Para nós, ecossocialistas e militantes do PSOL, a imagem acima não poderia ser pior: Edmilson Rodrigues, candidato a prefeito da maior cidade da Amazônia brasileira, ladeado por Giovanni Queiróz (PDT) e Jorge Panzera (PCdoB).
Na recente história da luta em defesa do meio ambiente o PCdoB tem cumprido um papel nefasto e repugnante: ser o porta-voz dos latifundiários e demais setores burgueses que tentam alterar a legislação ambiental brasileira, enfraquecendo-a ainda mais.
A participação ativa de seus parlamentares recebeu elogios de algumas das mais reacionárias figuras da política nacional, como Kátia Abreu, pecuarista e senadora (PSD / ex-DEM) e Ronaldo Caiado, antiga liderança da UDR (União Democrática Ruralista) e deputado federal (DEM).
O mesmo PCdoB, base de apoio do governo neoliberal de Luiz Inácio, e pivô do escândalo de corrupção envolvendo o Ministro dos Esportes do Governo Dilma, acusado de armar um esquema de desvio de dinheiro público, com a participação de ONGs administradas por seus filiados.
Tivemos que engolir a indicação do vice-prefeito, pois o arco de alianças aprovado por apenas 60% da plenária municipal eleitoral de Belém, incluía o PCdoB governista. Sendo que uns 10% votaram contra sua consciência, embora centralizados por sua corrente. Ou seja: 50% do partido, em Belém, rejeitou a aliança com a turma do “Aldonegócio”, apelido pouco honroso para um partido que se reivindica comunista.
Mas o 2º turno das eleições municipais em Belém tem se revelado um desastre para a construção de uma alternativa socialista. Ou até mesmo anticapitalista.
Primeiro foi o apoio do PT, partido governista, responsável pela aplicação da agenda neoliberal no país, envolvido até a alma com escândalos de corrupção.
Depois veio o PPL, do antigo MR-8, ex-PMDB quercista, que a juventude lutadora das décadas de 80-90 conhece bem.
Agora, o PDT de Giovanni Queiroz, ruralista, proprietário da Agropecuária Pau D’Arco, latifúndio com 4.356 hectares e de outro, com 1.840 hectares, no município de Rio Maria. Concentração de terra avaliada em R$ 8 milhões, onde pasta um rebanho bovino avaliado em mais de R$ 1,5 milhão.
Na eleição de 2006 sua candidatura recebeu doação de uma empresa que figurava na “lista suja” do Ministério do Trabalho, a SIMASA, carvoaria denunciada por trabalho escravo. Como deputado federal, tem dedicado especial atenção ao seu próprio bolso. No período de 1998 a 2006, teria aumentado seu patrimônio em 207%. Na atual legislatura seria o 20º parlamentar mais rico do Congresso Nacional, com mais de R$ 10,4 milhões e uma evolução patrimonial de 50% nos últimos 3,5 anos.
Bastante presente no sul do Pará, é descrito assim pela Liga dos Camponeses Pobres: “conhecido testa de ferro do latifúndio e inimigo dos camponeses. O reacionário Giovanni Queiroz sempre foi ligado à UDR e é defensor dos latifundiários que praticam trabalho escravo na região”. Esse senhor, camaradas, é o novo apoiador da campanha de Edmilson à prefeitura de Belém.
Até mesmo sob o ponto de vista estritamente eleitoral, na busca por mais votos, esses apoios são um desastre. Recebemos apoio do PT justo no momento em que esse partido está sendo revirado pelas entranhas, com seus dirigentes condenados pelo STF por corrupção, no julgamento do MENSALÃO.
E agora, recebemos apoio do PDT, cujo presidente do diretório estadual, Giovanni Queiróz, foi o principal articulador da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Carajás. E nosso adversário no 2º turno, do PSDB, foi um dos principais articuladores da campanha contra a divisão. Detalhe: a população de Belém votou massivamente CONTRA a divisão.
O que querem os coordenadores da campanha de Edmilson? Que o partido seja derrotado eleitoralmente nas urnas e derrotado politicamente perante a vanguarda lutadora?
Aliás, talvez seja essa mesmo a tática do membro do Diretório Estadual do PT que está na coordenação de campanha de Edmilson: destruir a imagem do PSOL como um partido de esquerda, socialista e revolucionário. Um partido que denuncia os ataques aos direitos dos trabalhadores. Um partido que não tolera corrupção em suas fileiras. Um partido que se propõe ser o representante do povo, governando com ele e para ele.
Mauricio Santos Matos
Filiado ao PSOL / Belém