13 de maio: exigimos reparação e justiça!

Natália Granato – Comissão Nacional de Negros e Negras da CST

Em 13 de maio de 1888, era assinada pela princesa do império a Lei nº3.353, que tratava por abolir o regime escravocrata no Brasil. Contudo, a história oficial tenta reforçar o imaginário de que a princesa Isabel foi benevolente, tentando apagar as formas de organização coletiva dos negros libertos, como os quilombos e as diversas lutas que ocorreram no regime escravista. Os negros lutaram e impuseram a sua liberdade, lutando por inserção no mundo capitalista emergente, cidadania esta negada, causando a marginalização do povo negro no Brasil. Por isso neste dia 13 descomemoramos a ‘canetada’ de Isabel. A razão é o tratamento dispensado aos que se tornaram ex-escravos no País. “Naquele momento, faltou criar as condições para que a população negra pudesse ter um tipo de inserção mais digna na sociedade”. (SEPPIR).

Após o fim da escravidão, de acordo com o sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995), em sua obra “A integração do negro na sociedade de classes”, de 1964, as classes dominantes não contribuíram para a inserção dos ex-escravos no novo formato de trabalho. Optando por explorar outras etnias, como asiáticos e importando mão de obra branca vinda da Europa, com o objetivo estatal de embranquecer a população brasileira, neste processo ocorreu o atraso do negro na nova divisão social do trabalho, sequer tivemos o “direito” ao trabalho remunerado, moradias dignas, educação e outros direito sociais. As instituições foram eximidas da segurança ou qualquer outra responsabilidade pública que garantisse a subsistência dos negros e negras, marcando assim as origens históricas da desigualdade social no país.

Segue a luta por reparação! Vacinação já!

A luta do povo negro destruiu as amarras da escravidão e libertou 700 mil escravos que ainda existiam no Brasil de 1888, porém, como dissemos, isso não foi garantia de reparação e inserção na velha sociedade. O estado brasileiro abandonou a própria sorte aqueles que construíram este país com sangue e dor. A situação social dos negros não melhorou com a República, estabelecendo a desigualdade racial como o norte de construção da burguesia, hoje o imperialismo e a burguesia são os grandes sócios majoritários da manutenção do racismo.

O racismo se expressa na cor da pele, mas também através da classe social que pertencemos, é o agravante que mantém a diferença salarial de 45%, de acordo com a PNAD, dados de 2019. A própria crise da COVID-19 mostra que os primeiros a morrer são os favelados sem acesso a dignidade, abandonados à própria sorte, quebrando a quarentena, porque precisam colocar a comida na mesa. Não temos nada a comemorar!

Os negros são os que mais morrem na pandemia, segundo o AFRO-CEBRAP – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento houve um maior número de mortes por doenças respiratórias entre negros, significando um aumento de 28%, enquanto entre brancos aumentou 18%. A desigualdade racial e social se intensifica, mesmo sendo o grupo mais vulnerável da população recebemos duas vezes menos vacinas do que os não-negros. A primeira pessoa a ser vacinada no Brasil, foi uma mulher negra – a enfermeira Mônica Calazans – porém, não estamos entre as prioridades de vacinação e corremos um risco redobrado, pois ocupamos a linha de frente nas equipes de limpeza dos hospitais, garis, transporte urbano etc.

Por isso o movimento negro brasileiro, deve ser parte da luta por uma jornada nacional de lutas, que convoque o enfrentamento direto ao governo racista de Bolsonaro, exigindo vacinação ampla com a quebra das patentes para privilegiar a vida e não o lucro das multinacionais, o auxilio emergencial de R$600,00, proibição das demissões e readmissão dos demitidos, contra os cortes de salários e a fome, congelamento das tarifas de luz, água e internet, aplicação da lei que proibi operações policiais durante a pandemia. Exigindo da CUT, CTB, PT, PCdoB, lideranças como Lula, Haddad e Manuela que rompam suas alianças com as burguesias e ajudem a derrotar o bolsonarismo nas ruas, para defender o povo negro e trabalhador ao lado do movimento feminista e LGBTQIA.

Justiça pelas vítimas do Jacarezinho!

A policial do Rio de Janeiro protagonizou cenas de horror e tirou a vida de 28 favelas na última semana, sob a justificativa de combate ao tráfico e aliciamento de menores, dado que não consta no relatório da investigação. Ao realizar uma operação no condomínio de luxo Vivendas da Barra, foram apreendidos 117 fuzis com 0 mortos, no jacarezinho foram 6 fuzis e 28 vidas ceifadas.

A polícia insiste na criminalização das vítimas, a maioria delas sem quaisquer ligações com a investigação. Os investigadores não conseguiram chegar na maioria das 21 pessoas suspeitas – da lista somente 3 foram detidos. O saldo da guerra as drogas foram vidas perdidas, mães desoladas e 33 pessoas baleadas. Não podemos aceitar a barbárie e o governo miliciano que dirige o país. Nesse 13 de maio, estaremos em diversas cidades exigindo justiça, contra as chacinas e o genocídio, em defesa das vidas do povo negro brasileiro!

 

NEM BALA, NEM FOME, NEM COVID. Queremos viver!

Mobilize-se com a Juventude Vamos à Luta nessa quinta-feira:

  • Rio de Janeiro: 17h na Candelária.
  • Belém: 18h na Praça da República.
  • Porto Alegre: 17h na Esquina Democrática.
  • São Paulo: 17h na Avenida Paulista MASP.
  • Belo Horizonte: 17h na Praça Afonso Arinos.

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