8 DE MARÇO – DIA INTERNACIONAL DA MULHER.
“Pela defesa intransigente da mulher trabalhadora”
Há mais de 100 anos, em 1910, no II Encontro Internacional de Mulheres Socialistas, foi aprovado o dia 8 de março como o “Dia Internacional da Mulher”, proposto por Clara Zetkin – dirigente do Partido Socialdemocrata Alemão -, em memória às lutas das trabalhadoras do mundo contra a opressão e exploração capitalista. Naquela época as mulheres estavam lutando muito, sobretudo nos EUA e na Europa, participando das greves junto com os homens.
Neste século as mulheres obtiveram muitas conquistas, sempre com muita luta, com destaque para a conquista do direito de voto feminino e a aprovação pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) da Convenção de Igualdade de Remuneração entre trabalho masculino e feminino para função igual, que não é cumprido em grande parte do mundo.
No Brasil as mulheres já são mais da metade da população, porém, somente 65% delas tem emprego e muitas estão sub empregadas, com trabalhos precários, sem proteção trabalhista. Esse tipo de trabalho acaba sendo a única alternativa para as mulheres obterem alguma renda para si e, em muitos casos, para toda sua família, já que elas representam 38% dos chefes de família, segundo o IBGE.
Além disso, as mulheres recebem cerca de 73% do rendimento de trabalho dos homens. Em 2012 o rendimento médio mensal dos homens foi de R$ 1.698 e das mulheres foi de R$ 1.238, e, quase sempre as mulheres cumprem várias jornadas de trabalho: são obrigadas a trabalhar fora de casa, nas funções domésticas e como mãe e cuidadora de idosos e enfermos da família. Com a falta de creches nos bairros e locais de trabalho, as mulheres vivem correndo de lá para cá, tentando dar conta das múltiplas tarefas que lhe são destinadas. Nem 1/3 das creches prometidas por Dilma foram construídas.
Quanto às mulheres idosas, somente 78,6% delas são protegidas pela previdência e suas aposentadorias, como nos salários, são menores que as dos homens. Ou seja, as mulheres trabalham mais, vivem mais e ganham menos durante toda a sua vida.
Dilma governa para os de cima
Não há nada a comemorar com um governo presidido por uma mulher. Dilma, assim como seu antecessor, Lula, tem um projeto político e econômico que está a serviço da classe dominante: banqueiros, latifundiários, empreiteiros, etc., logo, os recursos do país são destinados prioritariamente para pagamento da dívida pública.
Para 2014 Dilma destinou 42% (mais do que 1 trilhão de reais) de todos os recursos do país para o pagamento de juros e principal da dívida pública (interna e externa) aos agiotas financeiros. Como vem acontecendo nos últimos anos, para pagar a dívida, Dilma cortou 44 bilhões de reais do orçamento, vende nossos recursos naturais como o pré-sal, privatiza rodovias, portos, aeroportos, arrocha o salário dos funcionários públicos e das aposentadorias e diminui as verbas para saúde e educação.
Segundo Maria Lucia Fatorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida, do recente corte de 44 bilhões no orçamento federal, 13,5 bilhões de reais serão cortados das “despesas obrigatórias” (como Previdência), e os outros 30,5 bilhões de reais das “despesas discricionárias”, ou seja, daquelas que o governo não tem obrigação de gastar, leia-se “despesas sociais”, entre elas: Cidade, Cultura, Desenvolvimento Agrário, Esporte, Justiça, Meio Ambiente, Energia, Pesca, Direitos Humanos, Igualdade Racial, Mulheres, Trabalho e Transportes.
Na verdade, os cortes nestas áreas atingem diretamente aos trabalhadores, às mulheres e negros e negras, numa total distonia com as reivindicações das jornadas de junho, onde milhares de pessoas nas ruas pediam a queda do preço e mais qualidade dos transportes públicos, saúde e educação padrão FIFA, moradia, etc. Ao invés de atender aos manifestantes Dilma preferiu virar as costas para o povo e criminalizar os movimentos sociais, porém, não antes de ir a Davos para garantir aos poderosos que irá pagar a dívida a qualquer custo e oferecer o Brasil para os mercadores do capitalismo.
