PSOL nas lutas e de cara própria

Batalhar pela independência de classe no PSOL

1 – O Brasil enfrenta uma pandemia inédita cuja responsabilidade é dos atuais governantes genocidas: o presidente Bolsonaro; o vice, general Mourão; seus ministros banqueiros, fazendeiros e militares. Aumentam as contaminações e mortes pela covid-19, crescem os desempregados, as pessoas em situação de rua e a fome. Diante desse cenário, nós, da CST, entendemos que a única saída possível é a organização e luta coletiva. Todas as medidas institucionais e parlamentares contra Bolsonaro só podem se desenvolver com uma verdadeira força social nas ruas.  Desde já devemos unificar os protestos em algumas cidades, greves em algumas categorias e as carreatas, no caminho de construir uma jornada nacional numa mesma data, para exigir vacina, quebra das patentes, auxílio emergencial de um salário-mínimo, reposição das perdas salariais e parar toda e qualquer demissão.

2 – Em vez disso, CUT, CTB, PT e PCdoB constroem palanques com políticos patronais, como FHC, e governadores capitalistas, como Dória. Esses políticos são cúmplices do governo Bolsonaro, pois, juntos com o palácio do planalto, realizaram a abertura das cidades e garantiram votos para o ajuste fiscal no Congresso Nacional. Seguimos insistindo que as centrais sindicais, a UNE e as Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular deveriam jogar todo seu peso na construção de uma jornada nacional de verdade, construindo uma oposição real nas ruas e nos protestos, nos locais de trabalho e nos bairros populares. Por isso, uma tarefa central da esquerda socialista é combater os pactos e coligações com os políticos patronais e reacionários que retiram direitos. Além disso, exigir que as centrais, movimentos sociais, partidos de oposição marchem todos juntos contra Bolsonaro. Exigir de CUT, CTB, PT e PCdoB uma jornada nacional de lutas do conjunto da classe trabalhadora e dos setores populares.

3 – Isso é urgente, porque as mortes e a fome não esperam as longínquas eleições de outubro de 2022. Os governadores e prefeitos, os patrões, juntamente com Bolsonaro, colocam tudo o que não é essencial para funcionar, cortam o auxílio emergencial, deixam rodar trens e ônibus superlotados, validam os locais de trabalho sem condições sanitárias adequadas, não garantem um efetivo plano de vacinação e se submetem às patentes das multinacionais imperialistas. Esperar, em busca de coligações com os representantes dos patrões, bloqueou a ação direta contra Bolsonaro durante o ano passado e gestou a vitória eleitoral de PSDB, DEM e do Centrão nas últimas eleições municipais que acabaram de ocorrer.

4 – A tarefa central e prioritária do PSOL deve ser colocar todo seu peso parlamentar na luta de classes. Por meio de seus parlamentares e dirigentes, desenvolver as lutas que estão a ocorrer em alguns setores e vocalizar no parlamento esses protestos. Com a força social e política do partido, tentar organizar seu batalhão de eleitores para lutar contra tudo isso que está aí. Atuar com a classe trabalhadora por suas reivindicações nas fábricas, nos canteiros, nas estações de tratamento de esgoto, nos hospitais, nas garagens de ônibus, nas linhas de metrô e trem, nas unidades de coletas e varredura dos garis, nos bairros populares. Organizar uma oposição que consiga virar a maré definitivamente contra Bolsonaro e seu governo miliciano, sem esperar os pactos de cúpula da classe dominante no Congresso Nacional corrupto e no STF recheado de reacionários de toga.

