Após um dia tenso e com muitos debates na ocupação e na cidade toda, a justiça negou o pedido de Reintegração de Posse feito pelo presidente da Câmara de Vereadores Thiago Duarte. A ocupação obteve mais um avanço rumo ao Passe-Livre e a Abertura das Contas das empresas do transporte de Porto Alegre. A juíza ainda determinou uma audiência de conciliação para quarta-feira
O Bloco de Lutas por um Transporte 100% Público, que está há sete meses lutando e que organizou as manifestações que derrotaram o aumento da passagem na capital gaúcha, derrotou mais uma vez os interesses dos empresários e do governo.

A burguesia em desespero

O desespero do presidente da Câmara dos Vereadores Thiago Duarte é a expressão de como a burguesia e seus políticos se comportam em tempos como o que estamos vivendo. Este senhor cancelou o expediente dos vereadores na segunda-feira em uma conversa em uma churrascaria(!), depois chegou a admitir que havia sido incompetente e hoje pela manhã coroou sua confusão política chorando por democracia em uma entrevista na Rádio Gaúcha. A vereadora da base aliada Mônica Leal, chamou os manifestantes de “terroristas”!

Além deles, o prefeito José Fortunati, declarou ontem que é “impossível” conceder o Passe-Livre. Há quatro meses atrás ele também disse que era “impossível” revogar o aumento da passagem. A realidade das lutas pode sim atropelar o seu discurso mais uma vez.

Nosso Passe-Livre deve vir do lucro dos empresários

Após passar o final de semana discutindo um Projeto de Lei de Passe-Livre e outro também propondo a Abertura das Planilhas das Empresas. Além de estudantes e desempregados e idosos, agregou-se corretamente no Projeto os quilombolas e indígenas. Os manifestantes reiteraram sua posição de que o Passe-Livre deve ser implementado diminuindo o lucro dos empresários do transporte. Esta decisão acreditamos que foi importantíssima, porque o que o Governo Dilma, junto aos governadores e prefeitos, tem discutido é isentar de impostos o empresariado.

Debates no interior do Bloco e a vitória dos que acreditaram na força da ocupação
Como não poderia deixar de ser, a ocupação esteve marcada por diversos debates sobre os rumos do movimento. Infelizmente, setores da esquerda, como os companheiros do PSTU e do Juntos(MES-PSOL), não apostaram que a ocupação poderia ir até onde foi, e desde sexta-feira tentavam convencer os manifestantes de que “não era mais possível” manter a ocupação, que deveríamos aceitar a proposta rebaixada dos vereadores. Os companheiros do PSTU, após ter sua posição derrotada, fizeram um balanço público de que a assembleia havia errado ao não votar a desocupação no domingo. Agora, com o triunfo da mobilização, escrevem em nota que houve uma “reviravolta surpreendente”. Temos que dizer claramente, “surpreendente” somente para o PSTU.
Os setores do movimento que, assim como nós da CST-PSOL, acreditaram que era possível que o movimento vencesse e fizesse a burguesia recuar, tiveram uma imensa vitória política. Acreditamos que não podemos explicar nosso triunfo do dia de ontem apenas pela ocupação da Câmara. Existe sim uma nova situação política no país, que se abriu mês passado, e que determina uma correlação de forças ainda mais favorável as vitórias dos que lutam a partir da mobilização direta. Isto explica o que ocorreu ontem e também as possíveis próximas vitórias que teremos.

Fortalecer e apostar na luta! Pelo Passe-Livre! Pela abertura imediata das planilhas das empresas de ônibus!

Corrente Socialista dos Trabalhadores – PSOL