Viva a rebelião popular indígena no Equador! Fora Lasso!

por Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI)

 

Há 10 dias, uma greve nacional com bloqueios de estradas e grandes mobilizações comove o Equador. O governo patronal liberal e pró-imperialista de Guillermo Lasso responde com uma violenta repressão.

A Organização Nacional Indígena do Equador (CONAIE) convocou a greve geral e bloqueios de estradas a partir do dia 13 de junho. Esse chamado foi acompanhado por organizações estudantis e de bairros, pela União Nacional de Educadores e pela Frente Unida de Trabalhadores (FUT).

Dezenas de milhares de indígenas, trabalhadores e setores populares ganham as ruas na capital Quito, Guayaquil e outras cidades contra o governo de Guillermo Lasso e suas medidas econômicas e repressivas. A organização política Somos Água, dirigida por Yaku Pérez, também manifestou apoio aos protestos populares e repudiou a repressão, participando das marchas.

O fato que originou os protestos foi, como na rebelião popular indígena de 2019, o aumento dos preços dos combustíveis em mais de 50%. Os preços internos dos combustíveis estão “liberados” por ordem do FMI. Ainda que o Equador seja um país produtor e exportador de petróleo, ele importa uma parte menor das naftas e gasolinas que consome.

O país vive uma crise econômica, com aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade e o impacto da mineração saqueadora e contaminante do meio ambiente, realizada pelas multinacionais, que estão destruindo florestas e fontes de água. Há um enorme plano de saque, com aumento da pobreza, abandono da saúde e da educação, desemprego, flexibilização e informalidade no trabalho, com salários miseráveis, em um país que deixou de ter moeda própria e onde os preços e salários são em dólares. Também há uma forte crise social envolvendo as máfias que controlam o narcotráfico, com violência nas prisões, gerando 400 mortos em cerca de 1 ano e meio.

Como acontece em outros países latino-americanos, o governo do banqueiro Guillermo Lasso acata ordens do FMI para pagar a dívida externa e preservar os lucros de empresários, banqueiros e multinacionais, descarregando a crise sobre o povo trabalhador.

Para impor essa política, implementou medidas repressivas, como a recente “Lei de Uso Legítimo da Violência”, que, inclusive, foi aprovada na Assembleia Nacional (onde Lasso tem minoria) com apoio da oposição da falsa esquerda correísta, que autoriza a repressão militar e até mesmo o uso de armas de fogo para reprimir os protestos populares, chamados de “terroristas” pelo governo.

Durante os últimos 10 dias de mobilizações, 4 manifestantes foram assassinados pela violenta repressão policial, mais de 100 foram feridos e centenas foram presos. Alguns foram presos até antes das mobilizações, acusados de “terroristas”. Também detiveram, por um dia, o dirigente da CONAIE, Leónidas Iza.

As marchas e bloqueios exigem, em primeiro lugar, que se baixe o preço dos combustíveis. Outras reivindicações dizem respeito à redução dos preços dos alimentos, que subiram de forma desmesurada, e o controle eficaz dos especuladores; não à mineração extrativista lesiva que destrói a natureza; não à privatização de empresas estatais; moratória de 1 ano no sistema financeira para que as famílias paguem suas dívidas; preços justos nos produtos do campo; emprego e direitos trabalhistas; não à mineração em territórios indígenas e em fontes de água; não à privatização dos setores estratégicos; aumento de investimento urgente para saúde e educação; livre acesso em universidades públicas; não mais endividamento, não ao pagamento da dívida externa. Também se reivindica o fim das leis repressivas e a liberdade dos presos por lutar. Nos protestos de rua se escutam as palavras de ordem “que se vayan todos!” (Fora Todos!) e “Fora Lasso!”.

O povo trabalhador e indígena equatoriano protagonizou poderosas rebeliões dirigidas pela CONAIE em 1997, 2002 e 2005, derrotando três governos. Em 2019, houve outro grande levante que obrigou o governo de Lenin Moreno (que havia sido vice do governo anterior, de Rafael Correa) a revogar o aumento dos combustíveis, depois da cidade de Quito ter sido ocupada por 10 dias pelo levante indígena.

Para vencer e conquistar mudanças de fundo, que solucionem o desastre econômico que vive o povo e que não foram conquistadas nas rebeliões populares anteriores, é urgente unificar e coordenar essa poderosa mobilização do povo trabalhador. É necessária a unidade das organizações em luta e a elaboração de um programa comum que resolva as demandas operárias, populares, indígenas e estudantis, além de um plano econômico que permita sua efetivação. Nesse sentido, o Equador conta com a importante tradição do Parlamento dos Povos, que, com representantes das organizações indígenas, populares e operárias, esteve reunido nos momentos de crise política, como em 2005 e 2019. É preciso impulsionar, desde as bases da CONAIE, da FUT, da UNE, das organizações estudantis e das demais organizações em luta, a exigência para que os dirigentes concretizem essa unidade e convoquem o Parlamento dos Povos, para formular um programa para derrubar o governo de Lasso e do FMI e governar o Equador com o povo trabalhador e indígena.

A Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI) apoia incondicionalmente a rebelião do povo trabalhador e indígena equatoriano e chama a solidariedade internacional para que ela seja vitoriosa.

 

Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI)

23 de junho de 2022

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