EDITORIAL | Taxar os bilionários e não pagar a dívida aos banqueiros para garantir salário, emprego e Bolsa Família! | Combate Socialista n°161

Nas últimas eleições, derrotamos Bolsonaro. A absurda “auditoria” das urnas, feita ilegalmente pelas Forças Armadas, não encontrou supostas fraudes nas eleições.  A transição de governo iniciou rumo à posse em janeiro. Temos de pensar bem o que devemos fazer para conquistar nossas reivindicações. Muitos trabalhadores e jovens com quem conversamos têm expectativas no futuro governo Lula/Alckmin e falam de suas preocupações sobre a extrema direita. As Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, as direções da CUT, UNE e MTST dizem que temos apenas que confiar na frente ampla de Lula/Alckmin e não nos mobilizar. Como calendário de “luta”, a CUT fala da “festa da posse”. Nós discordamos dessa estratégia e apresentamos um caminho alternativo, pela independência política do povo trabalhador.

Como enfrentar a extrema direita?

Ficar desmobilizados é um erro. A extrema direita segue em frente aos quarteis e é financiada por empresários golpistas. Nós somos milhões e já protestamos com força no #EleNão, no tsunami da educação, no Fora Bolsonaro. Foi esse voto operário e popular que derrotou Bolsonaro. Precisamos mostrar organização nas ruas. Exigimos que CUT, CTB, UNE, MTST e MST enfrentem os atos golpistas através de manifestações de rua. Por salário, emprego, auxílio e punição para a extrema direita. É hora de enfrentar, julgar e punir o genocídio da Covid-19 (vide a CPI instalada no Senado Federal), as iniciativas em favor de uma ditadura (inquéritos no STF) e o orçamento secreto (superfaturamentos e outros crimes). Mobilizar para que não termine em pizza as ações de Roberto Jefferson, Carla Zambelli, PRF, PM, Forças Armadas e do presidente e seus filhos durante os atos criminosos após o resultado da eleição. Chega de impunidade para a extrema direita. O dia 20 de novembro, data da consciência negra, precisa ser melhor mobilizado e construído. Exigimos da Plenária das Frentes, de 7 de dezembro, que encaminhe um calendário efetivo de luta e não apenas a “festa da posse” de Lula/Alckmin.

A frente ampla com patrões não é a saída

Agora, durante a transição, o protagonista é Geraldo Alckmin, tradicional político dos empresários. Somam-se a ele mais partidos de direita. Você, que nos acompanha, sabe que não depositamos confiança e nem apoiamos a frente ampla porque governos desse tipo, de alianças com os patrões, não beneficiam a classe trabalhadora e setores populares. Essa definição pode parecer apressada para muitos de nossos colegas de trabalho e estudo. Mas vejamos o que está acontecendo na transição de governo para refletir melhor sobre isso. Estão ocorrendo pactos com o presidente da Câmara, o deputado bolsonarista Arthur Lira (PP), o chefe do “orçamento secreto”, que não deu prosseguimento aos pedidos de impeachment contra Bolsonaro. O MDB do ex-presidente Michel Temer, de Jader Barbalho e Renan Calheiros, compõe a equipe de transição. Do mesmo modo, o PSD de Kassab, que integra a chapa bolsonarista de Tarcísio em SP. Com essa política nossas reivindicações não vão ser atendidas.

Manter a responsabilidade fiscal significa favorecer os banqueiros

Vejamos o que acaba de dizer a presidenta do PT, Gleisi Hoffman, na coletiva do Conselho Político da Transição de Governo, dia 11/11. Os jornalistas perguntaram sobre a queda das bolsas depois da fala de Lula sobre unir “responsabilidade fiscal com responsabilidade social”. Os tais “mercados” foram hipócritas, pois o governo Bolsonaro atua com “déficit” e furou o “teto de gastos”. Mas o que disse Gleisi? Propôs taxar os magnatas da BOVESPA ou da Viera Souto? Falou contra o pagamento da dívida? Não. Ela garantiu que vão governar com a “responsabilidade fiscal”. Glesi afirmou que o “mercado não tem com o que se preocupar, conhece bem Lula, sabe como ele trabalha com as finanças públicas, a responsabilidade que tem” (pt.org.br). O que isso significa? Pagar a dívida externa e interna em dia, consumindo metade do orçamento nacional, prejudicando áreas sociais que vão receber apenas migalhas.

Confiar em nossa organização, mobilização e propostas operárias e populares

Enquanto seguimos conversando sobre esses temas, propomos nos unificarmos e lutar juntos pelas nossas reivindicações. Precisamos confiar em nossa própria força, organizada nos sindicatos, entidades juvenis, feministas e populares. Defendemos a luta pelas seguintes propostas emergenciais:

1-  Bolsa família de um salário mínimo! Taxação bilionários, dos lucros das grandes empresas e não pagar a dívida aos banqueiros para investir nas áreas sociais! Plano de serviços populares para zerar o desemprego! Aumento do salário mínimo! Reposição das perdas salariais e redução da jornada de trabalho sem redução dos salários!

2- Pelo fim do orçamento secreto do centrão e do sigilo de 100 anos bolsonarista! Revogar as reformas da previdência, trabalhista, teto de gastos, reforma do ensino médio e LRF! Exonerar os reitores interventores e os militares das estatais! Reestatizar a Eletrobras e empresas privatizadas sob controle da classe trabalhadora!

3- Punir a extrema direita genocida e golpista! Julgar e condenar Bolsonaro, seus ministros e parlamentares pelos crimes cometidos na pandemia, no governo e eleições! Prisão e confisco dos bens da deputada Zambelli, da cúpula da PRF, PM e Exército envolvida nas operações contra o voto e bloqueios! Fim das chacinas contra o povo negro! Fim dos assassinatos no campo e terras indígenas! Fim da PM e da PRF!

4- Fim dos feminicídios! Aborto legal, seguro e gratuito garantido pelo SUS! Salário igual para trabalho igual! Emprego e renda para LGBTQIA+! Cota para pessoas trans em concursos e universidades! Respeito à utilização do nome social!

Construir uma esquerda independente, classista e socialista

Vamos seguir batalhando pela criação de uma nova alternativa de esquerda. Uma nova direção sindical e política classista. A CST vai seguir reivindicando que o PSOL volte a assumir uma posição independente diante dos governos patronais e que, portanto, não apoie e nem integre o governo de Lula-Alckmin. Vamos batalhar para construir uma alternativa socialista e revolucionária, que defenda medidas de fundo para acabarmos com a fome e a miséria, o que passa por construir um governo da classe trabalhadora e um Brasil Socialista.

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