Derrotar a política de extermínio de Witzel: Vidas pobres e negras importam!

A pretexto de combater traficantes, no sábado, 04 de maio, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSL), numa cena grotesca fez um vídeo e sobrevoou de helicóptero a cidade de Angra dos Reis, de onde militares praticavam disparos aleatórios na área de uma favela. O ato do governador foi postado nas redes sociais por ele mesmo. Demonstração típica de um governo autoritário e ultraconservador.

Na capital do estado, há inúmeros relatos de pessoas sendo mortas por atiradores à distância.  Na última segunda-feira, uma operação do CORE deixou 8 mortos no Complexo da Maré, causando pânico nos moradores e prejudicando as aulas da comunidade.

Dados oficiais do ISP (Instituto de Segurança Publica) mostram que com Witzel a polícia é responsável por 1 a cada 3 mortes no RJ. Só nos dois primeiros meses de 2019, 305 pessoas foram assassinadas por policiais, maior número desde o início do levantamento, feito desde 1998. Já o crescimento no período de um ano, entre o governo Pezão (MDB), passando pela intervenção federal e o início do governo de Witzel, é de 17%. Segundo pesquisadores nas últimas décadas assistimos inúmeros governos sem políticas sociais e planos concretos para a segurança pública, baseados no discurso da “lei e ordem”, que nada solucionam. Prejudicando sempre, em maior medida, o povo negro.

A extrema direita é racista!

A política genocida de insegurança pública é uma marca dos governos da classe dominante racista brasileira. O racismo é um instrumento do capitalismo no Brasil que continua marginalizando e matando a maioria da população negra.   A burguesia nacional, predominantemente branca, com sua consciência de classe dominante, sabe que para manter sua dominação precisa utilizar repressão contra as massas proletárias das favelas, das baixadas, das periferias, o povo negro. Os governo de extrema direita de Bolsonaro, do Ministro Moro e do governador Witzel aprofundam essa lógica, como sua propostas de Snipers e Projeto de Lei de legalização das chacinas nas favelas. Diretamente ligado a isso estão enquadrados os 80 tiros que assassinaram o músico Evaldo dos Santos por parte do exército. E o assassinato do jovem Pedro Henrique num supermercado Extra. O próprio Witzel esteve ao lado dos que quebraram a placa de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro e liderança do PSOL brutalmente assassinada. O juiz-governador Witzel é mais um agente dessa burguesia racista e não tem nenhum pudor em ser visto como o carrasco, que lidera o extermínio nas favelas.   Esse exibicionismo de viés genocida é coerente com o racismo da ideologia de extrema direita e seu projeto político. E esse projeto passa pela precarização da saúde, pelo sucateamento da educação, da desqualificação da cultura, pela falta de moradia e acesso a terra.

Mais políticas sociais nas favelas!

O governador diz que está combatendo a “bandidagem” no mesmo discurso do presidente Bolsonaro e seu ministro Moro. Mas a verdadeira bandidagem não está sendo combatida no RJ. Empresas e empreiteiras favorecidas pelos governos estaduais, que quebraram as finanças do estado; a milícia que se tornou uma das organizações criminosas mais perigosas do estado e que tem braços no parlamento, no executivo e no judiciário. Essa peça de marketing do governador esconde que ele não consegue dar respostas concretas aos problemas mais sentidos da população: o desemprego, a fome, falta de moradias, a crise na saúde pública e na educação.

Apenas com políticas sociais a criminalidade diminui. Isso não significa, deixar o povo a mercê do crime organizado. Exigimos imediata atuação contra os megatraficantes de armas, os cartéis do tráfico e as milícias por meio do reforço a vigilância, ações de inteligência e melhor preparo para enfrentar e punir essas quadrilhas cujas ramificações estão no poder. Devido a falência da estratégia proibicionista, defendemos o fim da guerra às drogas que hoje significa apenas encarceramento e extermínio da juventude das favelas: é necessário legalizar e regulamentar o uso medicinal e recreativo das drogas e assim acabar com o mercado paralelo que alimenta o lucro das empresas do tráfico (que em grande medida financiam campanhas dos partidos tradicionais).

Exigimos aumentos dos investimentos nas áreas sociais pois há dinheiro: basta pôr fim às isenções fiscais aos empresários, ao pagamento da dívida do estado, e confiscar os bens dos empresários e banqueiro corruptos para colocar esses recursos a serviço da população, investindo em saúde, educação, segurança, cultura, transporte estatal, concursos públicos, casas populares e obras de infraestrutura, gerando emprego e renda.

Seguir lutando!

Tudo isso mostra como são hipócritas as comemorações sobre a “libertação dos escravos” com a assinatura da Lei Áurea no 13 de maio. Hoje, como antes, o povo negro deve seguir lutando sem nada esperar dos governantes.  Nossa saída é enfrentar nas ruas e dizer em alto e bom som que nossas vidas importam. Através da mobilização podemos derrotar esse governo que extermina o povo nas favelas. Algo que devemos levar para as ruas também na jornada nacional de lutas do dia 15 de maio e na greve geral de 14 de junho. É preciso ampliar a divulgação sobre o que está acontecendo no rio de janeiro. Exemplos são o que a Deputada Estadual Renata Souza, presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, fez denunciando Witzel na OEA e o que a deputada federal Talíria Petrone fez denunciando o caso a ONU. Defendemos a necessidade investigar e condenar os responsáveis pelos desrespeitos aos direitos humanos. Os moradores das favelas, o movimento negro, organizações de direitos humanos, sindicatos, comissões de moradores e a esquerda devem exigir a responsabilização de Witzel, do governo federal e da cúpula das tropas, com militares sendo julgados pela justiça comum e não por tribunais militares. Defendemos justiça para Marielle, Anderson, Evaldo Santos e Pedro Henrique.

 8 de maio 2019

Corrente Socialista dos Trabalhadores – Tendência do PSOL

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