Venezuela: Massivos protestos de educadores em todo o país

Por Imprensa C-Cura (Corrente Classista Unitária Revolucionária e Autônoma)

Caracas, 16 de janeiro de 2023. Hoje, em todo o país, se reuniram e marcharam trabalhadores ativos e aposentados dos setores da educação e da saúde, que mais uma vez exigiram de Maduro um salário igual à cesta básica, a assinatura de novos contratos coletivos, o pagamento de dívidas trabalhistas e a revogação do Memorando 2792 e das Instruções do ONAPRE (Escritório Nacional de Orçamento da Venezuela) [1].

No dia de hoje, os protestos cresceram em massividade e combatividade, com a presença de milhares de trabalhadores e trabalhadoras em Caracas, Cumaná, Barcelona, ​​​​Los Teques, Mérida, Ciudad Bolívar, Valencia, San Cristóbal, Trujillo, Asunción e Bachaquero (Zulia), entre outras cidades e povoados da Venezuela.

Na semana passada, as manifestações agrupavam quase exclusivamente o setor educacional, mas hoje aderiram trabalhadores e trabalhadoras da saúde e de outras empresas e instituições estatais.

Os protestos continuam crescendo, apesar da resposta autoritária e reacionária do governo Maduro, que concedeu bônus salariais arbitrários, ameaçou os manifestantes com grupos paramilitares e convocou marchas e comícios paralelos.

Os trabalhadores e as trabalhadoras do setor educacional têm estado na vanguarda em todo o país, com a sua presença e palavras de ordem, exigindo que as federações nacionais assumam uma posição unitária e convoquem assembleias nas escolas e liceus para preparar um plano de luta, que inclua a definição imediata da data de uma greve nacional de professores.

Os trabalhadores e as trabalhadoras dos setores da educação e da saúde e das demais empresas e instituições estatais sabem que para derrotar o pacote anti-operário de Maduro é necessária a mais ampla unidade de ação, continuar nas ruas e organizar de forma democrática as greves nacionais.

Notas:[1] O Memorando 2792 as Instruções do ONAPRE foram os instrumentos utilizados pelo governo Maduro para desconsiderar os acordos coletivos na elaboração dos salários da administração pública. Provocaram uma brutal perda salarial para o funcionalismo público.


Confira a nota do Partido Socialismo e Liberdade da Venezuela (PSL-Venezuela) e Corrente Classista Unitária Revolucionária e Autônoma (CCURA) convocando a ultima jornada do dia 16.

Todos para o dia de protesto de 16 de janeiro no Ministério da Educação e áreas educacionais!

Por PSL Venezula/C-Cura

O dia 9 de janeiro foi o dia marcado para o início das aulas nos ensinos básico e secundário. No entanto, desde dezembro, os professores manifestaram seu descontentamento nas redes sociais e se manifestaram contra a burocracia sindical dos professores, que não se mobiliza e esperava negociar com o governo. Assim surgiu a necessidade de convocar uma greve que dobraria o braço do governo Maduro e de sua ministra da Educação, Yelitze Santaella, personagens repudiados pela base docente, algo que apavora o governo e a burocracia sindical, tanto chavista quanto ligada ao os partidos de direito patronal.

Os motivos centrais do protesto foram os salários miseráveis ​​e a suspensão em dezembro da discussão do acordo coletivo, após mais de um ano de negociações. Professores e professoras estão cansados ​​de depender de bolsas de alimentação e bônus com os quais o governo pretende substituir os benefícios do acordo coletivo e um aumento salarial.

Os salários de fome forçaram os professores a ganhar uma renda adicional realizando tarefas alternativas, em horários em que podiam descansar ou formar-se.

O descontentamento também é determinado pelas péssimas condições de trabalho, causadas pela falta de investimento no sistema educacional, que faz parte do ajuste aplicado pelo governo, reduzindo os gastos sociais, obrigando os professores a usar seu dinheiro ou depender da colaboração dos pais e representantes para manter os campi.

Superando o medo, os professores se mobilizaram aos milhares em todo o país. Nem as pressões de diretores, supervisores e autoridades governamentais, nem a recusa da burocracia sindical dos professores em se mobilizar foram obstáculos para que os professores se juntassem às ações de luta. Cidades e vilas do interior profundo do país testemunharam uma grande mobilização. Os professores acompanhados de outros servidores públicos, pais e representantes e moradores das comunidades foram às ruas. De fato, a tão temida greve se concretizou.

O governo Maduro e seu ministro Santaella falam hipocritamente do direito à educação para desqualificar as ações de mobilização, mas são incapazes até de garantir água nas escolas e colégios.

A greve dos professores coincidiu com uma nova greve dos trabalhadores da Sidor, à qual se juntaram os trabalhadores das outras empresas de base da Guiana, que também tornaram público seu apoio à luta dos professores. Que é a mesma luta por salários, em defesa dos contratos coletivos e contra o pacote de reajuste do governo.

Várias coisas ficaram claras. Os professores perderam o medo e mostraram vontade de lutar. Produziu-se a união dos diferentes trabalhadores do setor público com os professores e professoras. Os trabalhadores reivindicam salário igual ao da cesta básica e a retomada da discussão contratual, entre outras reivindicações.

O governo tem se dedicado a intimidar e ameaçar os professores. Diretores e supervisores, assim como a Ubch e outras organizações do partido do governo, perseguem professores, impedem-lhes o ingresso nas escolas, escondem seus livros para assinar presença, ameaçam-nos com demissão, tudo com o objetivo de desmoralizá-los e amedrontá-los. Todos esses mecanismos são uma violação do direito de protesto consagrado no art. 68 da constituição. Mas os professores permanecem firmes em suas reivindicações. Por seu lado, a burocracia sindical dos professores, encabeçada pela FVM, quer agora apresentar-se como a convocadora das ações de mobilização, embora a rigor não tenha levantado um dedo. Enquanto os partidos patronais e de direita pró-imperialista tentam pescar em um rio turbulento, e convocam irresponsavelmente para ações que nada têm a ver com a luta digna e genuína levantada pela base dos professores. Os professores devem ignorar essas chamadas e não ouvir cantos de sereia.

O que propomos?

Devemos dar continuidade à enorme vontade de luta demonstrada pelos professores de todo o país. Devemos exigir que as federações e sindicatos de professores, ao invés de se desmobilizarem e tentarem negociar com o empregador, se coloquem na linha de frente da luta. Devem convocar assembléias em todos os centros educacionais ou praças públicas das cidades, como ocorreu com uma recente assembléia de massas em Cumaná, para que um plano nacional de luta seja discutido democraticamente, a partir da convocação de uma greve nacional de 36 horas, que é seguida de outra de 48 horas, com mobilização em todas as localidades, para começar a preparar a greve geral até que o governo dobre o braço.

Devemos aprofundar a organização dos professores e professoras. Uma greve nacional de toda a educação é um grande empreendimento que requer preparação e participação da base docente. Desde C-Cura propomos que se formem comitês de luta em cada centro educacional, com os companheiros e companheiras mais ativos e determinados a continuar promovendo a luta.

Um segundo dia nacional de protesto é convocado para esta segunda-feira, 16 de janeiro, no Ministério da Educação em Caracas e em todas as áreas educacionais do país. Devemos aproveitar esta situação para formar os comitês de conflito e continuar a luta até derrotar a política antitrabalhista do governo, que faz parte de seu pacote de ajuste capitalista com o qual pretende descarregar a crise nos ombros dos trabalhadores.

A luta dos professores deve se conectar com a dos sidoristas e de todos os trabalhadores do país, públicos e privados, ativos, aposentados e pensionistas. É preciso alcançar a maior articulação e coordenação possível entre todos os sindicatos, correntes sindicais e grupos e frentes de trabalhadores que se formaram no país para promover a mobilização de todos e todas os trabalhadores.

Por um salário igual à cesta básica indexada mensalmente!

Reinício imediato da discussão do contrato de ensino!

Eliminação do memorando 2792 e das instruções Onapre!

Liberdade para os trabalhadores presos!

Apoie a luta dos sidoristas!

Por um Plano Operário e Popular de Emergência!

Todos para o dia da luta nesta segunda-feira, 16 de janeiro!

Partido Socialismo e Liberdade (PSL)

Corrente Classista, Unitária, Revolucionária e Autônoma (C-cura)

14 de janeiro de 2023


Confira a convocação para a nova jornada

Todos para o dia da luta em 23 de janeiro!

 

Por PSL/C-cura [1]

 

Aprofundar a mobilização de 16 de janeiro

 

Em 16 de janeiro, ocorreram grandes marchas de professores em todo o país. Em Caracas, foram mobilizados cerca de 5.000 professores e professoras. Cidades e povoados do interior profundo do país testemunharam uma grande mobilização. Os professores – acompanhados de outros servidores públicos, pais e responsáveis, e moradores das comunidades – foram às ruas. Os motivos centrais do protesto foram os salários miseráveis ​​e a suspensão em dezembro da discussão do acordo coletivo, após mais de um ano de negociações infrutíferas.

 

O protesto, que aconteceu no dia seguinte ao Dia do Professor, foi a continuação de uma grande jornada de luta realizada na segunda-feira, 9 de janeiro.

