Todo apoio à mobilização do povo trabalhador do Cazaquistão!

 

 

Abaixo o regime de Nazarbayev – Tokayev! Fora o imperialismo do Cazaquistão!

 

Com o aumento de 50% dos preços do gás por parte do governo no dia 02 de janeiro de 2022, eclodiu uma massiva revolta popular no Cazaquistão, acompanhada de greves em muitas fábricas do setor energético. Como resultado da rebelião que começou em Zhanaozen, uma cidade petroleira, no dia 04 de janeiro, recuou-se no aumento dos preços na região de Mangystau. Ao ver que poderiam ganhar lutando, a revolta dos trabalhadores do Cazaquistão se estendeu rapidamente para Almaty, a maior cidade do país, e a muitas outras cidades.

A onda de rebelião, provocada pela alta do gás, estendeu-se com demandas econômicas diante do aumento da inflação, da desvalorização da moeda local, o Tenge, do aumento dos preços dos bens de consumo básico e a deterioração do poder aquisitivo dos trabalhadores. Adquiriu um caráter nacional e se transformou em uma mobilização revolucionária, como resultado da atitude do regime opressor e corrupto em colocar nas ruas os seus agentes repressivos contra as massas, que incorporaram as demandas políticas.

 

“Fora velho!”

 

Nursultan Nazarbayev permaneceu no poder durante 32 anos até deixar a Presidência em 2019, em um país que obteve sua independência com a dissolução da União Soviética em 1991, a partir dos resíduos da velha burocracia stalinista. É um ditador opressor que tem muitos poderes sobre o controle e a exploração dos imensos recursos naturais do Cazaquistão. Havia construído um regime oligárquico. Ainda que as mobilização massivas que se desenvolveram em 2019 tenham permitido a Nazarbayev passar o governo ao ex-Primeiro Ministro Kassym-Jomart Tokayev (atual presidente), ele seguiu com poder significativo em segundo plano como “líder da nação” e presidente do Conselho de Segurança.

Exatamente por essas razões, a classe trabalhadora e os setores populares gritaram “Fora Nazarbayev!” e “Fora velho!”. Apresentaram demandas por eleições para substituir os governadores que chegaram ao poder através de nomeações e demandaram uma nova constituição para romper com o regime opressor.

Como resultado da mobilização revolucionária das massas que se desenvolveu com demandas econômicas e políticas, no dia 05 de janeiro voltou-se atrás no aumento dos preços no país e destituiu-se o governo conhecido como Gabinete Mamin. Após a destituição do Primeiro-Ministro Askar Mamin e seu adjunto Aligan Smailov, foi nomeado um governo interino presidido por Tokayev. Decidiu-se aplicar o controle estatal sobre os preços dos combustíveis e alimentos durante 6 meses.

Ainda que as massas trabalhadoras mobilizadas espontaneamente tenham conquistado essas importantes vitórias parciais, as lutas adquiriram um caráter ainda mais antirregime ao invés de retrocederem. Foram incendiados edifícios governamentais em muitas regiões, os ativistas tomaram a residência presidencial em Almaty e as massas derrubaram estátuas de Nazarbayev. Frente à violência do regime contra o povo trabalhador, o exército e as forças policiais se dividiram e surgiram setores que apoiavam as mobilizações.

Diante da ira crescente dos trabalhadores do Cazaquistão, Tokayev, por um lado, declarou que Nazarbayev foi destituído da Presidência do Conselho de Segurança e que assumiu este cargo; por outro lado, declarou que as mobilizações representam uma “ameaça terrorista”. O regime, que declarou estado de emergência de duas semanas em todo o país e foi responsável pelo assassinato de dezenas de trabalhadores, também solicitou que a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO), uma aliança militar estabelecida entre os países da Comunidade dos Estados Independentes, e a Rússia intervenham no Cazaquistão contra a rebelião.

 

Solidariedade com a mobilização revolucionária do povo trabalhador do Cazaquistão!

 

Como Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI), saudamos a mobilização revolucionária da classe trabalhadora e do povo trabalhador do Cazaquistão!

O processo em desenvolvimento no país é a mobilização revolucionária espontânea dos trabalhadores e do povo trabalhador do Cazaquistão em torno das demandas econômicas e democráticas contra um regime oligárquico e ditatorial baseado na exploração capitalista dos ricos recursos energéticos do país através da cooperação com a Rússia, a China e o imperialismo. 

Esse levante é uma continuação das ondas grevistas e mobilizações massivas que ocorreram no Cazaquistão em 2011 e entre 2018-2020 com as consequências da crise econômica mundial do capitalismo que começou em 2008. 

Em escala internacional, é parte integrante das lutas que se desenvolvem no cenário mundial contra a crise econômica que se aprofundou com a pandemia e as políticas de austeridade implementadas pelos governos para impor uma saída da crise em favor do capitalismo.

Para estrangular as mobilizações de massas e manter vivo o regime, a burguesia do Cazaquistão chamou a intervenção do imperialismo e dos países expansionistas da região. Frente a isso, a tarefa mais básica dos povos do mundo e dos internacionalistas é construir a mais ampla solidariedade com o povo trabalhador do Cazaquistão contra o regime opressor e a intervenção imperialista.

No Cazaquistão, a capacidade das massas para alcançar suas demandas democráticas, econômicas e sociais e assegurar suas conquistas depende da criação de uma alternativa de poder baseada na classe trabalhadora, que só pode tornar possível romper com o regime atual, o sistema capitalista de exploração e o imperialismo, na perspectiva de um governo operário e popular.

Na luta pela ruptura com o regime opressor e para conquistar uma nova Constituição das e dos trabalhadores, por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, é preciso apontar um caminho que passe pela expansão nacional e a coordenação dos organismos locais formados pelo povo trabalhador, especialmente na parte ocidental do país, durante as mobilizações. Também é preciso dar continuidade à mobilização com um plano de ação em apoio às reivindicações democráticas, econômicas e sociais das massas em luta.

Como UIT-QI, convocamos todas as organizações sindicais, estudantis e de esquerda do mundo a construir a solidariedade internacional em apoio à mobilização revolucionária da classe trabalhadora e do povo do Cazaquistão.

 

Abaixo o regime de Nazarbayev – Tokayev!

Pelo fim imediato do estado de emergência!

Pela retirada do exército das ruas e pelo fim da criminalização dos protestos!

As pessoas politicamente responsáveis pelo massacre do povo devem ser presas e processadas imediatamente!

Todos os osbstáculos para os direitos democráticos, para a organização política e formação de sindicatos devem ser eliminados imediatamente!

À luta pela construção de auto-organizações de massas!

Não à intervenção da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO) e de todas as potências estrangeiras! Fora a CSTO e o imperialismo do Cazaquistão! Não ao expansionismo russo e chinês!

 

Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI)

 

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