Segue a luta por um PSOL radical após o IV congresso!
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1- Nos últimos meses estivemos envolvidos nos debates do IV congresso do PSOL, um evento que ocorreu logo após as jornadas de junho. Esse processo evidenciou um giro a direita e burocrático do campo Unidade Socialista (US) de Randolfe, Ivan Valente e Janira Rocha, que buscou se manter no controle do aparato partidário por meio de métodos fraudulentos para aplicar uma linha política fisiológica. Por outro lado as tendências que conformaram o Bloco de Esquerda refletiram a nova situação política e batalharam por um PSOL antigovernista, sem nenhum pacto ou acordo com o governo petista, os partidos da base governista e os partidos da velha direita, em defesa de um programa anticapitalista e uma tática eleitoral distante das velhas siglas da ordem e do financiamento privado.

2- O congresso demonstrou que o partido está rachado ao meio, divido em dois projetos políticos e duas metodologias de construção partidária opostas, fato que colocou a realização do congresso em risco por exclusiva responsabilidade da US. Não há duvidas de que a maioria do Partido, da militância que está na luta social, dos parlamentares e figuras publicas coerentes, estão em oposição à política da US. O que abre uma grande perspectiva para seguir lutando por um novo rumo para o Partido.

3- A disputa entre dois projeto ficou evidente nos três principais embates políticos do IV congresso. O primeiro foi a defesa de teses, onde as intervenções das tendências do Bloco de Esquerda demoliram as propostas recuadas da US. O segundo momento foi a intervenção do camarada Gelsimar Gonzaga, prefeito de Itaocara, solicitando uma campanha em defesa do mandato radical que ele exerce na cidade, ameaçado pelos governos burgueses que sempre mantiveram o controle da cidade e que ontem votaram uma CPI contra o prefeito do PSOL por não responder em tempo alguns requerimentos! . A intervenção de Gelsimar foi aplaudida por todo o congresso, mostrando que é possível unificar o PSOL, desde que se atue com uma política de esquerda e combativa. O terceiro momento, o mais simbólico de todos, foi a defesa de previas feita por Marcelo Freixo e Chico Alencar. Uma proposta que possui ampla maioria na base partidária, caso sejam convocadas plenárias de base em todos os estados. Além disso, uma proposta que procurava dar uma saída diante do impasse que vive o partido, se amparando em nosso estatuto, nas resoluções do III congresso e no que já ocorreu no município de SP e nacionalmente em 2009/2010. Mas a US ficou surda aos apelos de democracia, evidenciando seu temor ao debate político democrático e por uma diferença de 15 votos impediram que o congresso votasse as prévias. Sem duvida a unidade entre as teses do Bloco de Esquerda e a tese PSOL NECESSÁRIO deve se manter nos estados nos próximos meses, sobretudo quando votamos juntos uma resolução sobre construção partidária e atuamos unificadamente no Rio de Janeiro.

4- Nos da CST estivemos desde o inicio na construção do Bloco de Esquerda e entendemos que ele deve se manter. Para isso necessitamos debater nossas debilidades e tirar todas as conclusões, para depois realizar uma nova reunião nacional do Bloco e construir plenárias nos estados. Entendemos que a ausência de unidade política no bloco é principal fator que explica a vitória burocrática da US no congresso. A pequena margem da US com relação às demais teses, mesmo com todas as fraudes, demonstra isso categoricamente. O Bloco catalisa a energia militante que explodiu nas jornadas de junho, mas não conseguiu ainda se transformar numa direção alternativa ao partido. Isso é visível tanto no pequeno número de delegados de alguns estados ou no lançamento das chapas separadas rachando o Bloco em vários outros (como RS, MA e RN), quanto na negativa de setores do bloco em assumir a candidatura da Luciana Genro. Esta ultima questão não é secundária, já que hoje é o tema mais debatido pela militância após a deliberação de Randolfe como pré-candidato do PSOL. Luciana Genro agregou a maior parte das tendências do Bloco e conseguiu aglutinar parlamentares, dirigentes e intelectuais para além do Bloco, como Marcelo Freixo e Vladimir Safatle. Foi o contraponto mais evidente na disputa contra a US, como vimos no vitorioso ato do Rio de Janeiro. Nossa visão é que os camaradas da Insurgência e da APS mantiveram uma atitude que beirou o abstencionismo e o sectarismo nesse tema. Uma atitude negativa já que havia condições de construir um acordo programático ao redor de Luciana. Nesses termos ela poderia ter sido nossa alternativa unitária, sobretudo quando outros nomes já não estavam mais colocados. Tanto é assim que não houve qualquer divergência sobre o perfil de campanha e a política de lançamento de nossa pré-candidatura. Mas nós da CST também entendemos que foi errada a atitude dos camaradas do MÊS de buscar, em meio ao inicio da batalha, a possibilidade de um acordo para compor a vice de Randolfe. Nossa impressão é que isso atrapalhou e foi um dos fatores que ajudou a paralisar a realização dos atos estaduais de lançamento da pré-candidatura, já que o único que ocorreu foi o Rio de Janeiro onde estivemos na vanguarda. Foi um movimento equivocado que nos desarmou num momento em que necessitávamos manter a construção de uma alternativa ao nome da US. No entanto, isso não foi um impeditivo para seguir na campanha por Luciana e defender seu nome no IV Congresso. Frente a esta situação é importante uma reunião dos que apoiaram Luciana e do conjunto do bloco de esquerda para discutir os próximos passos coletivamente.

5- Passado o IV congresso devemos manter de pé a luta em defesa do PSOL com perfil antigovernista e antiburocrático. Devemos preparar o partido para intervir nas lutas contra os aumentos de tarifas, nos desastres ambientais, nas campanhas salariais e nas greves da classe trabalhadora, no combate a COPA da FIFA, nas mobilizações da juventude e dos estudantes, na luta dos negros e das favelas, nas mobilizações LGBT’s e feministas. É preciso levantar um programa para utilizar nas ruas e também nas urnas, começando por combater o ajuste fiscal e a LRF, realizar auditoria e suspender o pagamento da divida, pela estatização do sistema financeiro, aumento de salário e redução da jornada de trabalho; revogação das privatizações; por dinheiro pra saúde e educação e não pra Copa da FIFA; pelo fim da repressão aos manifestantes; pelo fim do extermínio ao povo da periferia.

CST-PSOL, 04/12/2013
Data de Publicação: 06/12/2013 17:20:02

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