 

Professores e professoras estão cansados ​​de depender de bolsas de alimentação e bônus, com os quais o governo pretende substituir o acordo coletivo e o aumento salarial. Os salários de fome forçaram os professores a buscar uma renda adicional, realizando tarefas alternativas em horários em que poderiam descansar ou se qualificar. O descontentamento também é determinado pelas péssimas condições de trabalho, causadas pela falta de investimento no sistema educacional, que faz parte do ajuste aplicado pelo governo, reduzindo os gastos sociais. Isso tem obrigando os professores a usar seu dinheiro ou depender da colaboração dos pais e responsáveis para sustentar as escolas.

 

Milhares de professores nas ruas do país

 

Superando o medo, os professores e as professoras se mobilizaram aos milhares em todo o país. Nem as pressões de diretores, supervisores e autoridades governamentais, nem a recusa da burocracia sindical do magistério em se mobilizar, foram obstáculos para que os professores se juntassem às ações de luta. Em Maracay, grupos motorizados ameaçaram os professores. Em Caracas, a polícia ocupou todo o centro da capital, montando uma barreira em frente ao Ministério da Educação, local em que os professores pretendiam se concentrar. Foi organizada, inclusive, uma marcha governista ao referido ministério como provocação. E Maduro e sua ministra Yelitze Santaella falam hipocritamente sobre o direito à educação, para desestimular os protestos, mas são incapazes até de garantir água nas escolas. Todos esses mecanismos são uma violação do direito de protesto consagrado no art. 68 da Constituição. Por outro lado, a burocracia sindical do magistério, encabeçada pela FVM, quer agora se apresentar como a responsável pelas ações de mobilização, embora a rigor não tenha movido um dedo. Enquanto isso, os partidos da direita patronal e pró-imperialista tentam oportunisticamente pescar em águas turvas.

 

O que propomos?

 

Devemos dar continuidade à enorme vontade de luta demonstrada pelos professores de todo o país, tanto no dia 9 como em 16 de janeiro. Uma nova data de protesto está marcada para a próxima segunda-feira, dia 23. Os professores devem aproveitar para se auto-organizar em suas escolas e colégios. Em muitas, não há delegados ou representantes. Por isso, é preciso formar comitês de luta em todos os lugares para preparar o protesto do dia 23, e ficar de prontidão. Não se pode confiar nos burocratas das federações e sindicatos. Devemos confiar em nossas próprias forças.

 

A maioria dos professores clama pela convocação de uma greve nacional de todos os docentes, mas esta medida não tem o apoio da burocracia sindical. Por isso, devemos exigir que as federações e sindicatos, em vez de desmobilizar os protestos e tentar negociar com os patrões, tomem a dianteira na luta. Que vão até as escolas, que praticamente abandonaram, preferindo mandar “mensagens” pelo WhatsApp e pelas redes. Que convoquem assembleias em todos os centros educativos, para que se discuta democraticamente um plano nacional de luta, que tenha como ponto de partida a convocação de uma paralisação nacional de 36 horas, seguida de outra de 48 horas, com mobilização em todos os locais de trabalho. Isso como preparação para uma greve nacional dos professores, que dobre o governo e derrote sua política anti-operária, que faz parte do pacote de ajuste capitalista com o qual busca descarregar a crise nos ombros do povo trabalhador. A direção sindical deve ser cobrada para marcar uma data para as greves.

 

A luta dos professores faz parte da luta dos sidoristas [2] e de todos os trabalhadores do país, dos setores público e privado, ativos, aposentados e pensionistas. É preciso conseguir a maior articulação e coordenação possível entre todos os sindicatos, correntes sindicais, grupos e frentes operárias (Faitec, Asta, Espaço Sindical Unitário, Coordenadora Metropolitana etc.), que se formaram no país para promover a mobilização de todos os trabalhadores e todas as trabalhadoras dos setores público e privado. E fortalecer a luta dos professores.

 

A grande mobilização do dia 16 foi possível graças à união de todos os setores sindicais e dos trabalhadores.

 

Por um salário igual à cesta básica, indexado mensalmente!

 

Que os bônus sejam o salário! Eliminação do IVA!

 

Reinício imediato da discussão do acordo coletivo!

 

Eliminação do Memorando 2792 e das Instruções do ONAPRE!

 

Liberdade para os/as trabalhadores/as presos/as!

 

Por petróleo 100% estatal, sem transnacionais ou empresas mistas!

 

Por um Plano Operário e Popular de emergência!

 

Rumo a uma greve nacional de professores!

 

Por um governo dos trabalhadores, das trabalhadoras e do povo!

 

Todos para o dia da luta em 23 de janeiro!

 

18 de janeiro de 2022

 

Notas:

 

[1] PSL: Partido Socialismo e Liberdade, seção venezuelana da UIT-CI. C-Cura: Corrente Classista Unitária Revolucionária e Autônoma.

 

[2] Trabalhadores e trabalhadoras da SIDOR (Siderúrgica de Orinoco).

 

 

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