Lucas Barbosa, Militante da CST-PSOL/DF
A região do entorno do Distrito Federal é carente de todo tipo de infra-estrutura, e todos os dias milhares de trabalhadores se deslocam à região central de Brasília em ônibus cheios e velhos que sempre quebram ao longo do engarrafamento que se forma todos os dias tanto na ida quanto na volta.
Desde o começo do ano os protestos por melhoria no transporte na região do Entorno de Brasília vem se intensificando, com fechamento da BR e queima dos ônibus. Hoje (17 de março de 2014) o protesto começou em Santa Maria–DF que é cidade-satélite que fica na fronteira limite do Distrito Federal e Goiás. Santa Maria é também o limite da periferia do Distrito Federal. É comum os ônibus sempre passarem lotados e não pararem. Desta vez quanto mais os ônibus passavam lotados sem parar, as parada e pontos de ônibus se lotavam de trabalhadores que apenas queriam ir trabalhar. Os moradores, jovens e trabalhadores se revoltaram e fecharam a BR 040, várias pessoas abandonaram os ônibus e se incorporaram no protesto, fazendo barricadas, fechando vias. Cantando palavras de ordem e queimando os ônibus velhos. O transporte público do Entorno do Distrito Federal é um dos mais precarizados do país. A BR 040 é a principal via de ligação do Entorno Sul do Distrito Federal com Brasília-Capital e com o engarrafamento gigantesco novos protestos espontâneos surgiram em diferentes partes do Entorno Sul como nos municípios de Valparaíso, Ocidental ,e Luziânia.
O protesto foi totalmente espontâneo e sem direção, porém muito radicalizado, primeiro queriam apenas que os ônibus parassem para que pudessem ir trabalhar, depois os trabalhadores quebraram e incendiaram vários ônibus e cantavam palavras de ordem contra o Governo Agnelo (PT/PMDB) e reivindicando melhorias no Transporte. Chegaram a escrever com tijolos do terminal que está sendo construído: FORA AGNELO!. Esse processo reflete a situação geral do país, ocasionada pela aplicação da política de ajuste fiscal e de privatizações de Dilma e dos Governadores, cujas contradições fizeram o movimento de massas explodir nas ruas durante as jornadas de junho de 2013.
A tropa de choque chegou uma hora depois, sem nenhum tipo de conversa ou tentativa de negociação foi logo jogando bomba de efeito moral e gás lacrimogêneo em cima da população que a única reação era fugir e gritar “eu quero ir trabalhar”, depois de liberar o trecho da BR 040 em frente à Santa Maria, a tropa de Choque começou prender aleatoriamente as pessoas que estavam por perto, pessoas que nem estavam nos protestos, que estavam nas paradas, pessoas que tinham descidos dos ônibus parados, pessoas estavam saindo de um supermercado que fica em frente ao terminal rodoviário em construção, simplesmente para encher o ônibus da tropa de choque qualquer um era preso com muita truculência e desrespeito. Com agressões físicas e morais com racismo, machismo e homofobia, dentro do ônibus da PM os truculentos soldados pisaram nas pessoas presas (nenhum deles brancos) alem de xingar e desrespeitar a população. Uma repressão que se enquadra na linha repressiva do governo Dilma que criminaliza os manifestantes, visando conter as mobilizações na véspera da Copa da FIFA e no ano das eleições presidenciais.
Na delegacia assinamos o termo circunstanciado e fomos liberados sem saber qual era o crime que estávamos sendo acusados e nem recebemos uma cópia do termo circunstanciado. O primeiro grupo de presos tinham 30m pessoas, sendo 8 menores, uma mulher e 21 homens segundo os policiais “indivíduos padrão” e com “aparência suspeita”, ou seja, nenhum branco. Depois que todos fomos “liberados” continuou chegando outros manifestantes, estes presos no Céu Azul (Bairro de Valparaízo), foi quando soubemos que os protestos continuavam, na verdade os protestos foram interrompidos por uma chuva torrencial com granizo.
A luta tem que seguir! É preciso tomar as ruas como nas jornadas de junho, construir mobilizações como a do MTST em SP e fazer greves como a dos Garis do RJ, para conquistar transporte publico de qualidade, sem superlotação, derrotando o lucro dos empresários do setor e os governantes corruptos que são financiados pela máfia das empresas de ônibus. É necessário unificar a luta popular com as campanhas salariais dos trabalhadores e a luta dos rodoviários para garantir nossas vitorias.
- FORA Agnelo! Abaixo o governo Autoritário e Corrupto! Fim da criminalização dos protestos populares. Basta de presos políticos! Desmilitarização da PM já! Fim da tropa de Choque!
- Queremos melhorias urgentes no transporte público tanto no DF quanto no Entorno! Estatização das empresas de ônibus com tarifa zero pra toda população! Que o serviço seja administrado pelos trabalhadores e usuários, atendendo as necessidades populares! Pelo aumento da frota e do número de linhas que atendem as áreas periféricas!
- Pelo Fim dos processos contra o povo, trabalhadores e manifestantes que exigem qualidade de vida!
- Todo apoio as paralisações dos Rodoviários do Entorno.