Dois caminhos para o Bloco de Lutas
Fonte: Vamos à Luta, Rio Grande do Sul
Queremos com este texto abrir um debate fraterno com os companheiros que assim como nós do Coletivo Vamos à Luta participam do Bloco de Lutas e que acompanham suas políticas e suas ações. Devemos primeiro partir do patamar que desde as Jornadas de Junho do ano passado o país entrou em uma nova situação: de ofensiva da luta da juventude e da classe trabalhadora!

Antes mesmo de junho, tivemos aqui em Porto Alegre as lutas de abril contra o aumento da passagem que, colocando dez mil pessoas nas ruas, conseguiu revogar o aumento contra todas as tentativas de criminalização por parte do governo Fortunati e Tarso e da mídia. Este feito colocou na ordem do dia uma premissa fundamental: que apenas a mobilização e as massas nas ruas conseguem impor derrotas para os de cima e garantir conquistas para os de baixo.

Foi esta premissa que levou milhões de pessoas as ruas em Junho e que também permeou todas as lutas de nossa classe até agora, como o exemplo mais recente da espetacular vitória dos garis do Rio de Janeiro, que em pleno carnaval desafiou as ameaças da prefeitura e garantiu, com a força unicamente da mobilização, uma vitória econômica importantíssima e uma vitória política categórica contra os representantes da burguesia.


O Bloco precisa voltar a apostar na mobilização de massas

Esta é a estratégia que defendemos: a da mobilização de massas como única forma de impor conquistas e mudanças profundas. Infelizmente um setor do bloco (FAG, Frente Autônoma e Utopia e Luta) abdica desta estratégia no momento em que, numa situação potencialmente de mobilização com mais um aumento abusivo das passagens, canaliza toda a sua ação para a construção de um projeto de lei sobre o transporte 100% público e para um pequeno acampamento em frente à prefeitura, ao invés de apostar na agitação nos locais de trabalho e de estudo para a construção de marchas massivas para que mais uma vez se revogue o aumento da passagem.Achamos equivocadas as táticas que estão sendo adotadas pela maioria do Bloco, por que:

1. Nenhum Projeto de Lei radical passará pelo parlamento burguês sem o povo na rua para que se imponha isso. Nós não temos nenhuma confiança nas instituições que representam os interesses dos patrões, a única forma de expropriar a máfia do transporte é com greves e mobilizações multitudinárias.

2. Para isso não se pode substituir o movimento de massas. Se em abril não foi uma liminar que garantiu a revogação do aumento, tampouco foi somente o Bloco de Lutas, mas sim, como já falamos, os 10 mil que foram às ruas de forma combativa no qual o Bloco naquele momento conseguiu canalizar a indignação do povo e catalisar a luta colocando mais gente nas ruas contra o aumento. A construção de um pequeno acampamento vai à contramão disso, pois como se viu o Bloco chegou até a cancelar uma marcha pelas ruas da cidade para garantir a manutenção do acampamento.Somos categóricos em relação a isso: não será um acampamento do Bloco de Lutas que revogará o novo aumento, mas sim as marchas como as de abril e junho de 2013. Para isso, é necessário ser obcecado por ampliar a luta para além dos ativistas do próprio bloco.

3. Para ampliar esta luta temos que dialogar com a indignação e as necessidades imediatas da população. As pessoas estão furiosas com este novo aumento e não temos o direito de dizer a elas que isso é secundário ou mesmo sem importância frente a um transporte 100% público: elas estão dispostas a ir para as ruas contra o aumento. Em primeiro lugar temos que chamar atos contra o aumento, centralmente, para que quando se massifiquem as marchas e se revogue a passagem o povo saiba por ele mesmo que é a luta nas ruas que pode conseguir o transporte 100% público.


Os secundaristas apontaram o caminho

Um exemplo da estratégia da mobilização e da vinculação com a indignação das massas vem do movimento secundarista, através do Grêmio do Julinho. Que na semana passada mobilizou um importante ato com mais de 300 estudantes da escola e que nesta quarta-feira mobilizará outro, conjuntamente com o Grêmio do IE. É este o caminho, em nossa opinião, para derrotar o novo aumento: a construção incessante de atos e marchas contra o aumento das passagens!
Consideramos errônea a posição do coletivo Juntos que vota nas entidades na qual participa contra a construção destes atos, como foi o exemplo no Grêmio do Julinho, no qual o coletivo votou contra o próximo ato de quarta-feira alegando que não há espaço para mobilização.

As greves mostram que junho não terminou

Os garis do Rio de Janeiro e do ABC paulista, os Rodoviários de Porto Alegre, os operários da Comperj, dentre tantos outros setores da classe trabalhadora mostram que junho ainda não terminou. Precisamos lutar com todas as nossas forças para construir novas mobilizações massivas para impor mudanças profundas em nossa sociedade. Isto está colocado na ordem do dia: outros junhos virão e serão implacáveis contra os governos que impõe diariamente ataques contra nossas condições de vida!

Por fim, queremos ressaltar que hoje se confrontam dois caminhos a seguir pelo Bloco e pelas entidades que lutam e mobilizam contra o aumento. O caminho de massificar a luta, apostando na mobilização de massas para derrotar o aumento, ou o caminho de canalizar a indignação expressa pela população trabalhadora contra o aumento para um abaixo-assinado que visa aprovar um projeto-lei no parlamento, que sabemos que não aprova nada que beneficia os trabalhadores e a juventude sem que tenhamos mobilizações de massas nas ruas. Nós do Coletivo Vamos à Luta apostamos no primeiro caminho.

Mobilizar como os garis e a passagem vai cair!
Não vai ter Copa! Nem aumento!
Data de Publicação: 15/04/2014 12:24:11

Galeria de Fotos: