Turquia: Partido da Democracia Operária (IDP), seção da UIT-QI, envia ajuda para zona do terremoto

 

Por Imprensa UIT-QI

01/03/2023. Em 6 de fevereiro, ocorreu uma terrível catástrofe causada por um terremoto de 7,7 graus na escala Richter, que afetou principalmente a Turquia e a Síria. Milhares morreram e dezenas de milhares ficaram feridas. O terremoto e seus tremores secundários causaram desabamentos de prédios e casas em várias cidades, deixando milhares de pessoas sob os escombros. Os atrasos nas ações de resgate dos governos agravaram a situação. Foi declarado estado de emergência, bloqueando estradas e dificultando a chegada da ajuda humanitária. Uma decisão criminosa, provocada pela negligência dos governos de Erdogan, na Turquia, e do ditador Bashar al-Assad, da Síria.

Os povos das regiões afetadas e as organizações políticas da Turquia estão realizando campanhas de solidariedade para ajudar as vítimas. O Partido da Democracia Operária (IDP), seção turca da UIT-QI, enviou seu segundo comboio de ajuda humanitária com destino a uma das cidades mais afetadas pelo terremoto, Antakya. De Istambul e Manisa, caminhões com doações seguiram para Antakya, levando alimentos, materiais de higiene, roupas, materiais de construção e barracas profissionais feitas por metalúrgicos de Manisa (veja vídeos e fotos).

O comboio do IDP foi organizado em coordenação com organizações socialistas e sindicatos da região, enfrentando os obstáculos impostos pelo governo Erdogan. A ajuda humanitária é controlada pelo governo, que tenta eliminar iniciativas autônomas, especialmente de organizações de esquerda. Apesar disso, a secção turca da UIT-CI continua a campanha financeira e solidária para poder realizar uma terceira viagem com ajuda humanitária.

Leia a nota Partido da Democracia Operária (IDP):

 

Turquia: horas críticas estão sendo perdidas… Medidas urgentes devem ser implementadas imediatamente!

 Por Partido da Democracia Operária (IDP), seção da UIT-QI na Turquia

O balanço dos terremotos que atingiram as províncias é cada vez mais pesado. No momento da redação deste informe, segundo dados oficiais, o número de mortos subiu para 8.574 e o número de feridos para 49.133. Embora tenham se passado mais de 48 horas desde o primeiro terremoto, ainda existem dezenas de vilas e cidades inacessíveis e milhares de escombros sem intervenção das equipes de socorro. Portanto, nos deparamos com um cenário grave, em que os números reais são, infelizmente, muito superiores aos oficiais.

Os terremotos afetaram seriamente não apenas a Turquia, mas também o povo sírio. Milhares de pessoas perderam a vida e dezenas de milhares ficaram feridas na Síria. Expressamos nossa sincera solidariedade ao povo da Síria, que precisa urgentemente de ajuda, assim como nosso povo na zona do desastre. O embargo que impede o envio da ajuda humanitária à Síria deve ser levantado e as fronteiras devem ser abertas.

O período de 24 horas que se seguiu ao primeiro terremoto foi crítico para salvar vidas sob os escombros. O aparato político e administrativo, corrompido sob o regime de um homem só, não foi capaz de tomar medidas urgentes ou de realizar as intervenções necessárias. Os meios ao dispor do Estado, das empresas e dos cidadãos não foram mobilizados com urgência. A paralisia do aparelho de Estado, aliada ao terremoto, infelizmente nos fez perder milhares de vidas sob os escombros, em condições climáticas adversas. Além disso, as alegações de que “todos os lugares foram alcançados” e de que “não houve prédios que não pudessem ser alcançados” foram mentiras descaradas. Por outro lado, apesar do governo e da administração terem todos os poderes legais para intervir com urgência em situações de catástrofe, a declaração do estado de emergência por Erdogan para 10 províncias cerca de 36 horas após o terremoto, mais uma vez deixou claro as prioridades e preocupações do governo.

