Entrevista com o vereador Babá, PSOL – Rio de Janeiro

O jornal Combate Socialista entrevistou o vereador Babá (PSOL-RJ)* sobre a situação do rio de janeiro e a recente instalação da CPI que vai apurar as condições de trabalho de professores, merendeiras e todos os profissionais de dentro das escolas.

 

C.S – O prefeito Marcelo Crivella (PRB) acaba de sair de um processo de Impeachment. Qual a sua avaliação sobre esse processo?

Babá – Muitos trabalhadores votaram em Crivella acreditando que ter um pastor à frente da Prefeitura seria melhor. Já no primeiro ano de mandato, a economia encolheu e um ajuste contra os servidores e os serviços públicos foi aplicado. A Prefeitura diminuiu o orçamento da saúde, cortou 184 equipes de saúde da família e não irá concluir as obras da Avenida Brasil. O processo de ruptura do povo trabalhador com Crivella é muito progressivo, porque se vê que ele não governa para a classe trabalhadora e isso abre espaço para um projeto alternativo de esquerda.

C.S – Como essa ruptura se refletiu na Câmara?

Babá – Nas eleições de 2018, Crivella saiu muito derrotado, não conseguindo emplacar seu filho como Deputado. Passou a culpar os vereadores da base de apoio, isso gerou um mal-estar. Como a crise era grande nas ruas, isso também pressiona o parlamento. No final das contas, Crivella só se safou do Impeachment, porque fez o que todo prefeito burguês faz: negociar apoio em troca de espaço, secretarias e o velho toma lá dá cá. Mas Crivella já não governa, não tem base social nenhuma que o sustente.

C.S – Qual foi a posição da bancada do PSOL nesse processo?

Babá – A bancada votou a favor do Impeachment, porque entendia que isso ajudava no processo de mobilização contra essa administração. Nosso mandato, particularmente, denunciou o acordão que livrou Crivella da cassação.

C.S – No último mês, você aprovou uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Qual será a investigação?

Babá – Em meio à crise da Prefeitura, conseguimos assinaturas para aprovar uma CPI. Essa comissão irá apurar as condições de trabalho de professores, merendeiras e todos os profissionais de dentro da escola. Queremos entender o que levou à situação de crise das unidades de ensino e às consequências na qualidade da educação prestada a crianças e adolescentes. Será um desafio e nosso mandato disponibilizará os dados dessa CPI como um instrumento para a luta por uma educação pública e de qualidade.

C.S – A CPI já foi instalada? Quais os próximos passos?

 Babá –Já houve a primeira reunião de instalação e fui eleito presidente da CPI. No próximo mês, vamos visitar escolas, escutar os trabalhadores nas escolas e colher todos os dados possíveis. A crise da educação é a falta de recursos e estrutura e não a suposta ideologização ou marxismo cultural como o bolsonarismo quer fazer acreditar. Essa CPI vai ajudar a colocar luz sobre esse debate.

 

(Originalmente publicado na edição n°100 do jornal Combate Socialista)


 

*Babá é servidor público, professor da UFRJ. Atualmente exerce o mandato de vereador na bancada do PSOL carioca.  Na década de 1980 participou da direção da CUT e da FASUBRA. Como parlamentar do PT, nos anos 1990, apoiou ocupações dos sem-terra, sem-teto e o MST.  Em 2003, apos ser expulso do PT, juntamento com Luciana Genro e Heloísa Helena, foi um dos fundadores do PSOL e uma das liderança da Frente de Esquerda nas eleições de 2006 (PSOL, PSTU, PCB). Posteriormente apoiou ativamente a greve dos bombeiros, da educação, do Comperj, o Fórum de Lutas contra o Aumento das Passagens e as greves dos garis. Seu mandado está a serviço das lutas da classe trabalhadora, do tsunami da educação, movimento populares e da construção da CSP-CONLUTAS (Central que agrupa o sindicalismo classista e combativo). Baba possui uma longa trajetória no movimento trotskista internacional, integra a coordenação da CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores – tendência do PSOL) e é militante da UIT-QI (Unidade Internacional da Classe Trabalhadora – Quarta Internacional).

 

 

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