Em São Paulo Rodrigo Garcia, Tarcísio Freitas e Haddad não representam as pautas da educação!

Diego Vitello – candidato a deputado estadual – coordenação nacional CST

Lorena Fernandes – professora da rede pública estadual – CST/São Paulo

Neste artigo, trazemos uma análise das três principais candidaturas ao governo do estado e porque nenhuma delas significa as mudanças necessárias para a educação e valorização dos professores. Nesse cenário, é importante fortalecermos uma candidatura de esquerda, radical e comprometida com as lutas para darmos a reviravolta tão fundamental na educação.

Há um projeto devastador em curso na educação de São Paulo. Com objetivo de fazer do estado uma vitrine do nefasto Novo Ensino Médio, a dupla Rodrigo Garcia e Doria, impôs uma série de medidas que vem deixando a educação cada vez mais mercadológica, esvaziando as disciplinas essenciais do currículo, enquanto a situação do professor e demais profissionais da educação vem sendo atacada a largos passos.

A implementação da Nova Carreira vem nesse sentido. É através dela que o governo Rodrigo Garcia/Doria aumenta a carga horária docente presencial nas escolas, eliminou a falta-aula, estabeleceu um “aumento” apenas através de subsídios e limitou o número e frequência das faltas/médicas. Ou seja, a implementação da Nova Carreira Docente, na realidade, colocou uma vida mais dura ao professor ao passo em que os salários continuam desvalorizados.

As escolas de ensino integral, as chamadas PEI’s, também funcionam em confluência com o Novo Ensino Médio. Essas escolas têm um caráter excludente para os alunos porque diante de uma crise social brutal em que vive o país, muitos alunos não conseguem estudar e trabalhar ao mesmo tempo para garantir maior renda para suas famílias. Para os professores, o trabalho nessas escolas significa um aumento de funções burocráticas, além de viverem sob constante pressão e perseguição por parte dos gestores. Não à toa, vemos muitos docentes retornarem para as escolas regulares por não aguentarem tamanho assédio, equiparável ao que acontece nas escolas privadas.

Assim sendo, é urgente barrar a implementação do Novo Ensino Médio, revogar o plano desastroso da Nova Carreira e das PEI’s para que a educação seja de qualidade para e valorize os professores.

A precarização através dos temporários categoria “O”

Outro mecanismo nefasto de precarização da categoria acontece através da massiva contratação temporária de professores: os categoria “O”. Há quase 10 anos o estado de São Paulo não convoca concurso público, mesmo diante da imensa demanda já demonstrada pela própria Secretaria de Educação.

A contratação de professores temporários serve hoje como um substituto aos servidores concursados e é a principal forma de desvalorizar e retirar direitos de uma categoria. É a pura e simples precarização do serviço público. O categoria “O” está mais vulnerável às imposições e perseguições por parte das gestões. Por não serem concursados com estabilidade, é uma forma que o governo tem de limitar até mesmo o direito desses professores de fazerem greves e paralisações para lutarem por seus direitos. Não por acaso, os governos do PSDB tem deixado os categorias “O” sem perspectiva de efetivação por tanto tempo.

Por esses motivos, a luta pela efetivação dos categoria “O” e demais profissionais da educação em contratos temporários, como QAE’s em exercício, é fundamental para uma educação de qualidade e valorização desses profissionais.

Rodrigo Garcia: o sucessor tucano

Rodrigo Garcia, atual governador de São Paulo, foi filiado ao DEM por 27 anos e recentemente ingressou ao PSDB como parte do acordo para se tornar o candidato sucessor de Dória. Rodrigo foi parte dos governos tucanos no estado e esteve envolvido no chamado escândalo do metrô, onde foram detectados esquemas de cartel e superfaturamento nas licitações de trens e metrôs durante a gestão de Alckmin.

Para a educação, Rodrigo representa a continuidade do que os tucanos vem fazendo há quase trinta anos no estado: desvalorização do professor e demais categorias do serviço público, sucateamento das escolas e ataques ao direito de greve. Essas são marcas que os professores de São Paulo conhecem bem e por isso, demonstram tanta rejeição a sua candidatura.

Tarcísio Freitas: o retrógado bolsonarista

O militar licenciado e por três anos ministro de Bolsonaro aparece para disputar o governo do estado.  O seu intocável alinhamento com seu padrinho político é o suficiente para repudiarmos a possibilidade dele se tornar governador. O bolsonarismo representa o total desprezo pela educação e pela ciência como vimos através dos sucessivos cortes que Bolsonaro fez durante seu governo. Em quatro anos, Bolsonaro não reajustou uma única vez a verba federal para merenda escolar, mesmo diante da necessidade que muitos dos nossos estudantes têm de fazer um refeição completa e saudável nas escolas.

