ESTADO ESPANHOL | NISSAN: Por um plano de lutas para exigir a nacionalização sob controle das e dos trabalhadores!

Declaração de Lucha Internacionalista, seção no Estado Espanhol da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI)


A COVID-19 acelerou a crise capitalista que já se preparava faz tempo e a Nissan adiantou “suas soluções”: Mais miséria para a classe operária e mais benefícios para a patronal. 25.000 postos de trabalho perdidos enquanto as ações da Nissan subiram até 20% e da Renault até 30% nos dias em que anunciaram o fechamento de fábricas.

O fechamento da Nissan, segundo o presidente da Associação Espanhola de Fabricantes de Automóveis e Caminhoẽs (ANFAC) e vice-presidente da aliança Nissan-Renault Jose Vicente de los Mozos, “é uma forte advertência para trabalhar e fazer com que as fábricas na Espanha sejam ainda mais rentáveis”. Ou seja, se não reduzimos os salários e retiramos condições de trabalho a Nissan será somente a primeira, ameaça a patronal. Não é um discurso novo: Há um ano, o mesmo personagem impôs uma demissão de 600 trabalhadoras/es na Nissan. A maioria sindical aceitou, assim como o Ministério da Indústria e o governo da Generalidade. Havia uma cláusula que garantia a continuidade da fábrica e o investimento de 70 milhões de euros em um túnel de pintura que nunca chegou. Mas as violações da patronal ficam impunes.

O dirigente da UGT se queixava, na porta de uma concessionária e diante de uma centena de trabalhadores, que depois de aceitar as medidas patronais, de diminuição de salário e suspensão de contratos, agora a patronal os deixa na mão. Lamentável, porque no caminho ficaram muitos e muitas trabalhadoras/es suspensos e agora há menos força para enfrentar o fechamento em uma fábrica que já trabalha com somente 27% de sua capacidade. A lei está a serviço da patronal, ainda mais com a reforma trabalhista de 2012, que o governo PSOE-UP não revoga, pois os trâmites para o fechamento foram facilitados e se não se chega a um acordo na negociação, a patronal pode fazê-lo unilateralmente.

Mas a luta pode derrotar a manobra da multinacional. A resolução do conflito da Nissan marcará o futuro de todos e todas: Se a crise será paga de novo pelos trabalhadores ou não. A solução passa por uma decisão política: A nacionalização da Nissan, que hoje significa 7% do PIB catalão. A multinacional recebeu 170 milhões em ajudas públicas e não cumpriu com seus compromissos. A nacionalização está paga. A expropriação sem indenização, sob controle das e dos trabalhadores, deve permitir um forte investimento em capital público, para colocar a fábrica em funcionamento a serviço das necessidades sociais e da mudança energética. Não seria algo inédito: Em 2012 o governo do PP nacionalizou o Bankia e foi injetado 22,42 bilhões de euros. Assim como o governo italiano nacionalizou Alitalia e Merkel está negociando nacionalizar a Lufthansa e outras empresas, a ponto de ter se modificado a normativa européia para dar cabo a essa situação. Mas para garantir que a empresa nacionalizada responda às necessidades sociais, incluindo a produção de material de saúde para suprir a falta que a pandemia evidenciou, ela deve estar sob controle das e dos trabalhadores.

Politicamente a CUP-CC se pronunciou a favor da nacionalização, Comuns e ERC mencionaram essa possibilidade. A CGT também defende, enquanto a direção da CCOO diz que não é viável.

No momento, com as fábricas de Montcada e Sant ANdreu de la Barca em greve por tempo indeterminado, todas as fábricas estão fechadas. Mas existe o risco da empresa aproveitar para iniciar o desmantelamento, por isso é importante ocupar a fábrica central da Zona Franca. É importante a unidade sindical com a qual se declarou a greve, mas é necessário que a última decisão esteja nas mãos das trabalhadoras/es. Assim como qualquer assinatura de acordo.

Para ganhar a luta é necessário transformar a luta contra o fechamento da Nissan em um problema social e político. A simpatia da população trabalhadora é evidente. Passar dos 3 mil trabalhadores da Nissan aos 25 mil, contando as empresas auxiliares, seria uma mudança qualitativa. Acciona Facility Services (com 580 trabalhadores/as da manutenção), Calsonic Kensei Spain, com duas fábricas em Barcelona e Santa Margarida i els Monjos (200 trabalhadores/as na produção de ar-condicionado), Gestamp em Abrera (250, produção de componentes metálicos), Marelli (170 em tubos de escape), Lear Zona Franca (105) e até 500 outras empresas formam esse tecido de 25 mil trabalhadoras e trabalhadores que podem entrar em greve. A coordenação de todos é determinante.

Organizar e mobilizar, em cada local com comitês de apoio, levando um clamor que exija a todas as instituições a decisão política contra o fechamento da Nissan. Avançar rumo a uma grande mobilização diante do governo e do parlamento. Colocar sobre a mesa uma greve geral para impor a nacionalização na Nissan.

Estender a solidariedade operária

As multinacionais tem sim pátria. Renault apresentou uma redução de fábricas de 14.600 postos de trabalho, dois quais 4.600 na França, e Macron se compromete com uma concessão de mais de 8 bilhões de euros em troca de que a PSA e a Renault assegurem “relocalizar a produção de mais alto valor agregado na França, além de consolidar e manter a totalidade da produção industrial”. As e os trabalhadores/as estamos perdidos se entramos em uma competição entre nós. A solidariedade é nossa melhor arma. Ninguém fica para trás. Ou saímos todas e todos a enfrentar ou nos afundaremos. É necessário colocar a produção a serviço das necessidades sociais e dividir o trabalho entre as mãos disponíveis.

Não ao fechamento da fábrica da Nissan!

Nacionalização sem indenização!

Os trabalhadores e as trabalhadoras não pagarão pela sua crise!

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