METROVIÁRIOS | Greve mostra força da categoria e faz empresa e governo recuarem

Boletim do Combate Sindical


Chegamos ao final de outra campanha salarial com a cabeça erguida. A nossa greve, apesar de muito rápida, dobrou o governo e a direção da empresa. As vacilações da maioria da diretoria do sindicato e a hesitação em construir a greve, não foram suficientes para deixar a categoria imobilizada.

Fizemos uma greve histórica, que contou com uma fortíssima adesão. Os colegas do CCO se incorporaram também com força na greve, fortalecendo nosso movimento e a unidade da categoria.

Os representantes do metrô na negociação e o secretário do transporte Alexandre Baldy passaram dois meses dizendo que “não havia dinheiro” para manter o acordo coletivo da categoria. Enquanto isso, mantinham altos salários de R$30 mil na cúpula da empresa e repassavam milhões para sustentar os lucros dos donos da Via Mobilidade. Porém, com pouco mais de uma hora de greve, por “mágica”, o dinheiro apareceu.

Foi uma mobilização histórica, que também disputou a opinião pública, atacando os altos salários da cúpula da empresa, os repasses milionários do governo para a iniciativa privada, e mostrando também nosso lado para a população. A viralização do vídeo do coordenador-geral do sindicato, Altino, dizendo que greve em meio à pandemia é sim justa e o que não é justo são os bilionários lucrarem com a crise, mostra que uma parcela expressiva da opinião pública ficou a nosso favor.

A nossa greve servirá também de exemplo para o conjunto dos trabalhadores, pois mostra que podemos enfrentar com nossa mobilização a retirada de direitos encabeçada pelos governos.

Apesar da estratégia errada da maioria da direção do sindicato, a força da categoria se impôs

Na diretoria do sindicato haviam duas estratégias de campanha salarial. A chapa 1 (CTB/CUT) encabeçou todas as propostas de adiamento da greve. Primeiro, na assembleia do dia 30/06, apostaram que Bolsonaro poderia manter na MP 936 a ultratividade do acordo coletivo, o que obviamente não ocorreu. Depois, na assembleia do dia 07, propuseram suspender a greve porque diziam que seria julgada no TST contra a categoria, fomentando o medo e a falta de confiança na luta. Vimos diretor vinculado à chapa 1 fazer vídeo que deixava claro que era preciso que a categoria discutisse alguns direitos dos que abriríamos mão. Enquanto isso, ao ver que a direção sindical vacilava, a direção do Metro e o governo do estado só iam pisando na categoria. Essa estratégia foi errada do início ao fim. Nem a MP 936 salvou nosso acordo, nem a greve foi julgada num desfecho horrível para a categoria, nem foi necessário entregar parte do acordo coletivo. Ou seja, nada do que dizia a chapa 1, de fato ocorreu.

Nós, do Combate Sindical, fizemos outra aposta. Já quando cortou os salários no final de junho, o Metro mostrou que não queria negociar. Foram diversas reuniões onde só reafirmavam e até aumentavam o ataque contra nós. Construímos nosso discurso dizendo claramente de que só com greve teria negociação. Era preciso que a diretoria do sindicato organizasse uma greve antes que viesse mais retirada de direitos.

Infelizmente a chapa 3 e parte da chapa 2, da qual fazemos parte, em maior ou menor medida fortaleceram o discurso que estávamos em meio a uma negociação de verdade, sendo parte das propostas de adiamentos da inevitável greve. Esse caminho não foi correto e serviu para fortalecer a estratégia de campanha salarial encabeçada pela chapa 1, de não construir a greve. Os dias iam passando e estava evidente que o metrô não pararia os ataques. Quando veio o corte de 10%, muitos colegas viram que os ataques estavam começando apenas e não dava mais para apostar no adiamento da greve.

O clima nas áreas era de ir logo pra greve e que do dia 28 não podia passar. Com esse clima de indignação, até a chapa 1 foi obrigada que defender a greve.

A rápida paralisação mostrou a força imensa da categoria. Em pouco mais de uma hora de greve, a negociação aconteceu. Recuaram em diversos ataques e tiveram que manter nosso acordo coletivo. O Secretário Baldy, completamente desesperado, perdeu o sono com a greve que se avizinhava e mandou uma proposta ao sindicato no final da noite.

O recuo da empresa mostrou que dinheiro eles tem, mas querem usar pra manter os privilégios dos empresários e dos parasitas que ganham altos salários nas empresas públicas.

Discordamos também do método de fazer uma assembleia relâmpago de madrugada. Poderíamos ter saído da greve de forma mais organizada. Propusemos na live da madrugada realizar a enquete à categoria pela manhã. A maioria da diretoria e os três coordenadores-gerais entenderam que era preciso desmontar a greve logo, de madrugada mesmo. Isso foi errado e levou a muita confusão para os colegas do turno manhã. Além disso, saímos da greve sem ter amarrado quando nos seria devolvido os 10% descontados no salário de julho.

A greve era fortíssima e poderia impor isso à empresa e ao governo.

De qualquer forma saímos com a cabeça erguida, mostrando pro governo e pra empresa que ninguém mexe nos nossos direitos sem reagirmos. Saímos também como um exemplo para o conjunto da classe trabalhadora, mostrando que mesmo em meio à pandemia, é possível enfrentar a retirada de direitos.

A categoria está de parabéns pela imensa mobilização que fez.

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