Fortalecer o bloco de oposição ao lulismo no PSOL

 

Rosi Messias, Denis Melo e Babá, coordenação da CST

 

No último Congresso do PSOL, surgiu uma forte oposição, agrupando 44% dos delegados e delegadas e propondo uma candidatura própria. Polarizou-se o congresso em duas posições: de um lado, a atual maioria do PTL (PSOL de Todas as Lutas, formado por Primavera, Revolução Solidária, Resistência, Insurgência e Subverta) que deseja atrelar definitivamente o PSOL ao projeto de conciliação de classes de Lula e do PT; do outro lado, o bloco de oposição, liderado por Glauber Braga, que propõe um PSOL independente do lulismo, bloco formado por MES, APS, COMUNA, CST, LS e outras organizações, além de lideranças como Milton Temer e Robério Paulino.

O bloco de oposição precisa seguir a batalha para fortalecer um projeto alternativo ao atual curso lulista traçado pelo campo majoritário, visando a próxima conferência eleitoral em abril.

O Congresso Nacional do PSOL votou a realização de uma conferência eleitoral em 2022 e toda a política do PTL é seguir as negociações com o PT, o que, sem dúvidas, envolve moeda de troca nos estados. Almejam um eventual apoio do PT à candidatura de Guilherme Boulos ao governo do estado de SP, política já descartada pelo PT, que ofereceu o apoio a uma candidatura do Boulos à Prefeitura de São Paulo apenas em 2024. No Rio de Janeiro, a costura está em torno do apoio à candidatura de Freixo pelo PSB. Ou seja, uma política pragmática, que nada tem a ver com a esquerda. O PTL fala em disputar o programa de Lula, como se fosse possível. Também é importante o debate para desmascarar a manobra política e teórica dos companheiros da corrente Resistência, que é parte do campo majoritário. Tal setor afirma que o Congresso armou os filiados para a luta contra o governo Bolsonaro, que haverá uma Frente de Esquerda com Lula e que o campo de oposição é divisionista por construir o Povo na Rua. Lula já escolheu seu lado há muitos anos atrás, que é governar junto com a grande burguesia. Não a toa, não convocou os atos do dia 2/10 e ainda fez questão de, no dia seguinte, reunir-se com lideranças do MDB. Enquanto isso, a política das principais direções do movimento, como a CUT, CTB, PT e Lula não é a de derrotar Bolsonaro nas ruas, mas sangrar o governo visando 2022.

 

Os desafios do campo de oposição

 

Em nossa visão, é necessário manter as plenárias e reuniões do bloco de oposição visando fortalecer um novo campo, um polo que esteja à esquerda do lulismo e de sua política de governar junto com a burguesia, que unifique todos e todas organizações de esquerda, partidos de esquerda e ativistas que não aceitam se subordinar à linha frentepopulista de Lula e do PT e a seu projeto de governar com a burguesia, projeto que a direção majoritária do PSOL ajuda a legitimar.

Nós, da CST, defendemos tal política para lutar contra o projeto liquidacionista da direção do PSOL e sua linha de conciliação de classes, de apoio ao projeto de Lula-PT, que vai levar o PSOL a ser parte da construção de uma candidatura com a burguesia. Por isso, a tarefa que hoje cumpre a luta pela candidatura própria vai além das eleições 2022. Em primeiro lugar, devemos seguir fortalecendo uma alternativa política ao campo majoritário, defendendo a candidatura própria e nos preparar, desde já, para a batalha em direção à Conferência Nacional do PSOL. Devemos organizar uma grande plenária nacional e nos estados para construir a pré-candidatura do companheiro Glauber. Mostrar para os filiados e militantes que existe uma alternativa à política do PTL e que a oposição seguirá uma luta consequente pelo PSOL das origens, que foi fundado para combater a política de conciliação de classes de Lula e do PT.

Em segundo lugar, defendemos a construção de uma Frente de Esquerda e Socialista, entre o PSOL, PCB, PSTU, UP e demais ativistas dos movimentos sociais independentes para se contrapor à aliança com partidos patronais, mostrando que existe sim um caminho pela independência de classe. Um debate que temos que avançar no interior da oposição.

Nos estados, o campo de oposição deve defender que o PSOL vá de cara própria. Por exemplo, no RJ, contra o apoio à candidatura frentepopulista de Freixo; em São Paulo, exigir que Guilherme Boulos mantenha sua candidatura ao governo do estado, tomando como exemplo a eleição para a Prefeitura de 2020, onde o PSOL foi para o segundo turno com uma frente de esquerda e quase ganha a Prefeitura contra os tucanos. O mesmo em MG.

Também é necessário que o campo de oposição tenha lado em Belém, sendo contrário a qualquer ataque que a Prefeitura faça contra os trabalhadores, exigindo que a Prefeitura do PSOL rompa as relações com o MDB, dos Barbalhos, e exigindo a imediata saída dos partidos burgueses dessa prefeitura. No imediato, as forças de oposição devem sair desse governo, caso dos companheiros do MES de Belém.

Nesse processo, defendemos um programa econômico alternativo, de ruptura com o sistema financeiro, que não pague a dívida e taxe as grandes fortunas, para reverter esse dinheiro para a geração de emprego e renda, para combater a miséria crescente. Um programa que defenda a quebra das patentes das vacinas contra Covid, as pautas feministas, da negritude e dos LGBTs e que defenda o meio ambiente contra a sana predatória das multinacionais e do agronegócio. Um programa que só poderá ser concretizado com os trabalhadores e trabalhadoras e com a juventude mobilizados.

Por fim, é fundamental que a oposição siga fortalecendo a mobilização como forma de derrotar Bolsonaro e seu projeto de ajuste, que vem retirando direitos, e sua política fascistoide, colocando-se como alternativa ao atual imobilismo da cúpula das direções sindicais e políticas (PT, PCdoB, CUT e CTB), tendo como centro o apoio às lutas contra o ajuste fiscal, por reajuste salarial, pelo Fora Bolsonaro e Mourão, exigindo, ainda em outubro, um calendário de lutas construído pela base.

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