Morreu Mikhail Gorbachev, o último burocrata da ex-URSS

Por Luis Covas

 

O último presidente da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) morreu no Hospital Central de Moscou, aos 91 anos. Gorbachev chefiou a ex-URSS como secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética (1985-1991). Em 25 de dezembro de 1991, renunciou ao cargo e dissolveu a URSS. Ele foi o último chefe da burocracia traidora, instaurada por Stalin na década de 1920.

Gorbachev promoveu, a partir da década de 80, o processo de restauração capitalista. Para isso, lançou a “glasnost” (transparência) e a “perestroika” (reformas), com as quais começou a privatizar a economia.

Entre 1989 e 1991, na União Soviética e no Leste Europeu, as mobilizações operárias e populares derrotaram as ditaduras burocráticas de partido único, que se autodenominavam “socialismo real”. O símbolo foi a queda do Muro de Berlim, em 1989. Foram grandes triunfos das massas, que se livraram de regimes “comunistas” repressivos. Na URSS essa ditadura foi imposta desde os anos 20, quando a burocracia chefiada por Stalin esmagou o setor revolucionário e de oposição liderado por Leon Trotsky. Ao mesmo tempo, essas vitórias, por falta de uma direção socialista revolucionária, não impediram o avanço e a consolidação da restauração capitalista, lançada pela mesma burocracia derrotada, com Gorbachev à frente.

Desde a década de 1930, Leon Trotsky alertou sobre o inevitável retorno ao capitalismo e a rendição dos burocratas ao imperialismo, caso permanecessem no poder por muito tempo. Defendia então a derrubada daquela casta chefiada por Stalin e o retorno ao caminho revolucionário, como a única saída para salvar a URSS.

“O prognóstico político tem um caráter de alternativa: ou a burocracia se torna cada vez mais um órgão da burguesia mundial dentro do Estado Operário, derruba as novas formas de propriedade e devolve o país ao capitalismo; ou a classe trabalhadora esmaga a burocracia e abre caminho para o socialismo” (Programa de Transição, página 33, Ediciones El Socialista, 2020).

A restauração capitalista na Rússia e na ex-URSS apenas exacerbou o sofrimento das massas. Agora a Rússia imperialista, sob a liderança de Putin, invadiu a Ucrânia. A classe trabalhadora russa e os povos da ex-URSS e do mundo inteiro têm a tarefa de impulsionar a mobilização operária e popular para realizar uma revolução social, que liquide os estados capitalistas e imponha governos dos/as trabalhadores/as, construindo um verdadeiro socialismo em novas bases e com democracia operária e popular.

 

30/08/2022

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