A vigência do legado de Nahuel Moreno: 36 anos do seu falecimento

Claudia Gonzalez – Coordenação Nacional CST

Nahuel Moreno faleceu em 25 de janeiro de 1987, aos 62 anos de idade. Foi um dos dirigentes do trotskismo mais destacados na segunda metade do século XXI.

Moreno se incorporou à militância revolucionária após o assassinato de Leon Trotsky em 1940, impulsionando a construção de partidos revolucionários e dando continuidade às elaborações de Trotsky e dos mestres do marxismo. Reconhecido elaborador teórico, foi um dos principais dirigentes políticos que combateram o revisionismo, educando gerações de dirigentes e militantes no trotskismo, o verdadeiro marxismo revolucionário.

Moreno se destacou pela sua obsessão, desde jovem, de tirar o trotskismo dos bares do centro de Buenos Aires, onde passavam-se noites discutindo, e levá-lo para as fábricas e bairros operários.  Moreno afirmava que “Entre os anos 40 a 43, o trotskismo era uma festa”. Com essa preocupação fundou o GOM, Grupo Operário Marxista, que se instalou em Villa Pobladora, um importante bairro operário da periferia de Buenos Aires, onde construiu um importante “bastião” trotskista. Essa experiência orientou a formação de quadros e partidos inseridos no seio da classe trabalhadora e suas lutas, que Moreno ajudou a construir em diferentes países.

Em 1948, Moreno viajou a Paris, como delegado, para o segundo congresso da Quarta Internacional. No terceiro congresso, em 1951, os dirigentes Michel Pablo e Ernest Mandel começaram a impor uma linha de capitulação ao stalinismo (Tito na Iugoslávia, Mao na China) e aos nacionalismos burgueses da América Latina, Ásia e África (Paz Estenssoro, Ben Bella e outros). Moreno alertou que essa orientação oportunista de Pablo e Mandel imporia uma política revisionista de renunciar à construção de partidos revolucionários e afundaria a Quarta Internacional.

Frente ao triunfo da revolução cubana em 1959, Moreno defendeu, contra posições sectárias, a primeira revolução que adotou medidas de transição ao socialismo na América Latina. No entanto, enfrentou a corrente mandelista que capitulava à direção de Fidel Castro e ao Partido Comunista. A burocracia cubana cedeu ao stalinismo e acabou restaurando o capitalismo.

Os triunfos conseguidos pelas lutas das massas recuaram pela traição das direções majoritárias da classe operária e dos movimentos, o que reafirmou a luta constante de Moreno por unir os revolucionários, construir partidos da classe independentes e reconstruir a Quarta Internacional para batalhar por governos da classe trabalhadora e pelo socialismo.

A atualidade do morenismo

Após a morte de Moreno aconteceram mudanças sociais e políticas profundas. Fortes lutas e rebeliões da classe enfrentaram os ataques do capitalismo, ganharam espaço movimentos internacionais em defesa do meio ambiente, dos diretos das mulheres e LGBTQIA+, da luta antirracista. Rebeliões no Irã, em Cuba, na América Latina, greves nos Estados Unidos, na Europa, na China.

Importantes debates se desenvolveram na vanguarda que luta contra as penúrias do capitalismo. Retorna a ideia de que existe uma saída para as massas nos marcos do capitalismo. A teoria do “capitalismo com rosto humano”, “mudar o mundo sem tomar o poder”, o falso “socialismo do século XXI” na Venezuela com Chávez e Maduro, e os posteriores governos de frente popular da Bolívia, Peru, Chile, Colômbia e agora Brasil. Muitos lutadores ainda se iludem com a conciliação de classes e a unidade entre trabalhadores e empresários.

Para os morenistas essas experiências fracassaram, provocando mais miséria aos trabalhadores e povos, além de ditaduras, como na Venezuela e na Nicarágua. Dessa forma, os ensinamentos de Moreno continuam atuais. É necessário impulsionar a mobilização contra todo tipo de governos burgueses, principalmente os que aparecem com discursos populares, mas governam para as burguesias, posicionando-se sempre pela independência política da classe trabalhadora. É necessário encampar a tarefa de unir os revolucionários com um programa para construir a Quarta Internacional, como a UIT-QI convoca permanentemente.

O legado de Moreno segue vigente. Afirmamos que a saída de fundo para as massas será possível com novos dirigentes, com a construção de partidos revolucionários que encabecem a conquista do poder pela classe trabalhadora, para expropriar a burguesia e o imperialismo e lutar pelo socialismo em todo o mundo. A CST no Brasil continua o caminho traçado por Moreno, impulsionando a construção de uma organização revolucionária, apoiando as lutas cotidianas da classe trabalhadora contra os governos patronais, as burocracias sindicais e direções traidoras.

* Adquira com nossa militância a revista “Nahuel Moreno – Esboço biográfico”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *