda de direitos fundamentais, bem como a predominância das empresas out sourcing e contratos de proteção patronal, a favor dos interesses dos empresarios, e especialmente em direção ao capital transnacional.

Depois de poucos meses de sua posse essas esperanças são postas a prova, pois AMLO e seu partido têm impulsionado uma nova reforma de trabalho, exigida nada menos do que pelo congresso dos Estados Unidos e pelo governo de Donald Trump, como condição para aprovar o novo Tratado de Livre Comércio, pondo como prazo final a data de 30 de abril. Prazo que a todo o custo pretendem cumprir.

Claro que Donald Trump e o congresso americano, não se importam com os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras mexicanos, o que realmente procuram é cuidar da sua nova política protecionista, tentando evitar a concorrência “desleal” que antes promoveram, ao impor salários de miséria que favoreciam os investimentos de suas empresas no nosso país. Mas o que realmente chama a atenção, é que o governo de AMLO e os legisladores mexicanos, hoje liderados por MORENA, se curvem diante de tais exigências imperiais.

O mesmo fizeram no caso dos milhares de migrantes centro-americanos que fugiram de seus países, acreditando nas promessas de um desenvolvimento econômico sem precedentes em nosso país, aceitando condições humilhantes perante o governo de direita de Trump, servindo de quintal, recebendo, contendo e agora utilizando até mesmo a repressão, para evitar que inundem o seu território, como o fazem no nosso. Sem garantir a sua estadia e não afetando ao mesmo tempo as populações que servem de passagem para as caravanas.

O pior é que AMLO e seu partido pretendem apresentar a reforma como uma “conquista histórica”, como se, graças a eles, finalmente fosse alcançada a tão esperada liberdade sindical, pela qual lutaram durante décadas as organizações independentes. Mas na realidade se negam a votar uma verdadeira reforma do trabalho integral em favor da classe trabalhadora, o que implicaria acabar com a contrarreforma de 2012, promovida por Felipe Calderón e apoiada por Peña Neto, bem como acabar com out sourcing, as empresas fantasmas e simuladoras que protegem as grandes companhias, para começar.

Porque para acabar com o neoliberalismo teria que acabar com a contenção e o limite salarial, como ficou demonstrado nas importantes greves universitárias, que o governo da chamada 4 ª transformação não prestou atenção, pois as ignorou olimpicamente; por isso a greve organizada pelo SITUAM (Sindicato Independente de Trabalhadores da Universidade Autônoma Metropolitana) já completou 85 dias, onde se destaca a total omissão governamental, quando tem em suas mãos a verdadeira solução: o aumento ao orçamento das universidades públicas, um verdadeiro apoio à educação pública e gratuita.

Por isso, chamamos os trabalhadores e trabalhadoras a rejeitar os falsos argumentos do governo, bem como a sua atual reforma de trabalho, as demissões em massa nas diferentes secretarias; justificam-se dizendo que são “aviadores”, mas a verdade é que o governo é um dos principais empregadores que utiliza  trabalhadores contratados de forma irregular, burlando os seus direitos.

Temos que defender a independência de classe das nossas organizações, para lutar novamente pela defesa dos nossos direitos, sem cair nas manobras do atual governo, que traiu as ilusões dos trabalhadores da educação, que pensaram que com ele se acabaria a mal chamada Reforma Educacional da Penha Neto, quando na verdade se impôs novamente uma política contra os interesses dos trabalhadores da educação.

Este não é o nosso governo; o poder da classe trabalhadora deve ser construído de forma independente e democrática, sem acreditar em falsas promessas, enfrentando a continuidade dos planos neoliberais a favor das empresas, organizando ao mesmo tempo uma alternativa política que lute de forma independente. Forma consequente para os interesses e a independência da classe trabalhadora do nosso país e do socialismo.

 

Movimiento al Socialismo – México  (www.uit-ci.org)

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