Bolsonaro sempre atacou os educadores e a juventude, estimulou a opressão contra o pensamento crítico e diverso nos ambientes escolares e colocou na militarização das escolas a solução dos problemas da educação. É essa a bagagem que Tarcísio trás para um programa de governo. Projeto que merece nosso total repúdio!

Fernando Haddad não firma nenhum compromisso com as pautas dos professores

Diante dessas duas candidaturas representantes da direita e do conservadorismo, muitos professores veem em Haddad uma alternativa de mudança.  Porém, Haddad não coloca nenhuma das pautas fundamentais dos professores em suas propostas.

Tanto em seu plano de governo como em declarações públicas, Haddad não apresenta nenhuma mudança significativa ao modelo de educação que está colocado. Haddad não fala em reverter nossos direitos perdidos, como as faltas abonadas, ou a volta das faltas/aula. Não se compromete com a revogação da Nova Carreira, incorporando um aumento salarial e não através de subsídios como é hoje. Haddad também abandona os professores categoria “O” e demais profissionais da educação em situação de contrato temporário porque em nenhum momento falou em efetivar essa grande parcela de trabalhadores, ou mesmo chegou a mencionar que abriria concurso público.

Entre as suas propostas, está a continuidade e expansão das PEI’s e até mesmo o fortalecimento de parcerias privadas, como com o Sistema S’, para promover o ensino técnico. Propostas que em nada se diferem do que o tucano Rodrigo Garcia propõe.

Os limites da Frente Ampla em São Paulo

A opção do PT em nível nacional de conciliar com setores empresariais e com antigos figurões da direita, se reflete também nos marcos estaduais. Haddad se orgulha em dizer que partiu dele e de um amigo empresário a ideia de firmar uma chapa em que Alckmin seria vice de Lula. Essa aliança compromete as pautas da classe trabalhadora como a revogação das Reformas Trabalhista e da Previdência, assim como o não pagamento da dívida com os banqueiros e a taxação das grandes fortunas.

A parceria entre Haddad, Alckmin e Márcio França não é de hoje. Quando prefeito, Haddad e o então governador, Geraldo Alckmin implementaram conjuntamente o aumento das tarifas de ônibus, trens e metrô para a população como forma de preservar o lucro dos empresários do transporte.

Os professores de São Paulo fizeram sua maior greve na gestão de Alckmin que tinha Márcio França como vice-governador. Essa greve foi de grande impacto e conseguiu reunir milhares de professores nos atos e assembleias na Paulista. A intransigência do então governo Alckmin/França foi tamanha que eles sequer sentaram uma única vez para conversar com a categoria em praticamente três meses de greve.

A crueldade com a educação de Alckmin e França não parou por aí. A dupla foi responsável pelo nefasto projeto de reestruturação das escolas do estado em que se pretendia fechar com mais de 90 unidades escolares. O fechamento das escolas só não foi concretizado graças a aguerrida luta dos estudantes secundaristas que se mobilizaram e ocuparam centenas de escolas na defesa da educação.

É com esse tipo de gente que Haddad e o PT se aliaram para conformar um possível futuro governo juntos. No final das contas, não é de surpreender que Haddad não se compromete com a revogação dos projetos nefastos do PSDB para a educação, ou com a reinstituição dos direitos perdidos, ou mesmo em reverter as privatizações em curso que tanto afetam os serviços públicos pelo estado.

Estamos com o Polo Socialista e Revolucionário!

Acreditamos que para dar a reviravolta necessária na educação de São Paulo, em que o professor seja verdadeiramente valorizado, que as escolas tenham estrutura adequada e que a educação cumpra seu papel na formação crítica e científica dos estudantes, é necessário fortalecer um projeto alternativo. Por isso, construímos nossa candidatura no Polo Socialista e Revolucionário porque representa a esquerda independente, socialista, sem aliança com os patrões e com a direita.

Estamos com Altino Prazeres e professora Flávia para o governo de São Paulo e Vera Lúcia para a presidência. É assim que apresentamos também nossa candidatura a deputado estadual: Diego Vitello, um metroviário que sempre esteve na linha de frente das lutas não só de sua categoria, mas também nas lutas dos professores e da juventude, das mulheres, dos trabalhadores precarizados, entre tantas outras.

Deputado Estadual: Diego Vitello 50160

Governador: Altino Prazeres 16

Presidente: Vera Lúcia 16

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