Apesar da perda de um tempo valioso, ainda há medidas urgentes a serem aplicadas. A primeira e mais importante coisa é resgatar sem demora as pessoas vivas que estão sob os escombros. O primeiro passo é abrir imediatamente as estradas fechadas. Para isso, todos os equipamentos e máquinas de construção necessários devem ser temporariamente nacionalizados e transportados para a região. Todos os recursos das Forças Armadas turcas devem ser utilizados para abrir as estradas e garantir o transporte, inclusive por via aérea. As tropas alocadas nas fronteiras devem ser deslocadas e todos os meios devem ser usados ​​para salvar vidas. Continua havendo muita incompetência no envio de mineiros para a região. Os mineiros e outros voluntários especialistas em busca e resgate devem ser mobilizados com urgência para os escombros.

A segunda questão vital é garantir a sobrevivência de nossos cidadãos que escaparam do terremoto e sua transferência para áreas seguras. Embora muitos voluntários e suprimentos de emergência tenham chegado à região, graças ao esforço de nosso povo trabalhador, a falta de organização das instituições estatais impede que essa ajuda chegue aos necessitados. Nos centros urbanos e nas áreas rurais ainda não há acesso à água potável, alimentos, roupas de inverno e gasolina. Além disso, as ações de solidariedade realizadas por organizações sindicais e partidos políticos, de forma voluntária, estão sendo bloqueadas. As instituições administrativas locais devem tomar a iniciativa de organizar a ajuda e devem ser criados gabinetes de crise em todas as áreas, com a participação de organizações da sociedade civil e da população da região.

Mesmo nas condições atuais, para o governo, o lucro das empresas e o direito à propriedade privada vêm antes do resgate das pessoas e do direito à vida. Toda a riqueza do país deve ser usada para salvar vidas. Este processo não pode ser deixado à iniciativa ou à consciência do setor privado. Todos os meios devem ser mobilizados de forma planejada.

– Para fornecer ajuda alimentar de forma rápida e eficaz, o governo deve fazer os acordos necessários com as redes de supermercados. E suas filiais nas regiões devem estar imediatamente disponíveis para fornecer suprimentos de emergência gratuitamente.

– Devem ser fornecidas aos necessitados, urgentemente, roupas, abrigo, aquecimento e itens de higiene. Devem ser tomadas as medidas necessárias contra o risco de epidemias e o pronto envio de banheiros químicos para a região.

– A falta de comunicação efetiva continua sendo um dos problemas mais prementes na região. Todas as medidas necessárias devem ser tomadas para garantir o funcionamento ininterrupto e eficiente das redes telefônicas e de internet.

– Todos os hospitais privados devem fornecer tratamento gratuito aos feridos; todos os medicamentos, produtos sanitários e processos de tratamento devem ser oferecidos gratuitamente aos feridos.

– Devemos começar a trabalhar pelos idosos, doentes, deficientes, mulheres, crianças, pessoas LGBTI+ e imigrantes! Todas as autoridades, especialmente o Ministério da Família e Políticas Sociais, devem estabelecer mecanismos de apoio urgente para que as pessoas com necessidades especiais possam sobreviver. Um plano de ação de emergência deve ser criado sob a liderança de todas as ONGs, sindicatos, organizações sindicais, associações e partidos políticos que trabalham neste campo. E deve-se permitir que eles entrem em ação.

– É urgente evacuar a população da área do desastre para regiões seguras. Todos os meios de transporte devem ser mobilizados para isso, devendo os hotéis e centros de alojamento do país ser disponibilizados gratuitamente a quem deles necessite.

– Não às campanhas racistas contra os imigrantes. A discriminação contra os migrantes deve ser combatida; os centros de expulsão e os acampamentos deteriorados e inabitáveis ​​devem ser evacuados, para que seus ocupantes também possam ser transferidos para áreas seguras. As restrições de viagem em todo o país devem ser suspensas e deve ser fornecida assistência à tradução.

Está claro que o governo não tem condições de usar com eficácia essas horas críticas para salvar vidas. Nesse sentido, as organizações sindicais, os partidos políticos, as organizações democráticas de massas e todos os trabalhadores devem tanto pressionar o governo quanto garantir sua própria organização. Diante da impotência do governo, são motivos de orgulho os esforços de ajuda e de mobilização da população. A fim de fornecer ajuda mais rapidamente e construir solidariedade de forma mais eficaz, apelamos aos sindicatos, organizações profissionais e partidos políticos pró-operários pela criação de um serviço de crise de emergência e pela união e coordenação dos esforços independentes para a área do desastre.

Partido da Democracia Operária, UIT-QI

08 de fevereiro de 2022

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