O carro chefe da política do governo Dilma no combate contra a violência às mulheres (Lei Maria da Penha) pouco avançou nos seus quase oito anos de existência, não conseguindo diminuir o número de mulheres mortas violentadas com o agravante de 61% das vítimas serem mulheres negras; o índice de estupro no Brasil aumentou 157% nos últimos 4 anos e suas vítimas não são amparadas nos hospitais públicos dos governos do PT. O machismo, estimulado pelo capitalismo para impor uma super exploração às mulheres, segue impune, matando mais do que nunca.
Ao invés de avanços, Dilma permitiu vários retrocessos. Com o argumento da governabilidade, nossos direitos vêm sendo utilizados como moeda de troca no balcão de negócios do Parlamento. Assim, no governo Dilma, surge o PL “Estatuto do Nascituro” onde a mulher estuprada é obrigada a gerar o fruto da violência e conviver com o estuprador, que pagará pensão à criança.
Usando de falsos avanços, como o empoderamento das mulheres, as burguesas tentam nos vender a ideia de que com a chegada de mulheres ao poder, respostas às demandas das mulheres serão oferecidas. Nada mais falso, basta vermos os exemplos de mulheres que chegaram ao poder. Hoje, os cargos mais poderosos do mundo estão nas mãos de mulheres: Cristine Lagarde é a presidente do FMI, Janet Yellen é a presidente do FED (Banco Central dos EUA) e Angela Merkel é a chanceler da Alemanha. No entanto, quando olhamos para a Europa e o mundo, o que vemos é uma grave crise econômica destruindo e empobrecendo trabalhadores nos EUA e em toda a Europa.
Na América Latina não é diferente, temos presidentes: Dilma no Brasil, Cristina Kirchner na Argentina, a Bachelet no Chile, e Katia Abreu como parlamentar em defesa do latifúndio e do agronegócio, e as mulheres urbanas e rurais pobres continuam pobres nos três países. Isto porque elas estão a serviço da burguesia e os problemas das mulheres trabalhadoras só serão atendidos com governantes a serviço dos trabalhadores.
Mulheres que nos representam
Nesse 8 de Março queremos homenagear as mulheres que vem lutando cotidianamente nas ruas, nas greves, nas ocupações de prédios e latifúndios.
Dirigimos nossos olhares para as mulheres revolucionárias do norte da África, das trabalhadoras da Europa e EUA, que resistem para não pagar pela grave crise econômica que a burguesia fabricou. Às mulheres da China, onde 150 mil cometeram suicídio e 1,5 milhão tentaram tirar a vida por pressão acadêmica e trabalhista e por opressão do Estado. Às mulheres da Índia que reagem ao horror do estupro individual e coletivo.
Em especial, dedicamos nossas homenagens às trabalhadoras urbanas e rurais, indígenas e jovens mulheres da América Latina, que também resistem aos ajustes econômicos capitalistas de seus governantes, tanto no Brasil como na Venezuela, Bolívia, Argentina, etc.
Nas jornadas de junho 57% dos manifestantes eram mulheres, estudantes, trabalhadoras da educação e da área de saúde, funcionárias públicas, bancárias, garis, operárias e outras tantas. Dedicamos nossas homenagens a essas mulheres que lutam todo dia, toda hora e em todos os lugares por melhores condições de vida, trabalho, salário e direitos como mulheres da classe trabalhadora.
Somente com a derrubada do capitalismo e a chegada ao socialismo poderemos vislumbrar uma possiblidade do fim das opressões, tanto da mulher como dos negros e outros oprimidos, junto com o fim da exploração de toda a classe trabalhadora.
VIVA A LUTA DAS MULHERES TRABALHADORAS!
Corrente Socialista dos Trabalhadores/PSOL