Paralisação foi definida em uma das maiores assembleias dos últimos anos. Apoio à greve docente tamb
A assembleia geral dos estudantes da UnB deflagrou greve da categoria no início da tarde desta quinta-feira, 24 de maio. O movimento segue a paralisação dos professores da universidade, iniciada há uma semana, e contou com o apoio quase unânime dos alunos presentes. Segundo o Diretório Central dos Estudantes (DCE), a lista de presença teve 431 assinaturas, mas o vão da entrada norte do Instituto Central de Ciências (ICC), local conhecido por Ceubinho, ficou praticamente lotado, indicando uma presença de aproximadamente 600 estudantes.
Veja as imagens da assembleia no flickr da UnB Agência.
O número supera as assembleias estudantis realizadas nos últimos quatro anos. “Só é comparável à ocupação da reitoria, em 2008”, avaliou Heitor Claro, estudante de Economia, em referência as mobilizações que culminaram na queda do então reitor Timothy Mulholland. “Das assembleias que já participei, sem dúvida essa foi a mais lotada desde a ocupação”, concordou Pedro Henrique, estudante do 10º semestre de Medicina e que acompanhou o movimento da época.
Os alunos também aprovaram a pauta de reivindicações, que exige investimento equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação no país, melhoria na assistência estudantil, paridade nas eleições da UnB e interrupção do calendário acadêmico. Os temas serão detalhados pelo Comitê Local de greve, que se reunirá as 18h desta quinta-feira, na sede do DCE.
“O movimento estudantil, historicamente, nunca se posicionou contra uma greve. É um instrumento de luta e temos nossa própria pauta”, comentou Diogo Ramalho, estudante de Letras, que fez uma das falas de apoio à declaração de greve. Para o DCE, no entanto, a decisão tem caráter apenas consultivo, já que não houve quórum mínimo, que é de 1.087 estudantes. “Nós [do DCE] consideramos a assembleia legítima, apesar de não ter tido quórum representativo para deliberação”, avaliou Octávio Torres, estudante de Direito e coordenador-geral do diretório.
“Temos que avaliar comparando com a realidade, comparando com as assembleias anteriores. Foi muito representativa sim”, discordou Lorena Fernandes, do curso de Serviço Social. “O fato de não ter tido quórum mínimo não deslegitima em nada a decisão de greve”, acrescentou Cynthia Funchal, estudante de Letras.
“Na Universidade Federal Fluminense, a assembleia que decidiu pela greve estudantil contou com 700 estudantes. Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, foram 800 alunos e na Universidade Federal de Uberlândia, cerca de 500”, comparou Lorena Fernandes.
CRÍTICAS – Muitos alunos foram ao microfone para criticar um suposto desinteresse do DCE na divulgação da assembleia. “Na hora de colar cartazes pedindo a presença da polícia no campus, o DCE vai em todas as faculdades. Quando é para convidar para uma assembleia, principal espaço de deliberação estudantil, o DCE só divulga pela internet e não de sala em sala, como deveria ser. Não se faz movimento estudantil pela internet”, protestou Nunes Rio, estudante de Economia.
“Grupos de oposição ao DCE reuniram 31 assinaturas de Centros Acadêmicos pressionando por uma reunião do Conselho de Entidades de Base ou uma assembleia. Foi só depois de muita pressão que o diretório cedeu e chamou a assembleia”, afirmou Lucas Barbosa, estudante de Letras e membro do Coletivo Mobiliza UnB.
Há duas formas de convocar uma assembleia: uma lista com 3,5 mil assinaturas de estudantes ou uma convocatória do DCE. Para Octávio Torres, coordenador-geral do diretório, não houve “corpo-mole”. “O DCE se reuniu com todas as forças políticas do movimento estudantil para decidir o que fazer. Propomos incialmente que fosse na sexta-feira, para termos tempo de divulgação, mas os grupos preferiram que fosse hoje. Divulgamos em nossos meios de comunicação, como facebook e blog. Na minha visão, tentamos construir da melhor maneira”, rebateu.
PROFESSORES – A assembleia também aprovou moção de apoio à greve dos professores. “A pauta dos professores não é exclusivamente salarial, mas por melhores condições de trabalho, como plano de carreira, e isso tem a ver com os estudantes. Nossa responsabilidade é dar continuidade ao processo nacional”, afirmou Lucas Brito, estudante de Serviço Social.
“A greve já tem mais de 40 universidades e institutos federais envolvidos. Com uma adesão dessas, alguma coisa só pode estar errada”, comentou Isabela Aysha, estudante de Letras.