VENEZUELA: PCV vetou a participação de trotskistas em encontro sindical

 

Por Partido Socialismo e Liberdade, seção venezuelana da UIT-QI

Tradução de Lucas Schlabendorff

 

O Partido Comunista da Venezuela (PCV) foi um dos aliados mais sólidos do chavismo. Ao longe de mais de duas décadas, apoiou, com críticas tímidas em alguns momentos, tanto Hugo Chávez como Nicolás Maduro. Endossou suas políticas e foi corresponsável na aplicação do antioperário “Programa de Recuperação, Prosperidade e Crescimento Econômico” do governo Maduro, assim como o nefasto memorando 2792.

Isso começou a mudar desde o ano passado (2020), quando, por consequência da pressão de suas bases descontentes com o governo, se iniciou um giro cada vez mais crítico ao governo de Maduro, o qual se manifestou com a formação da “Alternativa Popular Revolucionária” (APR) junto ao Pátria Para Todos (PPT) e outras organizações que iniciaram um nítido distanciamento do governo.

Nós, do Partido Socialismo e Liberdade (PSL), para além das diferenças que possuímos com o PCV, consideramos como muito progressivo o seu distanciamento do governo de Maduro, ainda que sigam reivindicando um suposto legado de Chávez, favorável ao povo venezuelano.

Em várias ocasiões reivindicamos esse distanciamento em relação ao governo de Maduro e nos solidarizamos quando foram atacados (http://laclase.info/content/32400/). Inclusive avaliamos como positivo que o PCV, através da CUTV e a Frente Nacional de Luta da Classe Trabalhadora (FNLCT), tenha convocado um encontro sindical que aconteceu no dia 18 de março, com o objetivo de debater a necessidade de formar uma unidade de ação para lutar por salários iguais à cesta básica, contra o memorando 2792 e a bonificação do salário, pelo cumprimento dos acordos coletivos, contra as sanções econômicas imperialistas e pela liberdade das trabalhadoras e dos trabalhadores presos (http://laclase.info/content/32694/), no marco da liberdade e autonomia do movimento sindical.

No entanto, quando nos dispomos a participar do encontro (que aconteceria de forma virtual pelas restrições impostas pela pandemia), através dos nossos companheiros Orlando Chirino e José Bodas, dirigentes de nossa corrente sindical C-Cura, ficamos sabendo, através de outros companheiros, que o PCV nos vetou e não nos informaria a chave para acessar a reunião via Zoom. Esse veto também foi aplicado a outras organizações que tinham o interesse de participar.

Realmente lamentamos que em uma iniciativa positiva, que deve ser aberta e ampla por razões óbvias, se coloquem esses tipos de restrições antidemocráticas. Com essas atitudes é impossível avançar em uma verdadeira unidade de ação que envolva o conjunto dos setores e correntes sindicais do país, tal como se defende na declaração acordada no encontro.

Estamos em um momento onde se faz absolutamente necessário incorporar os setores mais diversos da classe para defender nossas reivindicações e nossos direitos violentados por um governo repressivo que aplica um brutal ajuste de fome, fazendo com que o povo pague pela crise gerada pelas políticas governamentais e dos capitalistas, ainda agravadas pelas sanções imperialistas. Obviamente, sem criar expectativas em uma eventual correção do governo, como se insinua na declaração final do encontro sindical.

Chamamos os distintos setores sindicais que puderam participar do encontro a repudiar esses tipos de ações que não beneficiam em nada a necessária unidade das trabalhadoras e dos trabalhadores para lutar, independentemente da posição política e ideológica que se tenha.

Chamamos o PCV a reconsiderar sua atitude e convocar um novo encontro, que seja verdadeiramente democrático e aberto, onde todos os setores e correntes sindicais possam participar sem restrições ou obstáculos de qualquer espécie.

 

Publicado originalmente em http://laclase.info/content/el-pcv-veto-la-participacion-del-psl-y-c-cura-en-encuentro-sindical/ no dia 22 de março de 2021

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