A UIT-CI saúda o poderoso movimento de luta de milhões de trabalhadores, jovens e imigrantes que na França enfrentam com greves, mobilizações e ocupações a reforma previdenciária do governo Sarkozy que aumenta a idade de aposentadoria para 67 anos.
Importantes setores da classe trabalhadora e a juventude estão em greves indefinidas, como os portuários de Marselha que fecharam o porto há mais de um mês; os trabalhadores de refinarias de petróleo e indústrias químicas, que enfrentam a polícia para bloquear totalmente o fornecimento de gasolina.
Cada semana passeatas percorrem as ruas das cidades com milhões de pessoas. As greves e mobilizações têm o apoio de 70% da população.
No entanto o governo de direita de Sarkozy utiliza sua maioria parlamentar para impor o projeto em uma grosseira demonstração que o regime da democracia burguesa ignora a vontade popular.
Os trabalhadores, jovens e povo pobre da França sabe perfeitamente que este ajuste é contra eles, não só na idade de se aposentar, mas que afetará a possibilidade de emprego, e todas as conquistas como a saúde gratuita, denominadas “estado de bem estar”. Também sabem que este ajuste é para beneficiar aos milionários, aos banqueiros, à grande patronal.
Há menos de dois anos, o estado francês e todos os governos da União Europeia entregaram mais de um bilhão de euros aos banqueiros. Agora os Estados estão endividados e tentam que o povo trabalhadora pague a conta, enquanto os banqueiros e as multinacionais continuam lucrando bilhões.
Hoje se enfrentam dois poderes na França: o governo capitalista, os banqueiros e grandes empresários, de um lado, e o poder dos sindicatos, dos trabalhadores, dos jovens, mobilizados nas ruas.
O governo Sarkozy não tem legitimidade democrática porque governa contra a vontade popular. O poder do povo mobilizado representa essa vontade. Não há porque aguardar às eleições de 2012, como pretendem o PS e o PC para acabar com os ajustes e impor a vontade da maioria da população trabalhadora.
A greve geral é necessária para derrotar o ajuste agora, e, se Sarkozy e o Parlamento não retrocedem, então, Fora Sarkozy e o Parlamento! Quem deve governar são os trabalhadores, os sindicatos, a juventude mobilizada.
Por esta razão, é que fraternalmente, fazemos um chamado ao Novo Partido anticapitalista, a Lutte Ouvrière, a outras organizações menores da chamada “extrema esquerda” que organizam dezenas de milhares de ativistas na luta contra Sarkozy e seu plano, para que trabalhem em unidade para impulsionar a coordenação dos trabalhadores e os estudantes, desde as bases, na perspectiva da greve geral indefinida, exigindo-a aos dirigentes das centrais sindicais, até derrotar a reforma da previdência e ao governo que a defende.
A incorporação massiva dos estudantes secundaristas e universitários, e da juventude dos bairros pobres de imigrantes, assim como as greves indefinidas de setores de trabalhadores, mostram a tendência em direçãoa greve geral indefinida até que o governo retroceda e anule a reforma.
Como o expressou Olivier Besancenot, o líder do Novo Partido Anticapitalista, “nas ruas pode ser desfeito o que o Parlamento fez”.
Mas a atitude de Sarkozy mostra que são necessárias medidas mais fortes ainda: uma greve geral indefinida que paralise toda a economia capitalista. E as burocracias sindicais da CGT e demais centrais sindicais (conduzidas pelo PC e o PS) se negaram ate agora a convocar esta greve que de fato o povo, sem a coordenação necessária, está impulsionando.
Mas a greve indefinida pode ser imposta pelo poderoso movimento desde a base, que inclusive já está criando coordenadoras intersindicais e de estudantes, que estão impulsionando a luta em diversas cidades. Na França se fala na semelhança com o Maio de 1968, quando uma greve geral massiva foi imposta desde as bases, com ativistas sindicais e estudantis indo de fábrica em fábrica e de empresa em empresa para deflagra a greve e exigindo e impondo à burocracia sindical para que a estendesse.
Isto está colocado de forma imediata, impor a greve geral até a derrota da reforma e do plano de ajuste. Os trabalhadores e os jovens da França são hoje a vanguarda da luta contra o ajuste capitalista em toda a Europa. Em 16 de Outubro houve uma mobilização de milhares de trabalhadores metalúrgicos em Roma, que marcharam com suas bandeiras vermelhas contra o governo Berlusconi, acompanhados de familiares, professores e estudantes, em defesa de suas condições de trabalho e por , salários que reponham a inflação.
Os trabalhadores britânicos anunciam medidas de luta contra o anuncio do governo conservador de demitir 500mil funcionários públicos. Em Portugal os sindicatos convocaram a uma greve geral. Na Grécia as greves já são quotidianas. É uma batalha internacional entre os trabalhadores e o capital. Que não afeta somente à União Europeia, pois a crise capitalista é global e os bilionários donos das multinacionais e bancos tentam que seja paga pelos trabalhadores, oprimidos e explorados do mundo todo.
Manifesta-se nos planos anti-operários e antipopulares na América Latina. Como na redução das aposentadorias na Argentina, na greve dos professores em Honduras, na negativa em repor a inflação nos salários na Bolívia ou na Venezuela... Na Ásia, China Bangla Desh e outros países, gigantescas greves impuseram aumentos salariais, ainda que a situação dos trabalhadores continue de muita exploração. Por isso, a luta dos trabalhadores e a juventude da França tem uma imensa importância internacional. Fazemos um chamado a todas as organizações populares, camponesas e estudantis a expressar a solidariedade com a luta da França. Se eles vencem, todos estaremos mais fortes para derrotar os planos capitalistas em cada país, e ao imperialismo, para impor uma economia a serviço da maioria dos trabalhadores, dos explorados e dos opr imidos.
Unidade Internacional dos Trabalhadores (UIT-CI) 24-10-2010