SOS Amapá – Organizar uma forte campanha de solidariedade!

Terça, dia 03/11, por volta das 21h, teve início um apagão geral na ampla maioria das cidades do Amapá. As informações oficiais alegam que um raio atingiu transformadores elétricos que abastecem a maior parte do estado.

Uma catástrofe humanitária em meio a uma pandemia

Ocorreu um apagão de comunicação, deixando as cidades sem telefones ou internet. Até mesmo em Macapá, a capital do Estado, os bancos estavam sem conexão e os estabelecimentos comerciais não aceitavam cartão. Crescem as filas nos postos de combustíveis. Aumenta a procura por água e velas. Em 72 horas, o caos se instalou. Pessoas brigando por tomada num shopping. Pessoas disputando um galão de água, cujo preço subiu 400%. Alimentos se perderam na ausência de refrigeradores (Veja o relato direto de Macapá: https://www.facebook.com/babapsol/posts/3347360078667074?__tn__=-R). Um cenário caótico, desumano, em meio a uma pandemia. De fato, uma catástrofe humanitária (https://www.instagram.com/tv/CHTkZwFJ1r0/?igshid=129nio2b1gnug).

As autoridades da república estão num apagão

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, esteve por algumas horas em Macapá e nada de efetivo fez. No máximo, falou em remanejar transformadores de outras cidades ou estados, num prazo de 10 a 30 dias, enquanto o povo amarga esse drama social.

O presidente do senado, Davi Alcolumbre, agora promete um retorno do ministro. O presidente Bolsonaro fala que a Marinha deslocou navios com uma suposta ajuda que até agora o povo trabalhador de Macapá ainda não viu.

O governador Waldez Góes, um dos homens que mais tempo esteve a frente do governo do estado, segue num apagão, sem conseguir agir para resolver efetivamente os problemas.

Investigar a empresa Isolux

É absurdo que a empresa Isolux, que fornece o serviço, não tivesse um para-raios em seus transformadores ou um plano de contingência para tempestades. Estamos falando de um estado localizado no bioma amazônico, onde chuvas fortes são uma constante. Ou seja, salta aos olhos a responsabilidade da empresa Isolux nessa catástrofe. É necessário investigar profundamente essa empresa, uma multinacional que provavelmente não investiu o suficiente no serviço a fim de elevar seus lucros. Além da iniciativa de pressão para que os órgãos competentes fiscalizem, defendemos a formação de uma comissão independente, com representantes eleitos nos bairros mais afetados por pequenos comerciantes que perderam produtos de suas pequenas mercearias; por entidades sindicais da saúde, da educação, dos transportes, da comunidade universitária da UNIFAP; por entidades dos direitos humanos e entidades democráticas, como a OAB.

Essa empresa multinacional já descumpriu contratos com o próprio governo (o que gerou punições por parte da própria ANEEL). Desse modo, uma saída de fundo é a estatização dos serviços de eletricidade, tirando das mãos dessa multinacional o fornecimento desse serviço estratégico e, a partir disso, organizando um plano de fornecimento de energia com fontes alternativas. Além disso, é preciso lutar contra a privatização da Eletrobrás e pela reestatização do setor elétrico nos estados.

Precisamos de uma campanha nacional e de organização local

O fato de que hoje alguns bairros tenham energia parcialmente não ameniza a falta de água e gêneros alimentícios neste momento. A insatisfação é vista pelos relatos de que na última noite (06/07) ocorreram cerca de 20 pequenos protestos nos bairros periféricos, com bloqueios de vias, e que foram reprimidos pela polícia. O desespero também leva setores populares a protagonizarem alguns saques.

É fundamental organizar uma reunião de movimentos comunitários, populares, sociais, juvenis, sindicais e democráticos para coordenar ações e buscar articular uma manifestação que cobre efetividade por parte das autoridades. Cerca de 765 mil pessoas não podem ser abandonadas. É preciso organizar assembleias populares para debater como solucionar a crise e exigir do presidente da república, do presidente do senado, do governo estadual e da prefeitura que implementem as propostas apresentadas pelos setores populares.

O PSOL juntamente com PCB, UP e PSTU; a CSP-CONLUTAS e demais movimentos sindicais, como as Intersindicais, a CUT e a CTB; os movimentos estudantis, com a UNE e a UBES; além dos sem-teto, por exemplo, podem abraçar essa causa numa forte campanha nacional.

 

Reivindica-se, emergencialmente, o seguinte:

– Fornecimento imediato e emergencial de água mineral e gêneros alimentícios não perecíveis.

– Fornecimento imediato e emergencial de velas e deslocamento urgente de geradores.

– Utilizar os navios da marinha, aviões da FAB, aviões e navios das empresas privadas para realizar essa ajuda humanitária com o deslocamento do abastecimento urgente.

– Fim de toda e qualquer repressão militar aos protestos populares da periferia.

– Investigar a empresa Isolux por meio de uma comissão independente e buscar a reestatização do serviço de energia elétrica no estado.

– Que os governos federal, estadual e municipal coordenem ações para resolver o problema dos transformadores no menor prazo possível, transportando esses equipamentos da forma como seja necessário.

– Que sejam convocadas audiências públicas, para que o povo seja consultado e decida democraticamente se as medidas tomadas são suficientes e quais serão os próximos passos.

– Que a prefeitura convoque uma assembleia popular para debater como solucionar a crise ouvindo o povo trabalhador da cidade.

– Pelo atendimento das pautas econômicas e sociais dos trabalhadores, jovens e setores populares por salários, moradia, saneamento e serviços públicos.

 

08/11/20

Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores – tendência do PSOL

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