#BoletimEletrônico | Para combater o coronavírus e o ajuste é preciso uma oposição combativa

Editorial do Boletim Eletrônico do jornal Combate Socialista

 

A pandemia do COVID-19 continua fazendo vítimas. São 13 mil contaminados e 667 mortes. Nas próximas semanas o mais provável é que os problemas com os leitos apareçam e aumentem as mortes. Paralelamente a crise econômica e social, que já existia, se aprofunda. A fome e o desemprego continuam a fazer vítimas.

Basta olhar o fluxo do metrô de SP ou a barca Rio/Niterói para verificar que inúmeros serviços não essenciais continuam em funcionamento condenando a classe trabalhadora à contaminação. Nas periferias e favelas, o povo trabalhador sofre sem água encanada e sabão e vive amontoado em barracos, constituindo setor de risco. Aumenta o número de pessoas em situação de rua, numa vulnerabilidade imensa.

É preciso agir urgentemente. O tempo é vital e corre contra a classe trabalhadora e setores populares. Já vimos que da parte da presidência da república nada de bom virá. Bolsonaro é um obstáculo para atuação científica e planejada de contenção a pandemia e resolução da crise social. Pelo atual presidente tudo estaria funcionando normalmente e o lucro dos multimilionários do Madero, Girafas e Havan, garantido. Afinal, como disse o nosso presidente “alguns vão morrer mesmo” como se fossemos apenas números e estatísticas. Não por acaso a maior parte da população é contrária às ações do atual governo.

Necessitamos de um plano emergencial que contenha o coronavirus, que invista pesado na saúde pública e fortaleça o SUS, que garanta salário, emprego e renda mínima para os trabalhadores desempregados e informais. É preciso se organizar e lutar por essas medidas, aprofundando os panelaços e a mobilização nas categorias de atividades não essenciais que continuam em funcionamento.

Nenhuma confiança no Ministro Mandetta e no deputado Rodrigo Maia

Diante de um presidente tão irresponsável com atitudes criminosas, como é Bolsonaro, qualquer coisa parece ser um ilusório “menos pior”. Mas é preciso estar atento e refletir bem. O Ministro Mandetta é integrante da equipe do governo do Capitão Bolsonaro e do General Mourão, da extrema direita, que defende o fim dos direitos trabalhistas e previdenciários e das liberdades democráticas, parceiro da cúpula militar saudosa dos anos de chumbo da ditadura militar de 1964. Integra o governo que destrói o SUS e defende a privatização de todas as áreas sociais e compõe o time de Guedes e Moro. O fato dele defender isolamento social em alguns setores, como os governadores não faz dele um aliado dos trabalhadores e do povo, apenas confirma que Bolsonaro precisa ser demitido pelo povo trabalhador para que possamos minimamente conter a pandemia. Defender o isolamento social, orientada por organizações com a OMS, não é mais do que a obrigação do Ministro da Saúde. Por fim, Mandetta tenta preservar seu capital político pensando em seu próprio futuro. Não podemos nos iludir, ele é um político da extrema direita.

No mesmo sentido é preciso refletir sobre o presidente da câmara. Apesar das divergências de Rodrigo Maia e Alcolumbre com o presidente Bolsonaro, num ponto eles estão juntos contra os trabalhadores: a manutenção da política econômica capitalista que favorece os bancos, as multinacionais e grandes empresários. Nessa semana a pauta do congresso foi a ação conjunto com o Ministro Guedes, que recebe ordens de Bolsonaro, para aprovar a PEC do orçamento de Guerra que garante o repasse de trilhões de reais ao sistema financeiro. Não custa lembrar que Rodrigo Maia é um político do DEM (antigo e nefasto PFL, entulho político da ditadura Militar) que defendeu o governo ilegítimo de Michel Temer, garantindo votos para que as denúncias da PGR não levassem a queda do ex-presidente vampirão. E por fim, não podemos esquecer que foi Rodrigo Maia quem articulou os votos para aprovar as principais medidas de ajuste fiscal dos últimos anos 3 anos: a reforma trabalhista, o teto de investimentos e a reforma da previdência, três dos mais profundos ataques contra a classe trabalhadora e o povo. O fato de que Maia tenha atritos com Bolsonaro não faz de Maia um aliado da classe trabalhadora e do povo, significa apenas que existem divergências em algumas pautas entre a extrema direita de Bolsonaro e a velha direita tradicional de Rodrigo Maia.

