Construir uma alternativa de esquerda para o Movimento Estudantil nas Universidades e Eleições

Guilherme Bueno

Centro Acadêmico da Filosofia – UFU

 

Isadora Bueno

Educação em Combate/Uberlândia – MG

 

Os estudantes rejeitam o projeto dos reformistas para as universidades

Nos últimos anos, enquanto dávamos duras batalhas pela permanência estudantil, em defesa da universidade pública e pelos filhos da classe trabalhadora, enfrentando o governo Bolsonaro/Mourão nas ruas, os setores da majoritária da UNE (UJS/PCdoB, juventudes do PT e Levante Popular da Juventude) não construíam as lutas pela base e tentavam desmontar as mobilizações que apareciam. Adotando uma verdadeira postura passiva que consistia em aguardar as eleições de outubro e apostar todas as fichas na frente ampla, assistindo a nossa juventude morrer de fome, vírus, bala e desistir de seus sonhos.

Os estudantes querem derrotar este governo desde o seu começo. As nossas vidas e sonhos são urgentes. Por isso, a base estudantil quer lutar hoje e não esperar meses para resolver nossos problemas cotidianos. Para nós, isso fica evidente quando, em diversas universidades, a majoritária perde seu prestígio nas eleições. Exemplos fundamentais são as importantes vitórias da Oposição de Esquerda nos DCEs da USP e UFRJ. Além disso, na UNIRIO não conseguiram inscrever chapa; têm disputas que acabam em rupturas significativas na UFU e perdem fóruns de base, como na UFMG.

É necessário e possível construir uma alternativa à esquerda para o movimento estudantil

A realidade é que os estudantes não confiam mais naqueles que não lutaram nos últimos anos. Pelo contrário, apostam nos grupos que estiveram à frente das mobilizações, defendendo a Assistência Estudantil; o incentivo à pesquisa, ensino e extensão; as lutas locais em cada universidade em defesa dos estudantes pobres, negros, mulheres, LGBTs e PCDs. Apostam nos que sabem que serão consequentes com as nossas lutas.

Isso abre caminho para a construção da Oposição de Esquerda na base, em cada entidade estudantil e na UNE. Precisamos estar em unidade com os revolucionários – parte dos que construíram a Articulação Povo na Rua e denunciaram os burocratas estudantis durante toda a pandemia e agora, após o retorno das aulas -, forjando uma alternativa à esquerda para o movimento estudantil a cada luta e disputa.

Construir e eleger a chapa da esquerda na UFU

Nesse sentido, estivemos na batalha pela unificação da esquerda para o processo eleitoral da UFU. Além dos camaradas do Ecoar e Rua que somaram à chapa desde o início, dialogamos com o Movimento Correnteza e a UJC para que garantíssemos a unidade dos que lutam na UFU. Num momento de racha da última gestão e de desilusão da base com um setor que ocupa o DCE há quase uma década, poderemos varrer a direita (JS/PDT) da nossa maior entidade de representação e evidenciar que as organizações que hoje se intitulam como oposição (PCdoB, PT e LPJ), tiveram a mesma política passiva e traidora que esta gestão.

A UFU foi e é uma das universidades na qual o movimento estudantil seguiu nas lutas durante todos esses anos: construindo atos contra Bolsonaro, lutando contra o atraso de bolsas, batalhando pelo RU e enfrentando a reitoria a cada política nefasta, privatista e excludente. Apenas com um DCE combativo poderemos ampliar essas lutas que tocamos com os estudantes com as inúmeras tentativas da última gestão de boicotar as mobilizações. Chamamos todes a votarem na chapa (nome) e construir essa alternativa conosco!

Organizar essa alternativa com independência política nas eleições

Precisamos abrir um debate honesto sobre as eleições burguesas com esses mesmos estudantes que apostam na esquerda revolucionária para as entidades. Muitos acreditam que a saída para o nosso país é votar em Lula/Alckmin em outubro. Afirmamos categoricamente que Lula, junto dos nossos inimigos de classe, não resolverá os problemas da juventude pobre e trabalhadora. A nível nacional, Lula cumpriu exatamente o mesmo papel que essas gestões omissas do PT e PCdoB nas universidades: nunca chamou sequer uma mobilização contra Bolsonaro, não se manifestou quando os atos eram convocados e, muito menos, somou às lutas por solidariedade e justiça pelos jovens negros, ambientalistas, LGBTQIa+ e mulheres e meninas que foram violentadas.

A defesa das universidades só será possível enfrentando quem quer privatizá-las e exigindo que os recursos do nosso país parem de ir para os bolsos dos ricaços e banqueiros e garantam uma universidade que esteja a serviço da classe trabalhadora. É imprescindível taxar grandes fortunas e não pagar a Dívida Pública, mecanismo capitalista-imperialista para impedir investimento nas áreas sociais. Lula já assegurou que continuará pagando a Dívida e não revogará grande parte dos ajustes que impedem a construção da universidade que queremos, como a Lei do Teto de Gastos. Está junto com os privatistas e a corja da burguesia nacional e internacional que nos colocaram nesse buraco que estamos.

Nesse sentido, chamamos os companheiros que desejam que à frente do DCE esteja a esquerda independente, que enfrenta os nossos opressores e exploradores, a estarem conosco pela mesma alternativa para o nosso país. Por um Brasil que de fato nos permita ter um futuro digno e concretizar nossos sonhos: um Brasil socialista.

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