Repúdio à indicação de Daniela Barbalho para o Tribunal de Contas do estado do Pará

Nesta semana, por meio de um grande acordão, a ALEPA aprovou a indicação de Daniela Barbalho, esposa do atual governador Helder Barbalho, como conselheira do Tribunal de Contas do Estado do Pará. O cargo é vitalício e tem salário de 35 mil reais.

Trata-se de caso escancarado de aparelhamento e favorecimento político protagonizado pela família Barbalho. Nós da Corrente Socialista de trabalhadoras e trabalhadores, tendência interna do PSOL, repudiamos veemente essa indicação.

A BBC apurou que, segundo levantamento do site Transparência Brasil em 2016, cerca de um terço (32%) dos conselheiros e ministros dos TCEs do país eram “familiares de políticos ou de integrantes de relevo do Poder Judiciário”.

Não é a primeira vez que governadores e ex-governadores medebistas recorrem a esse tipo de manobra: O mesmo ocorreu ano passado com a ex-primeira Dama de Alagoas, Renata Calheiros, esposa do agora ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB).

Essa prática também é reproduzida por partidos de centro-esquerda: na Bahia o ex-governador e atual ministro da Casa Civil de Lula, Rui Costa (PT), teve sua esposa Aline Peixoto indicada para o Tribunal de contas Baiano.

A conciliação de classes fortalece projetos oligarcas e abre espaço para extrema-direita

A indicação de Daniela Barbalho foi feita pelos líderes União Brasil, Republicanos, PT, PDT, Podemos, PSD, PSDB, MDB, PTB e PP e contou com apoio até mesmo da Parlamentar do PSOL, Livia Duarte, que chegou a argumentar que Daniela estaria sendo vítima de machismo ao ter sua indicação questionada em decorrência de sua condição de primeira Dama.

Discordamos radicalmente da posição da parlamentar. Nada tem a ver com machismo questionar a prática escancarada de nepotismo presente nas indicações aos TCEs. É um desserviço instrumentalizar a pauta feminista para defender algo que não passa de nepotismo e aparelhamento político do estado a serviço de partidos burgueses. A indicação de Daniela não tem nada de progressista e em nada faz avançar a luta das mulheres, pelo contrário, é apenas mais um capitulo da velha política de toma-lá-dá-cá de partidos de direita .

Além do favorecimento político que contempla parentes com cargos vitalícios e altos salários, essas indicações visam assegurar a aplicação de projetos burgueses e corruptos  de velhas oligarquias. Helder quer seus aliados em locais estratégicos pra fazer passar seu projeto privatista e patronal que na mesma semana privatizou rodovias do Estado.

Infelizmente uma parte da esquerda é conivente com essas medidas pois compõem governos junto as esses políticos e partidos. Na prefeitura de Belém é nítido o alinhamento político entre Edmilson e os Barbalhos e isso explica a conivência da Direção do PSOL com esta indicação. Esse silêncio ajuda a passar impunes essas práticas. Por isso dizemos que a conciliação de classe fortalece o projeto desses governos oligarcas.

Além disso o espaço de oposição que deveria ser ocupado por uma esquerda consequente acaba sendo tomado pelos hipócritas de extrema-direita que sempre fazem o mesmo quando estão no poder.

É preciso construir uma oposição consequente ao governo de Helder Barbalho.

Não podemos mais aceitar que as medidas patronais e privatistas do governo de Helder Barbalho passem em branco, blindadas por setores da esquerda. É preciso lutar contra as privatizações, denunciar a corrupção e o aparelhamento político, apoiar as lutas dos servidores estaduais por melhores salários, e dos povos do campo em defesa da reforma agrária, dos povos indígenas e quilombolas em defesa das florestas e seus territórios contra o avanço do latifúndio, das mineradoras e dos grandes projetos.

Chega de pactos do PSOL com o governo dos Barbalhos

A militância do PSOL deve ter o direito de debater sobre a atual relação do partido com o governo Helder Barbalho e sobre a gestão da Prefeitura de Belém aliada a inumeros partidos de direita e altamente critica pelo povo trabalhador. Chamamos aos companheiros do MES, APS, Resistência e a toda a militância que de forma correta se posicionaram contra a indicação, a pressionar pela realização de uma plenária do partido. Chega de alinhamento com os Barbalhos.

Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores – Regional Pará.

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