São Paulo: Boulos avança nas pesquisas

Por Diego Vitello e Danilo Bianchi


A candidatura de Boulos (PSOL/PCB/UP) vem se fortalecendo. Em pesquisas realizadas em setembro, aparece com 12% (Consultoria Atlas) e 8% (Ibope). Sua vice, a ex-prefeita Erundina, também carrega parte desse percentual. Para milhares de pessoas, Boulos aparece como uma figura vinculada às lutas sociais da cidade, vindo de uma esquerda renovada. Para isso, foi importante também o apoio do PCB e da Unidade Popular à candidatura do PSOL. Nós, da CST, entendemos que esses dados apontam um importante potencial para a disputa na capital paulista. A candidatura de Boulos tem tudo para se postular como verdadeira alternativa para o povo trabalhador da principal capital do país contra a extrema direita e os partidos da ordem. Mas acreditamos que para isso é necessário avançar no debate programático, rompendo com as boas relações estabelecidas com o PT nos últimos anos, levantando um duro balanço dos governos petistas no país e nos municípios e se diferenciando de todos os demais partidos do regime.

A burguesia e os candidatos “mais do mesmo”

Entre os candidatos da burguesia, disputam o tucano Bruno Covas (apoiado pelo governador Dória), o reacionário Celso Russomanno (apoiado pelo “clã” Bolsonaro) e o ex-vice-governador Márcio França (PSB), que compôs durante anos a nefasta gestão tucana no governo estadual. Ainda, até o momento com menor expressão, aparecem a ex-bolsonarista Joice Hasselmann e o ridículo Artur do Val, integrante do MBL e youtuber reacionário. A disputa na direita se dará mais uma vez para ver quem vai comandar os negócios da burguesia paulistana, aprofundando a crise social para o lado dos trabalhadores da cidade. O PSOL deve combater, sem tréguas, todas essas candidaturas.

Por que Jilmar Tatto (PT) e Orlando Silva (PCdoB) não são alternativas?

Dentro do campo lulista, PT e PCdoB tentam aparecer como alternativa à direita governista. Porém, nossa visão é que esses partidos são incapazes de se constituírem enquanto real alternativa política pela esquerda. Sem entrar em detalhes, nos anos que estiveram à frente do governo federal, recordamos que estiveram ao lado de diversos partidos da direita tradicional, como o MDB e o antigo PP, filhote da ditadura. O chefe da Igreja Universal e bolsonarista Edir Macedo, por exemplo, apoiou durante anos os governos do PT.

Porém, não são apenas os exemplos do passado. Hoje, perante o governo de extrema direita de Bolsonaro, o que fazem PT e PCdoB onde governam? Em todos os estados fizeram Reformas da Previdência essencialmente iguais às de Bolsonaro e Guedes. Agora, com a pressão do empresariado para a reabertura geral dos comércios e locais de trabalho, não fizeram absolutamente nada diferente do que Dória em São Paulo: reabriram tudo, jogando os trabalhadores para a contaminação e morte.

É por isso que não são capazes de construir um polo político de esquerda alternativo ao bolsonarismo, porque seguem comprometidos com a classe dominante, virando as costas para o povo trabalhador. No tema dos transportes, por exemplo, seguirão a cartilha de Haddad que, quando governou, não apenas não enfrentou o empresariado do setor, como aumentou constantemente o valor das tarifas, enfrentando duros protestos.

Quanto às ocupações por moradia, também podemos esperar dessas candidaturas o mesmo tratamento que tiveram no governo Haddad. Essa nota do MTST, escrita em 16/09/2013 elucida muito bem isso: “A polícia militar do Estado de São Paulo, a pedido do prefeito Fernando Haddad, implementou na manhã de hoje a reintegração de posse do terreno onde havia a ocupação União da Luta, no Jardim Itajaí, bairro do Grajaú. O despejo se deu com uso de extrema violência por parte dos policiais, resultando em dezenas de feridos e duas prisões, dos companheiros Guto e Renan.” https://www.facebook.com/mtstbrasil/posts/613479302023738/

Nossos debates com Boulos e a direção majoritária do PSOL-SP

Há um debate em curso com Boulos e a direção majoritária do PSOL sobre a relação de nosso partido com o PT e os partidos que encabeçaram os governos Lula e Dilma, em nível federal, e Haddad em nível municipal. Desde 2016, há uma mudança de postura de Boulos, a qual consideramos um grave erro. Ao invés de fazer um duro balanço das experiências petistas no governo, Boulos prefere escamotear as críticas que ele mesmo fez muitas vezes, em nome de uma “ampla” unidade que em nossa opinião não serve para ser alternativa para os de baixo.

A sua campanha presidencial em 2018 teve esse perfil, infelizmente. O fatídico “boa noite, presidente Lula”, no debate da Bandeirantes, marcou uma política quase acrítica às experiências do PT no governo. Batalhamos para que, nesse ponto, haja uma mudança de rumo, pois além do necessário ataque às candidaturas da direita tradicional, do bolsonarismo, é preciso também uma política que marque todas nossas diferenças com as candidaturas de Tatto e Orlando Silva.

É preciso levantar um programa radical

Nossas propostas partem da necessidade de levantar, com Boulos, um programa de esquerda radical na prefeitura, fazendo de São Paulo uma trincheira na luta política e ideológica contra o bolsonarismo e Dória. Por exemplo, é preciso combater a especulação imobiliária, colocando nas mãos dos trabalhadores sem-teto os imóveis que não cumprem sua função social. Além disso, é preciso enfrentar a máfia do transporte coletivo, congelando o preço da tarifa, em direção à tarifa zero e estatização todo o transporte coletivo da cidade. Garantir as reivindicações dos servidores públicos, com os professores e metroviários, acabar com as privatizações e estatizar as empresas envolvidas em escândalos de corrupção.

Devemos romper com o ideário burguês do “governar para todos”. Queremos Boulos prefeito de São Paulo para governar para os de baixo, o povo pobre, os trabalhadores, a juventude e os excluídos contra os ricaços e a extrema direita. Essa é a tarefa da candidatura do PSOL na capital paulista.

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