O importante é saber utilizar as disputas e divergências no andar de cima, aproveitar os atritos entre as várias frações da burguesia para fazer avançar a luta operária e popular. Para utilizar as brechas que surgem em momento assim onde possamos aprofundar a luta de classes e construir uma alternativa de esquerda, socialista, de forma independente e classista.

A oposição precisa construir um panelaço nacional e greve geral

Num momento em que há muitos debates dentro do próprio governo e cai a popularidade de Bolsonaro, a oposição precisa cumprir papel ativo na construção de panelaços e construir a data de uma greve geral. Com panelaços e paralisação das categorias podemos conquistar medidas urgentes para a classe trabalhadora e ir construindo uma alternativa dos de baixo, da classe trabalhadora e da esquerda socialista.

Os partidos de oposição fazem discursos com críticas ao presidente, a UNE apresentou um programa emergencial para educação e a CUT fala do #ForaBolsonaro e da suspensão do pagamento da dívida. A luta contra a dívida é um dos centros dos problemas nacionais, e vem sendo alvo de uma campanha da Auditoria Cidadã da Dívida. É fundamental que Haddad, Dino, Ciro, Lula, PT e PCdoB, a direção da UNE somem esforços a serviço da bandeira defendida pelo CUT de “Fora Bolsonaro” e pela suspensão do pagamento da dívida pública. Alem dos discursos e das declarações nos sites precisamos que a CUT, UNE, e as oposições construam um plano de luta através de um calendário de panelaços centralizados e uma greve geral do conjunto das categorias que não são parte dos serviços essenciais e seguem trabalhando apenas pela ganância dos patrões. Apelamos às direções de CUT, CTB, Força Sindical, UGT, UNE, UBES, ANPG, MST, Frente Brasil Popular e Povo sem Medo que convoquem uma greve geral para colocar para fora Bolsonaro, Guedes e Mourão.

A situação é grave e por isso precisamos nos organizar e lutar. A CST defende:

Licença remunerada e estabilidade no emprego para todas as categorias. Reversão imediata das atuais demissões, reduções de salários e direitos em setores como rodoviários, bares, restaurantes, aviação, setores da educação nos municípios, etc. Suspender propostas de corte de direitos nos Correios e Petrobras. Garantia de EPIs, condições higiênicas e demais reivindicações dos trabalhadores da saúde e das categorias dos serviços essenciais.

Pela estatização dos hospitais privados (para combater a pandemia, fazendo valer o Sistema Único de Saúde), dos grandes hotéis e imóveis dos especuladores (para abrigar os que necessitarem) e do agronegócio e da indústria dos alimentos (para produção e distribuição de cestas básicas a pessoas necessitadas) da indústria farmacêutica e grandes redes de laboratórios (para utilizar seus recursos a serviço de fortalecer institutos de pesquisa públicos para testar e buscar medicamentos e vacinas efetivas).

Suspender o pagamento da dívida aos banqueiros e destinar todos os recursos do tesouro nacional para garantir investimentos robustos em saúde pública, novos leitos com ventilação mecânica, novas UTIs, novos hospitais, equipes de saúde da família e evitar o colapso do sistema de saúde. Defendemos a estatização do sistema financeiro, o controle do câmbio, o fim da agiotagem dentro do Banco Central, o fim das remessas das multinacionais ao exterior e a taxação das grandes fortunas, como parte de uma nova política econômica, alternativa ao modelo atual, e que esteja a serviço da classe trabalhadora e dos setores populares.


 

Acompanhe também a Campanha “A vida acima da dívida”

▄   Salvar a vida do povo trabalhador e não o lucro dos bancos!

▄   Suspender o pagamento para garantir investimento em saúde, salário e emprego.

▄   Parar de pagar a dívida com os banqueiros para enfrentar a pandemia no Rio de Janeiro

 

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