Vidas negras importam! Justiça para Moïse Kabamgabe!

Bernarda Thailana, Coordenadora Geral do SINTUFF

Moïse Kabamgabe, jovem que saiu de seu país fugindo de uma guerra, junto com sua família. Vieram para o Brasil em busca do acolhimento, da igualdade que tanto se fala do Brasil, que possui a maior população negra fora da África, talvez esperassem encontrar aqui seus irmão, sua cor, suas referências, sua classe, um segundo lar longe de sua terra, infelizmente esse “pátria amada” é gentil com poucos ricos e poderosos e não o é com os negros, os índios, os trabalhadores. Isso é assim desde a chegada dos invasores europeus e posteriormente no Império, quando se organiza o genocídio dos povos tradicionais e a barbárie da escravidão negra africana.

A família chegou aqui e encontrou um país racista, em uma guerra não declarada, onde só corpos negros caem ao chão, são jovens, crianças, LGTBQI+, mulheres, homens, segundo o Atlas da Violência, o negro tem 2,6 vezes mais chances de ser assassinado no Brasil.

Encontrou um país que ainda vive a lógica de um sistema escravocrata: “imagina, um negro cobrar pelo seu trabalho”. Onde o racismo estrutural faz parte do nosso dia a dia, ainda temos pessoas vivendo em situação análogas a escravidão. Com governos que vem seguidamente retirando direitos da classe trabalhadora, e o governo de Bolsonaro, não investe em direitos básicos, como saúde, educação e renda. Esse presidente assim como a maioria dos deputados e senadores aplicam uma reforma trabalhista em que o trabalhador tem que escolher “mais emprego, menos direitos “, emprego que muitas vezes não paga nem a refeição da família. Um Governo que prega a violência, o racismo, o machismo, que pratica o genocídio da população trabalhadora brasileira ao ignorar a pandemia e se aproveitar desta para aumentar a praticar corrupção, aplicar medidas econômicas, que aumentam o desemprego, a fome da classe trabalhadora, o sucateamento do SUS, da educação pública e aumenta o lucro dos bancos, e as grandes fortunas, parte de uma política capitalista. E quem mais sofre é o povo negro nas favelas, nos piores empregos, menores salários, sem direitos, precarizados, como as trabalhadoras e trabalhadores terceirizados ou os entregadores.

Moïse Kabamgabe e sua família nunca tiveram uma oportunidade, sempre foi difícil conseguir emprego, condições dignas, encontraram aqui a guerra de que tanto fugiam, são mais uma vítima desse sistema, dessa política capitalista, governo da extrema direta de Bolsonaro e do governo do Estado de Claudio Castro, onde nos tiram o essencial. Por outro lado, governos que se dizem progressistas, apenas enganam o povo negro, como é o caso do atual prefeito Eduardo Paes, eleito com apoio de muitos parlamentares e políticos ditos de esquerda, que até agora não tomou medidas enérgicas e efetivas contra os assassinos (receber a família é o mínimo que qualquer governo deveria fazer).

Nas ruas por justiça! Dar continuidade aos atos após o sábado numa nova jornada nacional!

Dói ter que escrever sobre mais uma morte de um negro, sobre a dor de uma família, que perde seu ente querido de uma forma tão brutal, dói saber que não foi o último, dói ver a barbaridade que foi o seu assassinato. Devemos transformar a brutalidade de sua morte em luta, luta de classe, luta antirracista, luta por #justiçaparamoïse, luta pelo #ForaBolsonaro, luta pelo #ForaMourão, luta pelo #fimdogenocidionegro protestando em todo país no dia 5 de fevereiro. Propomos que as organizações do movimento negro, como a Coalização Negra por Direitos, UNEGRO, UNEAFRO, organizações democráticas e de direitos humanos como a ABI e OAB, centrais sindicais e estudantis como a CUT, CTB e UNE e UBES, as frentes povo sem medo e brasil popular, retomem a mobilização massiva nas ruas para que crimes como esse nunca mais ocorram e que seja garantida justiça e direitos ao povo negro, refugiados e imigrantes.

 

– Investigação profunda, julgamento e punição de todos os responsáveis, agressores e empresários donos do estabelecimento!

– Auxílio e emprego ao povo negro africano, haitiano, e demais refugiados e imigrantes!

– Não pagamento da dívida e destinação de recursos ao combate ao racismo e aos direitos sociais!

 

 

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