5 – O PSOL está diante de mais um congresso e nós vamos batalhar para que o partido tome um novo rumo, rompa com os pactos com o Lulismo e pare de seguir a reboque dessa política de frente ampla que nenhum resultado efetivo trás para a classe trabalhadora. Lula, desde muito tempo, tem um projeto explícito de um governo de colaboração de classes. Foi o que ele defendeu em décadas passadas e aplicou nos governos chamados de “democráticos populares”, do PT e PCdoB com MDB, PP, oligarquias, como os Barbalho e os Calheiros. Foi contra isso que se enfrentaram os chamados radicais do PT, parlamentares que foram expulsos justamente por não compactuar com essa política de colaboração de classes. Em seguida, Heloisa, Luciana, Babá e João Fontes ajudaram a fundar o PSOL, junto com lutadores sociais que realizaram a greve contra a reforma da previdência e participavam de outras mobilizações. Esse projeto de conciliação com os patrões é exatamente o mesmo que Lula defende nos governos de estados do nordeste, do PT e PCdoB, onde os governadores ajudaram Guedes na reforma da previdência e depois aplicaram suas próprias contrarreformas. É, portanto, um governo de colaboração de classes que Lula propõe neste momento. Por isso, o PSOL não pode ficar atrelado ao projeto de conciliação de classes de Lula. Deve se apresentar de cara própria com seu programa e suas propostas.

5.1 – Isso tem implicações concretas. Nos estados, visando obter o aval e ser o palanque estadual da frente ampla de Lula, a direção majoritária do PSOL rifa o perfil do partido para se atrelar a setores da velha direita oligárquica e reacionária. Exemplos são as propostas de coligação com o DEM, no Rio de Janeiro, e com o PRB, da ultrarreacionária IURD, em São Paulo, conforme as movimentações de lideranças do peso de Freixo e Boulos. Outro erro é governar a importante cidade de Belém em acordo com o governo estadual capitalista do MDB, de Helder Barbalho, um dos ex-ministros do nefasto governo Temer. Vamos dar um bom combate a todos esses graves erros e propor um novo rumo, baseados no projeto fundacional do partido e contra a liquidação que está em curso e acelerada. Em vez de alianças com a direita, o que deveríamos construir é uma Frente de Esquerda, com PSOL, PCB, UP, PSTU e militantes, grupos e dirigentes que se neguem a coligar com os representantes dos patrões. Uma Frente de Esquerda para apoiar as lutas e defender uma saída profunda, com a taxação das grandes fortunas, o não pagamento da dívida, a estatização do sistema financeiro e a ruptura com o imperialismo.

6- Em meio aos debates sobre as eleições, que estão acelerados na cúpula do PSOL, defendemos que o partido debata esse tema abertamente nas plenárias de base congressuais e que a direção majoritária informe todas as negociações que ela já está fazendo antes mesmo de qualquer definição congressual. De nossa parte, entendemos que há nomes capacitados para apresentar o PSOL e debater um programa com os trabalhadores e setores populares. Em nossa visão, isso deveria se materializar numa pré-candidatura, para expressar o combate contra a linha da ala majoritária que pretende diluir o partido em governos com partidos burgueses que atacam nossos direitos.

7- Hoje, o camarada Glauber Braga, deputado federal, pode reunir distintas correntes, parlamentares e dirigentes para essa batalha no congresso do PSOL e, ao mesmo tempo, tem credenciais para apresentar uma mensagem para fora, para que o partido batalhe para ser uma representação política das lutas que existem e das que estão por vir. Uma mensagem ao presente e ao futuro, preparando o terreno, colocando o partido como porta-voz dos setores em luta e, nas eleições, apresentando uma saída de fundo para os problemas de nossa classe, saída esta que só será possível concretizar com nossa força organizada nas ruas.

8 – No âmbito do congresso, como mais um dos passos que podemos explorar, propomos agrupar todos e todas as tendências, grupos, dirigentes e parlamentares que não concordam com o projeto da direção majoritária. Devemos realizar uma reunião nacional visando discutir a possibilidade de um polo ou campo de todos os que discordam desse atrelamento automático ao PT e à frente ampla com patrões, propostas em São Paulo e Rio. Um polo ou campo que, no marco de nossas divergências, possa funcionar de forma democrática, garantir pontos mínimos em comum para uma nova direção para o PSOL. Essa é a proposta que a CST apresenta aos camaradas do MÊS, da APS, da COMUNA, ao deputado Glauber, às forças que compõe o bloco radical e aos militantes do partido. Um polo ou campo composto por dirigentes fundacionais, como Luciana, Babá, Milton Temer e João Machado, juntamente com dirigentes e parlamentares, como Fernando Carneiro, teria força simbólica e política para dar um bom combate por uma nova direção no PSOL.

05/05/2021

Corrente Socialista de Trabalhadores e Trabalhadoras – Tendência do PSOL

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