A luta contra o sucateamento da UNAMA cresce
Estudantes realizam dia de protestos e preparam audiência pública
Fonte:
Manu Nery e Eduardo Rodrigues - (DCE UNAMA e Vamos à Luta)


Os ventos de lutas, de rebeldia e de mobilizações da juventude, que percorre as ruas do Chile e de vários países europeus, contra a crise no modelo educacional pago chegam ao Brasil neste segundo semestre de 2012. Depois da heróica luta dos estudantes da PUC Minas no primeiro semestre, que seguem mobilizados contra as caras mensalidades e a precariedade da universidade, agora é a vez dos estudantes da Universidade da Amazônia de Belém do Pará que, cansados de conviver com taxas extra-mensalidade, laboratórios sucateados, filas na xerox, insegurança no campus e até apagões na universidade, deram um basta a essa situação no último dia 07. Na semana anterior, o DCE junto com o Centro Acadêmico de Direito (CADOB), realizou uma poderosa mobilização no campus Senador Lemos contra os mesmos problemas e a omissão da administração da universidade em resolvê-los.

Os estudantes realizaram um dia de protestos e, nos três turnos, fecharam a Avenida Alcindo Cacela e organizaram assembleias para debater as pautas de cada curso. O ato ocorreu paralelamente a uma feira de estágios em que a reitora da UNAMA, Ana Célia Bahia, recebia empresários de construtoras, como a Leal Moreira, e do setor comercial do Pará como o grupo Yamada. Era visível o constrangimento de Ana Célia que no semestre passado, após mobilização do DCE com os centros acadêmicos, havia assinado um documento se comprometendo com a manutenção dos laboratórios de informática, instalação de vestiários no campus e que analisaria a proposta de um restaurante universitário. Passado quase 5 meses do prometido, nada foi feito pela reitoria e a situação da universidade tem piorado a cada dia.


Uma crise que se aprofunda

Há uma crise na UNAMA não é de hoje. Nos últimos anos, os interesses dos diversos grupos mantenedores têm prevalecido sobre as demandas de estudantes e trabalhadores da universidade. Em 2011, por exemplo, a arrecadação da UNAMA foi de R$ 88 milhões. Porém, desse dinheiro, apenas 1% foi investido em pesquisa, 1% em extensão e 1,5% na manutenção do acervo bibliográfico das bibliotecas. Em oposição a isso, os maiores gastos foram com propaganda e com despesas de gabinete da reitoria. No começo do semestre, 20 professores foram demitidos e até a alimentação dos poucos bolsistas existentes foi cortada. Junto a isso se acumula problemas de assistência estudantil, como a não existência de um restaurante universitário, que ajudaria na permanência de boa parte da comunidade acadêmica que tem que enfrentar filas em lanchonetes caras em frente à universidade para poder se alimentar. Além disso, há 18 anos a mensalidade aumenta acima da inflação e leva uma grande taxa de estudantes a abandonar seus cursos. O reajuste desse ano esteve na casa dos 7%. Os números de evasão na UNAMA em 2012 chegam a 30%.


O governo Dilma e os tubarões do ensino são responsáveis pelo caos nas universidades pagas

Sabemos que estes problemas não são uma exclusividade da UNAMA. Este é um cenário comum nas universidades privadas brasileiras. A falta de regulamentação do ensino pago é o grande problema existente com este modelo. Ao tratar a educação como mercadoria, os tubarões do ensino(representados em grupos como Estácio, Anhanguera e cia.) objetivam aumentar seus lucros a qualquer custo, mesmo que tenham que cortar investimentos nas instituições de ensino e precarizando a qualidade. Assim, priorizando a agenda de seus interesses, os grupos econômicos que administram as instituições privadas transformam espaços que deveriam ser universidades em verdadeiros “escolões do terceiro grau”. O grande responsável por essa situação hoje é o governo Dilma (PT), que ao invés de fiscalizar estas instituições, as isenta de impostos via PROUNI, (na maioria das vezes os bolsistas deste programa não tem direito a outras bolsas dentro da universidade e vão para instituições que não garantem o direito a pesquisa e extensão) e permite uma verdadeira farra com os aumentos de mensalidades.


Construir a audiência do dia 13 e unificar a luta nas pagas num dia nacional de mobilização

A luta na UNAMA segue firme e se fortalece na próxima semana. Depois do dia de protestos na universidade, a reitoria aprofunda seu desgaste ao não receber os estudantes. Acuada pela mobilização, a administração da universidade foi convocada pelos estudantes e pelo DCE para uma audiência pública na próxima terça, 13/11. No caso de não comparecer, a resposta dos estudantes parece clara neste grande dia, que será de ir à reitoria procurar Ana Célia para responder a situação de caos que vive a UNAMA.

Nós do DCE UNAMA e dos centros acadêmicos, que fazemos parte do Coletivo Vamos à Luta, acreditamos que é preciso potencializar essa luta nacionalmente. Dirigimos-nos a todos que organizam um movimento estudantil combativo e independente do governo federal e das reitorias nas universidades pagas brasileiras, centralmente aos camaradas que organizam bravamente as lutas na PUC Minas. Os estudantes chilenos deram uma demonstração de que nacionalizando a luta contra o ensino pago foi possível colocar esta pauta num outro patamar e até derrotar politicamente a burocracia estudantil que tenta emperrar a mobilização dos estudantes desse país. Este movimento se deu por fora da superestrutura do movimento, pelas bases e assim está se gestando uma nova direção para o movimento estudantil chileno.

Os estudantes das universidades brasileiras tem a tarefa de derrotar o modelo privatista de educação do governo Dilma que expande sem investimentos via REUNI o ensino público e não regulamenta o ensino privado. Para isso, é preciso unificar nossas pautas que são idênticas e criar espaços e fóruns que fortaleçam nossas mobilizações. Acreditamos que o primeiro desafio é organizar um dia nacional de lutas nas universidades pagas, tendo em vista o aumento das mensalidades que deve ser anunciado no final do ano em várias universidades, e preparando uma forte intervenção da esquerda no Conselho de Entidades de Base (CONEB) da UNE para organizar neste evento um grande fórum das pagas que dê organicidade a um calendário unificado deste setor do movimento estudantil em 2013.

Unificar para vencer reitorias, mantenedoras e o governo Dilma nas pagas!
Data de Publicação: 09/11/2012 16:39:42

Galeria de Fotos: