VENEZUELA | Repudiamos as ingerências aventureiras alheias ao povo trabalhador

Por: Partido Socialismo e Liberdade (PSL), sessão da UIT-QI na Venezuela. Traduzido por: Lucas Schlabendorff


            Na madrugada do dia 3 de maio, ex-militares e ex-policiais venezuelanos, acompanhados por mercenários ianques, foram capturados ou assassinados tentando uma incursão armada no território venezuelano. Haveriam ao menos dez pessoas detidas e oito teriam sido mortas, segundo a versão oficial. Uma embarcação foi detectada nos arredores da cidade de Macuto, outra na cidade de Chuao, e as detenções restantes foram realizadas no Puerto Cruz, todas localizadas na costa central, nos estados de La Guaira e Aragua.

            As primeiras reações de grande parte da população foram de incredulidade. Algo entendível dada a propensão do governo em fabricar todo tipo de mentiras e as mais incríveis teorias conspiratórias para justificar todos os problemas do país, dos quais ele nunca é responsável. No entanto, com o correr das horas, os fatos ficaram evidentes. Tanto o ex boina verdei ianque Jordan Goudreau, dono da empresa Silvercorp, empresa de segurança privada, porta-vozes da chamada “Operação Gedeon”, e mesmo Juan Guaidó, reconheceram a ação. Inclusive, jornalistas simpatizantes da oposição patronal tornaram público o contrato com a Silvercorp, para levar a cabo essa operação, o qual teria sido assinado por Guaidó. Esse, depois de se contradizer, agora tenta se esquivar, mas não diz nada a respeito do contrato que assinou.

            As comparações com a Invasão da Baía dos Porcos (Cuba) por parte de mercenários a serviço dos EUA na década de 60, feitas com insistência pelo governo de Maduro, carecem de seriedade. No caso atual, se trata de uma operação muito limitada, de características aventureiras, que reflete o desespero de setores desclassificados da direita patronal venezuelana, dirigida de maneira irresponsável por um mercenário, e financiada por capitalistas que apostam na remota possibilidade de obter ganhos econômicos se a sua incursão for bem sucedida.

            Desde o Partido Socialismo e Liberdade rechaçamos toda ação aventureira, isolada dos trabalhadores e do povo, assim como a ingerência de qualquer país ou potência estrangeira, ou nesse caso, de um mercenário estadunidense que pretendia ser o “salvador” do país.

            O desastroso desenlace dessa ação, totalmente alheia às massas populares venezuelanas, era previsível. O governo está aproveitando a aventura frustrada para desenvolver uma forte campanha propagandística nas mídias “públicas” vitimizando-se, tratando de ocultar o massacre de meia centena de presos em uma prisão de Portuguesa; os enfrentamentos entre bandos nos bairros de Petare, e a fome que passam milhões de pessoas em meio à quarentena.

            Com isso, fortalece seus aparatos de repressão e controle social contra o povo trabalhador, que já suporta há sete anos a pior crise econômica e social de sua história moderna, assim como o brutal ajuste aplicado pelo governo, tudo agravado pela pandemia do coronavírus e as sanções ianques. Esse novo fracasso demonstra que o povo venezuelano só pode contar com suas próprias forças para reconquistar seus direitos democráticos violados, o direito à alimentação e a um salário digno, a eleger seu próprio governo e a organizar-se de maneira independente tanto da oposição patronal, como também ao governo da fome de Maduro.

            Na atual conjuntura, de colapso dos serviços públicos e escassez de gasolina, fome generalizada e abusos repressivos do governo, aproveitando a pandemia e a aventura fracassada de Goudreau, exigimos a libertação dos presos políticos, muitos deles com problemas de saúde, como o dirigente sindical Rubén González ou o preso político operário Rodney Álvarez, aleijado devido à atentados contra sua vida na prisão.

            Exigimos o fim das sanções ianques que agravam o sofrimento de milhões de venezuelanos, sofrimento esse originado pelo ajuste antipopular do regime civil-militar. E chamamos o povo trabalhador a seguir resistindo e organizando-se para tomar o seu destino nas suas próprias mãos.

6 de maio de 2020

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