CARTA À DEPUTADA ERICA MALUNGUINHO

Prezada Deputada:

Ficamos sabendo, pela imprensa, da sua participação em evento da Fundação Lemann que debaterá “equidade racial na educação”. O tema é, sem dúvida, de suma importância.

Somos professores no Rio Grande do Sul e, neste momento, estamos na luta em defesa da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que sofre com a negativa de matrículas e fechamentos por parte do governo estadual de Eduardo Leite (PSDB). Essa modalidade de ensino é fundamental para as classes populares e tem como público majoritário as mulheres e a população negra – mesmo no Sul, onde essa população é minoritária.

Mas o governo tucano de Eduardo Leite não se limita a atacar a EJA. Somente na pandemia, ele fechou mais de 60 escolas, tendo se utilizado dos mais variados métodos, incluindo arrombamento de cadeado, como foi feito na Escola Rio Grande do Sul em Porto Alegre.

É sabido por todos nós que as mulheres e a população negra são os principais afetados por esses fechamentos. Só que Leite quer ser ainda mais específico e vem promovendo uma ofensiva no Conselho Estadual de Educação para mudar as regras e facilitar o fechamento de escolas do campo, quilombolas e indígenas. Um ataque abertamente racista!

Ocorre, deputada, que o tucano não ataca a educação sozinho. A Fundação Lemann tem um convênio com o governo estadual. Foi ela que escolheu os Coordenadores Regionais de Educação e ela está dentro da Secretaria da Educação na linha de frente dos ataques. Seu objetivo é a privatização da escola pública.

Consideramos que é impossível ser consequente com a defesa da “equidade racial na educação” junto com os promotores da exclusão e da desigualdade. É como querer debater o enfrentamento da pandemia em evento organizado por bolsonaristas – e aqui também é impossível com a Fundação Lemann, pois ela tem defendido a abertura das escolas mesmo com bandeira preta, recordes de mortes e hospitais colapsados.

O PSOL luta pela educação pública, gratuita e de qualidade; contra a desigualdade, a exclusão e toda a forma de preconceito. Nossas pautas só serão atingidas com independência de classe. Um evento como esse pode parecer, num primeiro momento, uma oportunidade para você expor seus posicionamentos, mas, na verdade, trata-se de uma armadilha que fortalece o projeto dos nossos algozes. Com uma mão eles atacam a escola pública e, com a outra, realizam eventos para se embelezarem perante a opinião pública. Uma parlamentar socialista deve estar atenta para não cair nessas armadilhas. Com base em tudo o que relatamos na presente carta, esperamos que reveja a tua participação nesse evento.

 

Fraternalmente,

Educação em Combate-RS

Combate – Classista e pela Base-RS

Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores-RS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *