Unir a luta nas pagas contra a farra das mantenedoras e o descaso de Dilma
Fonte:
Eduardo Rodrigues e Manu Nery (DCE-UNAMA)
Paula Alves - Comunicação Social (PUC-RS)
Jackson Gonçalves - Filosofia (PUC-MG)



O ano de 2012 trouxe o aprofundamento da crise do ensino pago no Brasil. Os aumentos sucessivos no valor das mensalidades acima da inflação, a péssima qualidade das instituições de ensino e a falta de democracia têm sido os ingredientes para fazer explodir mobilizações em importantes universidades. Essas lutas são parte das mobilizações internacionais contra os efeitos da crise econômica mundial, como a greve geral européia e as mobilizações estudantis por todo o planeta. No Chile, por exemplo, a decadente situação provocada pelo ensino pago é questionada por milhares de estudantes e trabalhadores nas ruas, que reivindicam que a educação seja 100% pública, gratuita e de qualidade.

No início do ano, no Brasil, o aumento da mensalidade da PUC Minas levou centenas de estudantes a realizar poderosos protestos. Passando por cima da burocracia do DCE, os estudantes deram o pontapé nas mobilizações de um ano que está sendo diferente nas IES particulares.

Agora, é a vez da PUC-SP realizar uma greve estudantil por democracia real, contra a nomeação antidemocrática de Anna Cintra para reitora. É a primeira vez na história da PUC que se decide unilateralmente sobre a nomeação do reitor e sem que o mesmo seja o mais votado nas eleições. Esta é uma forma autoritária de deliberar sobre os rumos da universidade e de reafirmar que toda a situação de precariedade que vive a PUC-SP, com altas mensalidades e problemas estruturais, também siga sem que seja questionada pela comunidade acadêmica. Os estudantes estão dando uma contundente resposta ocupando a reitoria da universidade e lutando.

Na UNAMA, em Belém do Pará, também vem ocorrendo nas últimas semanas uma série de protestos contra a precariedade dos campi. Houve atos no campus Senador Lemos, dia 18/10, e no campus Alcindo Cacela nas últimas duas semanas. Na terça-feira, 13/11, centenas de estudantes realizaram uma audiência pública dentro da reitoria denunciando o sucateamento dos laboratórios, demissão de professores, cortes nas bolsas e redução de investimentos na universidade mesmo diante do incessante aumento de mensalidades que ocorre há 18 anos acima do índice inflacionário na instituição.

No Rio Grande do Sul, aconteceu nos dias 13 e 14 de novembro um fato histórico e de alta repercussão para o movimento nacional das pagas: a primeira eleição verdadeiramente democrática, em 22 anos, para o DCE da PUC RS, e a derrubada de uma máfia, encabeçado pelo atual presidente da câmara de vereadores de Porto Alegre, Mauro Zacher (PDT), que sequestrou a entidade desde os anos 1990. Este grupo estava enriquecendo e, inclusive, financiando campanhas eleitorais com verbas do DCE, fraudando eleições todos os anos com total conivência da reitoria, perseguindo, oprimindo e agredindo violentamente estudantes. Jamais tocou lutas contra o aumento das mensalidades, contra os preços abusivos e altos custos para o estudante se manter dentro da universidade, e tinha total amparo da reitoria. Foram muitos anos de luta e resistência à máfia do DCE que culminou no Movimento 89 de Junho ano passado. Movimento que enfrentou a máfia e batalhou por uma representação estudantil livre e democrática, resultando em eleições limpas para o DCE em 2012 e teve este sentimento expresso na chapa Quem é Estudante Também Vai Cantar, vitoriosa nas eleições. Derrubar a máfia do DCE da PUCRS é, sobretudo, um exemplo para a juventude do movimento estudantil em nível nacional. Um exemplo de que é possível conquistar democracia nas universidades particulares, através de muita unidade, luta e mobilização coletiva.

Todas essas mobilizações apontam para um único caminho. Os estudantes estão dizendo não à crise das universidades particulares. Somente a mobilização será capaz de derrotar a falta de democracia, o baixo investimento e os aumentos de mensalidades. Os responsáveis por essa situação são as mantenedoras que fazem de tudo para manter seus lucros e o governo Dilma (PT/PMDB/PCdoB) que não tem nenhum tipo de controle sobre o ensino privado.

É importante perceber que as lutas nas pagas explodem após fortes greves estudantis nas instituições federais, o que gerou inclusive uma articulação nacional por meio do comando nacional de greve estudantil. Por outro lado as mobilizações na PUC-SP, a eleição na PUC-RS e as lutas na UNAMA-PA ocorrem quando a luta operária recomeça, como demonstra a rebelião dos operários de Belo Monte; seguindo a trilha da greve geral dos servidores públicos federais, a greve das estatais (correios, bancários) e outras categorias. Movimentos que expressam o enfrentamento aos efeitos da crise econômica em nosso país e que tiveram expressões políticas nas últimas eleições, com o avanço da esquerda, sobretudo o PSOL em cidades como Rio de Janeiro.

Nós, do Vamos à Luta e da juventude da CST-PSOL, acreditamos que é preciso ter uma política nacional para unificar a luta nas particulares. É preciso seguir o exemplo dos estudantes chilenos, expoente da luta estudantil latino-americana, que unificaram as lutas de suas universidades e, com grande apoio dos trabalhadores e povo do chile, vem reunindo milhares nas ruas contra o modelo de educação mercantil do governo Piñera. Os problemas de todas as universidades são idênticos. Há uma única crise e o mesmo inimigo a ser combatido. Convivemos com altas mensalidades, taxas, falta de democracia, alta evasão, pouco investimento em pesquisa e extensão.

Infelizmente, a direção majoritária da UNE (PCdoB/ PT), que deveria impulsionar a luta dos estudantes contra esses ataques silencia aos tubarões do ensino e a irresponsabilidade do governo federal. Fazem isso porque são financiados pelas mantenedoras. 20 anos após o Fora Collor, ao invés de tocar lutas contra a corrupção, estão ao lado de todos os mensaleiros e corruptos do governo do PT. Defendem o governo Dilma que corta 5 bilhões de reais da Educação, enquanto destina 47% do PIB para o pagamento de juros aos banqueiros. São um braço do governo federal no movimento estudantil e, por isso, não unificam nacionalmente as lutas que hoje estão espalhadas nas Universidades particulares.
Acreditamos que as condições objetivas nos mostram que há motivos mais que suficientes para atuarmos conjuntamente. Por isso é preciso aproveitar todos os espaços unitários do movimento estudantil, fóruns, encontros, congressos, para organizar os estudantes das diversas universidades para construir calendários comuns e potencializar nossa luta. É preciso construir um fórum de lutas das universidades particulares que aponte para um dia nacional de mobilização contra o aumento das mensalidades que serão reajustadas entre o fim desse ano e começo de 2013. Reunião que também poderia ocorrer numa das universidades em luta: PUC-SP, PUC-RS, PUC-MG ou UNAMA-PA.

Nesse sentido estamos à disposição de construir essa reunião em conjunto com os lutadores de SP, RS, MG e dos demais estados. Tarefa para a qual a atual gestão do DCE UNAMA foi eleita.

- Pelo atendimento imediato das pautas estudantis! Pelos direito de livre organização sindical e livre manifestação dos trabalhadores das universidades pagas!

- Que os investimentos nas universidades particulares saiam do lucro das mantenedoras!

- Abaixo a política privatista e falta de controle do ensino pago do governo Dilma e a farra das mantenedoras!

- Congelamento das mensalidades! Abertura dos livros de contabilidade das mantenedoras!

- Construir um fórum de luta nas particulares, unificar as lutas numa plenária nacional e num dia de mobilização!

- Unidade das lutas estudantis com as greves operárias e as lutas populares!

Coletivo Vamos à luta
Juventude da CST-PSOL
Data de Publicação: 19/11/2012 15:11:14

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