Lula articula para Geraldo Alckmin ser seu vice em 2022

 

Unir os que são contra a frente ampla num bloco, polo ou frente de esquerda para as lutas e as eleições!

 

Em meio à aproximação das eleições, Lula e a cúpula do PT cogitam o tucano Geraldo Alckmin para ser vice-presidente na chapa petista em 2022. Algo confirmado durante a conferência de alto nível da América Latina em Bruxelas, onde Lula declarou que tem “uma extraordinária relação de respeito por Alckmin e que o vice precisa ser alguém que some e que não tenha divergência”. Por sua vez, Alckmin retribuiu dizendo “não ter diferenças intransponíveis com Lula e que fica honrado com a sugestão para ser seu vice” (https://oglobo.globo.com/politica/alckmin-diz-nao-ter-diferencas-intransponiveis-com-lula-que-fica-honrado-com-sugestao-para-ser-vice-25275209), algo amplamente divulgado por Orlando Silva, uma das principais lideranças do PCdoB.

 

Trata-se de uma ampla negociação que envolve os caciques do PSD e PSB, e apoios nas disputas para os governos estaduais de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

 

Quem é Geraldo Alckmin?

 

Alckmin é um velho político burguês. Duas vezes governador do estado de São Paulo, foi presidente nacional do PSDB e disputou as eleições presidenciais de 2006 contra o próprio Lula. Seus governos não tiveram nada de progressivo. Durante as jornadas de junho de 2013, Alckmin, então governador de São Paulo, lançou uma forte repressão contra os manifestantes, que foram presos e sofreram violência por parte da Polícia Militar. Sempre atuou com mão dura contra os servidores do estado, sucateando os serviços públicos. No caso do metrô de São Paulo, buscou subsidiar a empresa privada que faz parte do Contrato da Linha 4, enquanto sucateava a empresa pública. Além disso, sempre atuou contra as reivindicações dos metroviários. Há também denúncias de corrupção que envolvem o seu nome, como o caso da empresa francesa Alstom, com supostos superfaturamentos no fornecimento de equipamentos de energia para o estado. Tal esquema funcionou durante os governos de Mário Covas e de Geraldo Alckmin.

 

É um tucano histórico e aliado de FHC. Um burguês paulista que sempre governou a serviço dos ricos e poderosos, aplicando duros ajustes contra a classe trabalhadora. Entretanto, a movimentação de Lula não nos surpreende, visto que a política da cúpula do PT é de buscar um burguês para ser vice do petista. Alguém que tenha cacife com os mercados financeiros e que seja muito confiável para o grande capital. Justamente por isso, Lula e o PT tratam de procurar outras possíveis coligações com a empresária do Magazine Luiza ou políticos do MDB e de outras oligarquias capitalistas.

 

Lula e o PT desmontam as mobilizações para fazer frente ampla com a burguesia

 

Essa política do PT e de Lula não foi adotada à toa. Desmontaram a jornada nacional de lutas, que vinha ocorrendo a nível nacional desde junho contra o governo Bolsonaro, para poder aplicar a sua política de frente ampla com a burguesia. Não foi por acaso que o último grande ato ocorreu no dia 2 de outubro e que a mobilização indicada para o dia 15 de novembro foi desmontada pelas principais centrais sindicais, como a CUT e a CTB, e pela UNE, PT e PCdoB. E o dia 20 de novembro não está sendo convocado de forma efetiva. É uma política de traição de classe, que leva a derrotas econômicas e sociais, dá folego ao governo Bolsonaro e deixa passar a agenda de ajuste fiscal capitalista do Congresso Nacional e dos governadores e prefeitos. Ou seja, a política de frente ampla está sabotando a necessária unidade de ação nas ruas, com os métodos da classe trabalhadora, para enfrentar a extrema direita ultrarreacionária de Bolsonaro e combater o ajuste fiscal.

 

Essa política de desmonte tem o objetivo de sinalizar para a burguesia, buscando um acordo com setores da classe dominante e do próprio capital financeiro que se materialize numa grande chapa de frente ampla para 2022.  A mesma política foi adotada em 2001, com a chapa de Lula com o grande industrial José Alencar, e posteriormente com o corrupto Michel Temer do MDB como vice da Dilma. Na Presidência da República, o PT aplicou um projeto de conciliação de classes, governando para e com a grande burguesia e o capital financeiro e adotando duros ajustes contra a classe trabalhadora. É também o que fazem hoje os governadores do PT no Nordeste, ao apoiarem a reforma da previdência do ministro Paulo Guedes, realizando suas próprias reformas retirando direitos e reprimindo manifestantes. No caso do Rio de Janeiro, o recente pacote de ajuste do governador Cláudio Castro contou com o apoio e a parceria do deputado estadual André Ceciliano do PT, atual presidente da ALERJ.

 

A direção do PSOL tem que romper com a política de frente ampla do PT e de Lula

A política da direção majoritária do PSOL é seguir negociando com Lula para 2022, deixando o partido refém das barganhas que a cúpula do PT está fazendo e ajudando a semear ilusões de que a aliança com a burguesia é uma saída para os grandes problemas da classe trabalhadora e da juventude. Mais do que nunca, a direção do PSOL tem que romper com essa política de conciliação de classes e tem que apresentar uma candidatura própria em 2022, construindo uma frente de esquerda nacional. Não é possível apresentar uma saída de esquerda para a presente crise numa coligação com Lula, o PT e seus aliados.

É fundamental que o Campo Semente (Resistência, Insurgência e Subverta) rompa com a frente eleitoral de Lula-Alckmin e defenda uma candidatura com independência de classe. Um candidato do PSOL para a disputa presidencial, que se coloque como alternativa ao governo de extrema direita, bem como à falsa esquerda representada por Lula. É preciso transformar as notas críticas à coligação de Lula com Alckmin em uma luta política contra a atual linha majoritária no PSOL.  Fazemos um chamado a esses setores para que se somem ao campo de oposição, que vem postulando o nome do companheiro Glauber Braga como pré-candidato à Presidência da República. Propomos aos dirigentes, militantes e filiados do PSOL a realização de plenárias nos municípios e de uma reunião emergencial do Diretório Nacional para debater esse tema e encaminhar a mudança de política e de orientação na próxima Conferência Nacional: contra a frente ampla de conciliação com os representantes da patronal.

PSOL de cara própria, com a pré-candidatura do Glauber Braga e a construção da Frente de Esquerda

Em meio ao atual cenário, a construção e o fortalecimento de uma alternativa com independência de classe é uma necessidade objetiva, diante da traição das principais direções. Cabe à oposição dentro do PSOL, que apresentou o nome do companheiro Glauber como pré-candidato, seguir fortalecendo um polo de independência de classe, por fora da política conciliadora do PT e de Lula. As plenárias presenciais da pré-candidatura de Glauber devem estar a serviço desse combate. Um polo que conflua com as organizações e dirigentes políticos que não aceitam a política de aliança com a burguesia. Um bloco que deve dialogar com todas as iniciativas que estão surgindo, como a da UP, que lançou o nome do companheiro Leonardo Péricles como pré-candidato à Presidência da República, e como a dos camaradas do PSTU, que estão construindo um polo nacional socialista e revolucionário. E conversar com os camaradas do PCB. Isso procurando unificar todas essas iniciativas e organizações políticas numa grande Frente de Esquerda Nacional – com PSOL, PSTU, UP e PCB -, que apresente uma candidatura em 2022 contra as alternativas burguesas e contra a falsa esquerda representada por Lula. O exemplo da FIT-U na Argentina, que saiu como terceira força nas eleições e tem expressão nas lutas sociais da classe trabalhadora e da juventude, deve servir de inspiração. Batalharemos para que esse polo ou campo apresente uma candidatura sem aliança com a burguesia, vinculada às lutas da classe trabalhadora, das mulheres e da juventude, e que defenda um programa econômico de ruptura.

 

18 de novembro de 2021

CST (Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores – Tendência do PSOL), seção no Brasil da UIT-QI (Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional)

One thought on “Lula articula para Geraldo Alckmin ser seu vice em 2022”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *